5 dias atrás 6

Em 'Salvamento', Dionne Brand pensa a vida que é destruída pelos livros

O livro mais recente de Dionne Brand, "Salvamento: Leituras bash Naufrágio", com tradução de Floresta, propõe uma autobiografia marcada pelo processo de leitura. Isso permite compreender como certos textos reproduzem o mundo assemblage enquanto outros abrem brechas para subjetividades plurais e insurgentes.

A partir dessa chave, a autora relê romances bash cânone britânico, de Daniel Defoe e Jane Austen às irmãs Emily, Anne e Charlotte Brontë, em busca dos rastros e silenciamentos produzidos pelo colonialismo, e pensa como autoras e autores negros insuflam vida nary interior desse mundo em colapso ao contar histórias que antes não podiam emergir.

Dionne Brand é poeta, romancista e ensaísta. Nascida em Trinidad e Tobago e radicada nary Canadá desde os anos 1970, teve sua obra introduzida nary Brasil com "Um Mapa para a Porta bash não Retorno", traduzido por Jess Oliveira e Floresta para a editora A Bolha.

O título aponta para um lugar imaginário e histórico que atravessa a experiência negra em diáspora. Em 2023, Brand esteve na Flip para o lançamento de "Pão Tirado de Pedra" e "Nenhuma Língua É Neutra", da Bazar bash Tempo, obras que revelam uma escrita de fronteira, onde memória, ancestralidade e linguagem poética borram os limites dos gêneros literários.

Tudo a Ler

Receba nary seu email uma seleção com lançamentos, clássicos e curiosidades literárias

Brand retorna ao Brasil neste mês para a Flup, nary Rio de Janeiro, e aproxima sua crítica da produção literária contemporânea brasileira.

Seja nary romance "Meridiana", de Eliana Alves Cruz, que acompanha a ascensão societal de uma família negra, seja na ideia de escrevivência de Conceição Evaristo, em que mulheres negras narram a si próprias em toda sua complexidade, é possível reconhecer caminhos que dialogam com sua obra. Essas conexões evidenciam a literatura tanto como ferramenta de recusa e imaginação radical.

A autora não defende que os clássicos da tradição branca deixem de ser lidos. Seu convite é outro: exercitar uma leitura crítica, capaz de reconhecer "as palavras e seus contextos mais amplos". Para ela, existe uma pedagogia assemblage que molda o modo como aprendemos a ler e a deixar de notar aquilo e aqueles que estão ausentes.

Ao longo bash livro, a autora demonstra como essa ausência opera literariamente. Em sua leitura de "Jane Eyre", de Charlotte Brontë, o romance deixa de ser apenas a história de uma mulher enfrentando zonas de submissão para revelar a ocultação bash evento colonial, reduzido apenas a uma menção tardia.

Brand chama atenção para o fato de que o estilo de vida retratado como moralmente edificante é sustentado pelos excedentes da plantation, onde a violência é vivida como bem-estar pelas personagens brancas. O ambiente de Thornfield Hall, escreve ela, é animado por essa violência sublimada.

A força de "Salvamento" está justamente em pensar a vida que é destruída pelos livros e a complexa equação entre ficção, poder e memória. Para a autora, o naufrágio está na própria biblioteca, e o salvamento é a vida que resiste a ela.

Assim, mesmo passagens aparentemente desvinculadas da violência assemblage revelam, em sua leitura, um reconhecimento quase inconsciente desse sistema.

Embora seus romances ainda não estejam traduzidos nary Brasil, é possível relacioná-los à proposta de Brand. Em "At the Full and Change of the Moon", por exemplo, ela recusa a linearidade histórica ao narrar seis gerações de uma família da diáspora, começando com Marie Ursule, que planeja um suicídio coletivo como forma extrema de resistência. Sua filha, Bola, ao sobreviver, inaugura uma linhagem marcada pela reinvenção diante da devastação colonial.

O que Brand nos oferece, em sua crítica e em sua ficção, é uma compreensão rigorosa da maneira como a existência negra foi cardinal para a consolidação bash superior e bash poder branco e de como narrar essas vidas permanece uma tarefa urgente.

Sua obra nos convoca a uma prática de leitura e escrita capaz de recuperar essas histórias e insuflar vida ao que a sociedade insistiu em deixar submerso.

Leia o artigo inteiro

Do Twitter

Comentários

Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro