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Flávio absorve capital digital de Bolsonaro no WhatsApp

Há três semanas, na coluna Encaminhado com Frequência, mostramos que a direita chegava a 2026 sem sucessor definido porque continuava estruturalmente dependente da decisão de Jair Bolsonaro. A partir do monitoramento de mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp da Palver, utilizamos modelos de Inteligência Artificial para ir além da simples contagem de menções. Cada mensagem foi lida por um modelo de linguagem treinado para identificar apoio explícito de usuários de direita a possíveis presidenciáveis, classificando objetivamente a preferência expressa em cada interação.

Naquele momento, a disputa ainda se concentrava quase inteiramente no nome do ex-presidente, e nenhum outro candidato chegava perto, nem de dentro nem de fora da família. Desde então, o impasse foi rompido. Na semana passada, Jair fez o movimento que todos da classe política aguardavam ao apontar Flávio Bolsonaro como seu sucessor na disputa presidencial, transformando a sucessão em um teste real de transferência de capital eleitoral dentro da base bolsonarista.

Esse movimento provocou reação imediata na elite política e no mercado financeiro. No mesmo dia do anúncio, a Bolsa despencou, o dólar subiu e a Faria Lima reagiu como se a direita tivesse optado pelo caminho de maior risco.

Ao mesmo tempo, circularam teses de que a indicação funcionaria mais como um balão de ensaio do que como uma decisão definitiva, uma forma de testar a reação da sociedade, do mercado e da própria base, sem fechar, ainda, a porta para uma alternativa fora da família. Além disso, o movimento concede a Flávio a legitimidade de falar por Bolsonaro, costurar acordos políticos e tomar decisões sobre as alianças, reduzindo a possibilidade de um embate dentro do bolsonarismo, como o que aconteceu com Michelle Bolsonaro na semana passada.

Com dados inéditos, reproduzimos agora a mesma análise feita há três semanas, ampliando o recorte para incluir outros nomes da direita, justamente para testar se o movimento se concretizou como uma transferência de capital político no ambiente digital. O resultado não deixa dúvidas.

Pela primeira vez desde o início do monitoramento, Jair Bolsonaro deixa de ser percebido como o candidato de 2026, sendo superado por Flávio, que ultrapassa a marca dos 50% de apoio explícito entre os usuários de direita nos grupos analisados. Mesmo com a indicação explícita do pai, ainda há um grupo resiliente, de mais ou menos 30%, que prefere o nome do ex-presidente para a disputa, a despeito da situação jurídica.

Após o anúncio, é possível notar um achatamento imediato do apoio à candidatura de outros nomes da direita, o que confirma a tese central que vínhamos sustentando: Bolsonaro não apenas mantinha o capital digital da direita, como também demonstrou capacidade efetiva de transferência.

Ainda há tempo para recuos até o período de desincompatibilização, mas, à medida que a base se solidifica em torno de Flávio, mudanças de rota passam a ter um custo político crescente. Declarações como a de que o senador admitiu a possibilidade de desistir da candidatura podem ter como plano de fundo a estratégia de pautar a imprensa como o que aconteceu ontem, em que seu nome foi manchete em todos os veículos.

A partir de agora, o principal termômetro será a reação das pesquisas e, sobretudo, a real capacidade de construção política de Flávio, variável que deve pesar diretamente na definição do cenário que chegará às urnas.

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