Essa incursão foi preparada durante as últimas três semanas e deve ser motivo de muita discussão dentor das forças armadas de Israel, pois é uma ação de extrema dificuldade, afirma Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra e pesquisador sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
Israel decretou guerra contra o grupo Hamas logo após o ataque terrorista contra o território israelense, em 7 de outubro, quando 1.400 israelenses foram mortos, e cerca de 200, sequestrados. No entanto, nas primeiras semanas de guerra, Israel optou por bombardeios aéreos. Só na semana passada que os israelenses começaram a entrar no território palesinto, que é uma região densamente povoada.
Em uma guerra em um cenário urbano, diz ele, a posição de quem defende o território é vantajosa, porque esse lado é o que conhece as edificações, controla os túneis e pode atacar de surpresa.
Segundo Carmona, entre os estrategistas militares se diz que nessa situação há uma razão de um soldado que defende o território contra sete que atacam –ou seja, nesse caso, seriam necessários sete israelenses para neutralizar cada membro do Hamas na cidade de Gaza.
Ele afirma que Israel tem um dilema: se o país atacar com uma força excessiva, vai perder a legitimidade da guerra na opinião pública internacional.
Porém um avanço lento implica permanecer muito tempo no território do Hamas, o que torna os israelenses vulneráveis.
“O cenário mais provável dessa nova etapa da guerra é de uma progressão lenta e de um confronto prolongado, e ainda assim os israelenses estarão sujeitos a emboscadas”, diz Carmona.
Além de uma movimentação em um terreno onde o Hamas tem vantagem, os israelenses ainda têm que evitar colocar a vida dos reféns em risco.
Apesar de Israel ter dito que libertou uma refém nesta segunda-feira (30), tentar reaver os israelenses sequestrados dessa forma é quase impossível, ele diz –isso porque os 200 reféns devem estar separados e em locais de difícil acesso.
“Esse é o grande ativo do Hamas, e dificilmente eles abrirão mão Vai ser inevitável negociar com o Hamas para libertar esses reféns”, diz Carmona.
Um dos objetivos declarados de Netanyahu nessa guerra é destruir o Hamas. Carmona afirma que os israelenses até podem minar a estrutura e a presença física desse grupo terrorista, mas que pela via militar ainda haverá muitos palestinos que adotarão táticas semelhantes às do Hamas contra Israel.
"Apesar dessa assimetria de forças, a solução para esse embate não vai se dar pela via militar", afirma Carmona.
E, além disso, Israel ainda enfrenta o risco de perder simpatia entre a opinião pública internacional, caso a reação aos ataques terroristas de 7 de outubro sejam desproporcionais.
Mapa Cidade de Gaza — Foto: Kayan Albertin
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