Um incêndio na Blue Zone, uma das principais estruturas da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), em Belém, no Pará, jogou luz sobre um problema corriqueiro, mas frequentemente ignorado: a sobrecarga elétrica. O incidente, provocado pela ligação de um micro-ondas a uma régua elétrica, demonstra que o risco de acidentes elétricos está presente em qualquer lugar, desde grandes eventos internacionais até a rotina de casas e escritórios.
A situação chamou atenção para o uso inadequado de réguas, benjamins e adaptadores, sobretudo quando usados com eletrodomésticos de alto consumo. Especialistas consultados recentemente pelo TechTudo já destacaram que esse tipo de erro é extremamente comum, tanto em estruturas temporárias quanto em ambientes residenciais ou de trabalho. Veja, a seguir, as entrevistas completas e o que fazer para evitar esse tipo de acidente.
Incêndio na COP30 foi provocado por eletrodoméstico conectado indevidamente em régua elétrica — Foto: Reprodução/Redes Sociais Nessa matéria, você vai entender:
- O que aconteceu na COP 30?
- O que é sobrecarga elétrica e por que ela ocorre?
- Por que o caso da COP30 serve de alerta para casas, escritórios e instalações provisórias?
- Como evitar esse tipo de acidente?
O que aconteceu na COP30?
No início da tarde desta quinta-feira (20), um incêndio no Pavilhão dos Países, dentro da Blue Zone, gerou evacuação, mobilização das equipes de segurança e apreensão entre os participantes da COP30. De acordo com as autoridades locais, o incêndio teria começado no estande da África Oriental, após um curto-circuito provocado por um micro-ondas conectado a uma régua que já alimentava outros dispositivos, como extensões, adaptadores, celulares e aparelhos eletrônicos. A soma das cargas excedeu o limite da instalação provisória, levando ao aquecimento dos conectores e à ignição do material ao redor.
Segundo técnicos que atuaram na inspeção e perícia pós-incêndio, o micro-ondas estava ligado a uma régua que já alimentava outros equipamentos, como celulares e outros eletrônicos, excedendo a capacidade do circuito do estande, o que criou condições para a sobrecarga elétrica.
Organizadores do evento afirmaram que a infraestrutura elétrica geral da COP30 foi projetada com margens de segurança e revestimentos antichama, mais resistentes ao fogo e que impediram a rápida expansão das chamas. Entretanto, a instalação de eletrodomésticos pelos expositores teria que respeitar a capacidade de cada ponto de energia, já que, quando isso não ocorre, o sistema fica vulnerável, como demonstrado no caso. O incêndio foi controlado pelos Bombeiros em seis minutos, não houve feridos e 20 pessoas precisaram de atendimento médico por inalação de fumaça e crise de ansiedade.
Imagem mostra vários aparelhos comectados em uma extensão elétrica. Suspeita é de que o incêndio começou em um micro-ondas — Foto: Reprodução/GloboNews O que é sobrecarga elétrica e por que ela ocorre?
A sobrecarga elétrica ocorre quando a corrente exigida por vários equipamentos supera a capacidade elétrica do circuito. Isso acontece principalmente quando muitos aparelhos são conectados a uma mesma tomada por meio de réguas, benjamins ou adaptadores; quando equipamentos de alto consumo (como micro-ondas, fornos elétricos ou aquecedores) são plugados em extensões ou em instalações sem capacidade adequada; ou quando a fiação é antiga, improvisada, danificada ou subdimensionada.
O uso de extensões e adaptadores potencializa o risco de sobrecarga, já que muitas pessoas confundem régua com distribuidor de potência. Entretanto, a extensão não aumenta a capacidade da tomada; ela apenas multiplica o número de pontos. Outro erro é o chamado “cascateamento”, que ocorre quando são ligados, em uma única tomada, extensões, adaptadores e benjamins.
Sobrecarga de energia pode provocar superaquecimento em extensões — Foto: Cemig/Divulgação Segundo Edval Delbone, professor de Engenharia Elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia, o uso de extensões e adaptadores pode transformar uma única tomada em várias, o que parece prático, mas traz riscos sérios. Isso acontece porque “o circuito elétrico foi dimensionado para uma única carga”. Quando o consumidor conecta vários aparelhos nesses dispositivos, “a soma das correntes pode facilmente ultrapassar os 10 amperes previstos para aquele ponto”, destacou em entrevista ao TechTudo no início deste mês.
Com essa sobrecarga, os cabos, o adaptador e até a tomada podem esquentar além do suportado, gerando risco de curto e incêndio. Por isso, reforça Delbone, “adaptadores e multiplicadores de tomadas devem ser evitados”.
Por que o caso da COP30 serve de alerta para casas, escritórios e instalações provisórias?
O episódio da COP30 mostra que mesmo ambientes planejados podem sofrer colapsos elétricos quando equipamentos são ligados sem considerar a capacidade do circuito. Mas esse risco é ainda maior em casas, escritórios e, principalmente, instalações provisórias, como festas, eventos ou feiras, onde improvisos são comuns.
Leonardo Moura, superintendente operacional da Neoenergia Pernambuco, explica que eletrodomésticos de alta potência exigem muita energia para funcionar, o que aumenta os riscos de sobrecarga elétrica quando são usados de forma inadequada. Em entrevista, ele lembra que aparelhos como sanduicheiras, grills, micro-ondas, airfryers e churrasqueiras elétricas “realizam intensa troca de calor com o ambiente” e, por isso, consomem mais do que outros dispositivos comuns da casa. O problema se agrava quando esses itens são ligados no mesmo ponto de energia junto a outros eletrodomésticos, já que isso pode gerar “um risco significativo de sobreaquecimento”.
Moura reforça que, se for indispensável o uso de uma extensão ou régua, o recomendado é utilizar produtos de qualidade e certificados pelo Inmetro. O selo é um atestado de que o produto foi testado e atende aos requisitos mínimos de segurança. Outra orientação é adquirir itens com dispositivos de proteção ou disjuntor interno. “Em caso de sobreaquecimento ou sobrecarga, esses componentes interrompem automaticamente o fluxo de energia, aumentando significativamente a segurança do uso”, explica.
Cascateamento de adaptadores e extensões são um dos principais motivos de incêndios elétricos em residências e escritórios — Foto: Cemig/Divulgação Outro ponto destacado pelo especialista, principalmente em instalações provisórias, é o cuidado ao posicionar os cabos em locais protegidos da passagem de pessoas, evitando que sejam pisados, causem tropeços ou sofram rompimentos. Ele recomenda que essa fixação seja feita exclusivamente em calhas elétricas adesivas, produzidas com materiais antichama ou retardantes de chama, e nunca com fitas adesivas convencionais.
O uso de fitas é uma solução improvisada e pode representar risco, porque alguns materiais aquecem ou são inflamáveis. Prefira calhas e conduítes adesivos antichama, próprios para organizar e proteger cabos, sempre com certificação adequada.”
— Leonardo Moura
O engenheiro eletricista lembra que o hábito de conectar tudo em uma régua, inclusive itens como carregadores, computadores, iluminação e eletrodomésticos, contribui para que esse tipo de situação se repita diariamente, silenciosamente, até ocorrer um acidente.
Como evitar esse tipo de acidente?
Para garantir a segurança elétrica e reduzir o risco de incêndios — principalmente em instalações provisórias, ambientes de trabalho ou locais com excesso de materiais inflamáveis — os dois especialistas reforçam que extensões, adaptadores e outros recursos improvisados não devem ser usados para alimentar aparelhos de alta potência.
O professor Delbone explica que equipamentos como micro-ondas, air fryers e ar-condicionados exigem cargas elétricas elevadas que, quando conectadas a extensões ou adaptadores, provocam aquecimento excessivo, danificam a isolação dos cabos e aumentam significativamente o risco de curto-circuito. "Adaptadores e extensões não devem ser usados com equipamentos de alta potência, como micro-ondas, air fryers ou ar-condicionados. A corrente elevada pode causar superaquecimento e danificar a isolação dos cabos, aumentando o risco de curto-circuito e até incêndio”, alerta o professor do Instituto Mauá de Tecnologia.
Eletrodomésticos de alta demanda, como air fryer, micro-ondas e ar-condicionados, devem ser ligados em uma tomada exclusiva de 20A — Foto: Letícia Rosa/TechTudo Já Leonardo Moura lembra que esses aparelhos demandam tomadas exclusivas de 20 amperes, enquanto as tomadas de uso geral suportam apenas entre 10 amperes. Por isso, ele recomenda sempre contar com um eletricista para instalar circuitos dedicados e seguros para equipamentos de maior consumo.
Ambos os especialistas ressaltam ainda que a extensão deve ser encarada apenas como uma solução provisória para levar energia a um ponto distante, nunca como recurso para multiplicar tomadas de forma permanente. Por fim, manter a quantidade adequada de tomadas no ambiente, instaladas conforme as normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), é fundamental para evitar improvisações e garantir o uso seguro da rede elétrica.
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1 semana atrás
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