O grupo não encontrou sinais de crime e concluiu que causas naturais ou maus cuidados médicos levaram à morte de cada um dos bebês, segundo o neonatologista Shoo Lee, do Canadá.
Letby, de 35 anos, cumpre várias penas de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional após ser condenada por assassinato e tentativa de assassinato. Ela trabalhou como enfermeira neonatal em um hospital da Inglaterra entre junho de 2015 e junho de 2016.
O advogado de defesa de Letby, Mark McDonald, disse que agora há "evidências esmagadoras" de que a enfermeira foi condenada injustamente e está "presa pelo resto da vida por um crime que nunca aconteceu."
Letby foi derrotada em duas tentativas de apelar de sua condenação, mas a equipe jurídica da enfermeira pediu à Criminal Case Review Commission que examinassem o caso, o que poderia levar a uma nova tentativa de apelação.
O Crown Prosecution Service não comentou as conclusões do novo painel médico. Os promotores haviam dito anteriormente que dois júris haviam condenado Letby e três juízes de apelação haviam rejeitado seus argumentos de que as evidências dos especialistas da acusação eram falhas.
A Criminal Case Review Commission é um órgão independente que revisa casos de condenações injustas no Reino Unido. Já o Crown Prosecution Service é responsável por processar acusações criminais e representar o governo britânico nos tribunais.
Ao longo do julgamento, Letby negou as acusações e disse que a culpa da morte havia sido das condições de higiene do hospital. Porém, a polícia diz ter encontrado em sua casa uma carta na qual ela admite os crimes e diz ter matado de propósito as crianças.
Lucy Letby se tornou a maior assassina em série de bebês do Reino Unido nos tempos modernos — Foto: SWNS via BBC
O grupo de 14 especialistas internacionais em neonatologia e pediatria revisou os registros médicos de 17 bebês que Letby foi acusada de prejudicar. Os profissionais encontraram níveis inadequados de pessoal no hospital e vários outros problemas graves.
Os especialistas identificaram que os profissionais médicos não tinham habilidades adequadas em ressuscitação e inserção de tubos respiratórios, não compreendiam alguns procedimentos básicos, diagnosticavam doenças incorretamente e agiam lentamente no tratamento de bebês gravemente doentes.
Esta foi a segunda coletiva de imprensa realizada para contestar as conclusões do Dr. Dewi Evans, que foi a principal testemunha especialista da acusação.
Em uma coletiva de imprensa anterior, McDonald disse que Evans era uma testemunha pouco confiável, pois mudou sua conclusão sobre como três dos bebês morreram.
Evans respondeu na época que as preocupações sobre suas evidências eram "não fundamentadas, infundadas e imprecisas."
Os promotores disseram que Letby deixou poucas evidências quando matou bebês e, em alguns casos, injetou ar nas correntes sanguíneas ou estômagos deles, causando uma embolia.
Mas Lee, que escreveu um artigo acadêmico em 1989 sobre embolia, disse que Evans interpretou mal suas conclusões.
Evans diagnosticou os bebês com embolia de ar na ausência de outra causa de morte, disse Lee. Mas o médico afirmou que embolia é muito rara, e a descoloração da pele descrita no julgamento não era compatível com o que se observa em casos do tipo.
No caso de um bebê que Letby foi acusada de superalimentar, o painel concluiu que a criança ficou doente devido a uma infecção viral e se recuperou uma semana depois receber antibióticos.
Uma investigação pública separada sobre falhas no hospital deve ser concluída no próximo mês. Essa investigação não está examinando as evidências usadas para condenar Letby, mas visa responsabilizar a equipe e a administração da instituição.
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