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Extensão rural completa 70 anos no RS e mira fortalecer sucessão no campo

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Mais de 200 mil famílias de agricultores e pecuaristas familiares, comunidades indígenas e quilombolas, pescadores e assentados recebem, atualmente, o apoio e a orientação da Emater/RS-Ascar. A entidade de extensão rural completa nesta segunda-feira (2) seu 70º aniversário, com uma série de atividades de integração em suas unidades, espalhadas pelos 497 municípios gaúchos. E, além de festejar o passado, olha para o futuro, com as novas peculiaridades e desafios para fortalecer a sucessão familiar no meio rural.

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Mais de 200 mil famílias de agricultores e pecuaristas familiares, comunidades indígenas e quilombolas, pescadores e assentados recebem, atualmente, o apoio e a orientação da Emater/RS-Ascar. A entidade de extensão rural completa nesta segunda-feira (2) seu 70º aniversário, com uma série de atividades de integração em suas unidades, espalhadas pelos 497 municípios gaúchos. E, além de festejar o passado, olha para o futuro, com as novas peculiaridades e desafios para fortalecer a sucessão familiar no meio rural.

O desafio não é pequeno, considerando a amplitude da abrangência e o corpo técnico de 1,7 mil servidores, em um Estado onde o agronegócio é base da economia e representa cerca de 40% do PIB. Além do suporte na terra, com orientações de manejo de solo, na alimentação do gado e na condução de cultivos, os extensionistas têm papel importante na área social das comunidades rurais, atuando como interface junto aos gestores públicos para a formulação de políticas capazes de potencializar a qualidade de vida no campo e renovar o interesse dos jovens em permanecer nas propriedades.

Essa essência vem desde a origem da Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural (Ascar), em 1955, e ganhou força com o surgimento e a formação de convênio com a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), em 1977.

Um de nossos mais importantes legados é o fomento à sucessão nas propriedades, já nos primeiros anos de atuação, qualificando jovens, formando lideranças comunitárias e enfrentando o êxodo rural com boas práticas agrícolas e técnicas de manejo e produção. Assim, eles percebiam que poderiam permanecer no campo, com renda e oportunidades”, conta o agrônomo Luciano Schwerz, que comanda a Emater/RS-Ascar desde setembro do ano passado.

Ele ressalta, ainda, outro momento importante na trajetória da organização, que fez crescer a agricultura, com fertilização, utilização adequada de calcáreo e sementes de melhor qualidade. Foi o chamado Projetão – Plano Estadual de Extensão Rural –, implementado entre 1981 e meados de 1985, com o objetivo de aumentar o volume da produção e os índices de produtividade da agricultura gaúcha, por meio da transferência de tecnologia agropecuária e gerencial. À época, os cerca de 300 profissionais da empresa passaram a morar e atuar em distritos ou comunidades dos 51 municípios onde a iniciativa foi implementada. Assim, com maior integração entre técnicos e produtores, aumentaram a produção e o beneficiamento de alimentos no RS.

Assistência social rural é um dos braços da atuação dos extensionistas para fortalecer a qualidade da vida no campo | EMATER/ARQUIVO/DIVULGAÇÃO/JC

Assistência social rural é um dos braços da atuação dos extensionistas para fortalecer a qualidade da vida no campo EMATER/ARQUIVO/DIVULGAÇÃO/JC

Com um protocolo concebido a partir do sistema americano, concentrado no tripé ensino, pesquisa e extensão rural, a Emater/RS-Ascar procurou adaptar suas ações aos desafios da agricultura brasileira e gaúcha na metade do século passado. E não deixou de lado a abordagem social, buscando proporcionar condições sanitárias e a própria organização das propriedades. Nessa caminhada, a integração de seus agentes – eram apenas 28 na fundação da Ascar, com 15 mulheres da área de bem-estar e 13 homens da área agronômica, distribuídos em oito municípios – com as comunidades só aumentou.

Nosso olhar é para o cuidado com a saúde, a organização e gestão da propriedade, a sustentabilidade, o aproveitamento dos alimentos, o uso de plantas medicinais. Mas, para isso, precisamos nos integrar com esses grupos que atendemos, ganhar a confiança deles e sermos acolhidos. Assim, temos auxiliado diferentes gerações a seguir com a vida no campo, a valorizar a história das famílias e a encontrar novos caminhos, com diversificação”, diz a extensionista social rural Nadir Feijó.

Com quase 25 anos na função, ela viu famílias serem formadas, crianças crescerem e hoje se tornarem adultos bem-sucedidos no campo, liderando agroindústrias, gerando emprego e desenvolvimento econômico e social.

“Mas essa é uma questão que atualmente preocupa. Temo visto muitos jovens abandonando as propriedades, e os idosos ficando. Não são poucas as dificuldades financeiras nas famílias de pequenos produtores rurais. Procuramos encontrar caminhos para amenizar a situação. Mas também levamos esses relatos aos gestores dos municípios onde atuamos, para que eles também possam crias políticas públicas com olhar para o pequeno produtor”, completa Nadir.

Políticas públicas para o campo tentam reverter crescimento do êxodo rural

Se foi preciso desenvolver e implantar ações de orientação e suporte para fixar os jovens no campo há 70 anos, a situação volta a bater à porta. E a Emater/RS Ascar mobiliza suas estruturas para se alinhar a essas novas necessidades, com tecnologia, informação e comunicação com os agricultores.

Conforme o último censo populacional, o País perdeu cerca de 4,3 milhões de habitantes nas áreas rurais entre 2010 e 2022, e apenas 12,6% dos brasileiros vivem no campo. No RS, a população rural diminuiu 14,7% no período. O levantamento apontou 1.359.872 pessoas no meio rural, representando 12,49% da população do Estado. Em 2010, essa proporção era de 14,9%.

Mudanças climáticas, a modernização da agricultura, falta de perspectivas e dificuldade de acesso a serviços públicos de qualidade são alguns dos fatores que têm pesado para o êxodo crescente. E é nessa hora que cresce a importância da extensão rural.

Assim, desde 2023, a organização vem conversando com as equipes, com as prefeituras, os conselhos municipais de agricultura e entidades relacionadas para que todos possam entender esses gargalos e fornecer elementos para que os governos possam pensar e disponibilizar estratégias de enfrentamento. Entre elas estão os programas de incentivo à ampliação das áreas agrícolas irrigadas e as práticas do Plano ABC + RS.

Algumas das metas são, até 2030, expandir 4,6 milhões de hectares com práticas de agricultura de baixa emissão de carbono, recuperar 1,43 milhão de hectares de pastagens degradadas, ampliar 322 mil hectares de florestas plantadas e aumentar 216 mil hectares de áreas irrigadas. E a Emater/RS-Ascar desempenha um papel fundamental na execução do plano, promovendo capacitações, elaborando materiais educativos para os produtores rurais e estabelecendo Unidades de Referência Tecnológica (URTs).

Serão cerca de 15 mil URTs pelo Estado, com a missão de propagar modelos eficientes de gestão das pequenas e médias propriedades agropecuária, diz o presidente da instituição conveniada, Luciano Schwerz. Para isso, está em vias de entrar em ação o Programa Terra Forte, lançado em maio pelo governo do Estado. Com um investimento de R$ 903 milhões oriundos do Fundo de Reconstrução do Rio Grande do Sul (Funrigs), o programa visa fortalecer a agricultura familiar no RS, especialmente em resposta aos desafios impostos por eventos climáticos extremos.

“Com recursos do Funrigs e suporte técnico, vamos prestar orientação para que o produtor possa evoluir. A iniciativa permite registrar, sistematizar e multiplicar boas práticas. As famílias serão selecionadas, bem como um diagnóstico das propriedades, para a definição de um plano de ação, com acompanhamento de dois anos. Esperamos que se torne um programa perene, de Estado, e não de governo. Porque será sustentável”, justifica.

Com essas e outras ações, a Emater/RS-Ascar quer aumentar a renda e a qualidade dos produtos oriundos das pequenas propriedades rurais.

O objetivo é fortalecer os sistemas agroalimentares e garantir o abastecimento, a partir de uma série de focos estratégicos, como a produção de grãos, horti e fruti, manejo de solo, bovinocultura leiteira, pecuária familiar, agroindústrias, turismo rural, conforme as peculiaridades e os públicos de cada região”, explica o diretor técnico Claudinei Baldissera.

E a entidade, que em 2024 apoiou 206,6 mil famílias rurais, de diferentes perfis, reforça agora a atenção sobre os jovens e sobre as mulheres, que têm papel fundamental na atividade dos estabelecimentos. É mais um movimento levando a mão da extensão rural a um alcance não apenas ao campo, mas a toda a população.

É difícil mensurar o tamanho do benefício que o trabalho da extensão proporciona à população do Estado e do País. Mas esse público é o motivo mais forte para robustecer a extensão rural. Penso que esse patrimônio é hoje ainda mais importante do que na década de 1950. Para o RS, para o País e para o mundo”, conclui.

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