Crédito, Dian Fossey Gorilla Fund
- Author, Victoria Gill
- Role, Correspondente de ciência da BBC News
Há 30 minutos
Os relacionamentos estabelecidos entre gorilas-das-montanhas fêmeas são mais importantes do que se pensava anteriormente, sugere uma nova pesquisa realizada em Ruanda.
O estudo mostra que, quando uma dessas primatas se muda para um novo grupo, ela procura e se junta a outra fêmea que já conhece.
Os cientistas basearam a pesquisa em 20 anos de dados que abrangem vários grupos de gorilas no Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda.
Eles descobriram que, mesmo quando duas fêmeas ficavam separadas por muitos anos, uma gorila recém-chegada ainda tentava se juntar a uma fêmea com quem já havia estabelecido uma conexão anterior.
Crédito, Dian Fossey Gorilla Fund
As descobertas, publicadas na revista científica Proceedings B da Royal Society, expõem a importância do relacionamento entre duas fêmeas na sociedade dos gorilas.
"Cientificamente, não sei se posso falar em 'amizade'", explica a pesquisadora principal do estudo, Victoire Martignac, estudante de doutorado da Universidade de Zurique, na Suíça. "Mas estamos mostrando aqui que essas relações entre indivíduos do mesmo sexo realmente importam."
Mudar para diferentes grupos é fundamental na formação da estrutura social dos animais. É algo que tanto machos quanto fêmeas fazem — as fêmeas, às vezes, se mudam várias vezes ao longo de suas vidas.
Essa dispersão, como é conhecida, desempenha um papel importante na prevenção da endogamia (acasalamento entre indivíduos geneticamente relacionados), na disseminação da diversidade genética e na formação de relações sociais.
"Na natureza, isso é muito importante", destaca Martignac.
"Mas é extremamente difícil de estudar, porque, uma vez que os indivíduos deixam um grupo, é difícil acompanhá-los."
Trabalhando em parceria com o Dian Fossey Gorilla Fund, em um local que é monitorado desde 1967, Martignac e seus colegas conseguiram rastrear esses movimentos.
Analisando décadas de informações sobre a vida dos animais, os cientistas acompanharam a "dispersão" de 56 gorilas-das-montanhas fêmeas —, analisando a qual novo grupo elas escolheram se juntar e por quê.
As gorilas evitavam grupos que tinham machos com os quais elas provavelmente tinham parentesco, mas a presença de fêmeas que elas conheciam também "importava muito", explica Martignac.
As fêmeas gravitavam em torno de suas "amigas", mesmo que estivessem separadas há muitos anos.
Elas frequentemente se dirigiam a um grupo com fêmeas com quem haviam crescido, mesmo que isso tivesse acontecido há muitos anos. Também procuravam indivíduos com quem haviam estabelecido uma conexão social — talvez brincando e interagindo — recentemente.
Crédito, Dian Fossey Gorilla Fund
Martignac explica que os gorilas investem nessas relações porque elas proporcionam benefícios sociais importantes.
"As recém-chegadas geralmente começam na base da hierarquia social", diz ela. "As fêmeas residentes podem ser bastante agressivas com elas, porque são potenciais concorrentes."
A mobilidade também é crucial na formação da sociedade humana. E os pesquisadores afirmam que estudar suas raízes em outros grandes primatas pode lançar luz sobre as forças evolutivas por trás dela.
"A movimentação é uma parte importante do nosso modo de vida", observa Martignac. "Mas essas decisões não se fossilizam."
"Então, nós a observamos em nossos 'primos' evolutivos mais próximos."
De acordo com ela, essa nova perspectiva sobre a vida social dos gorilas "redefine a maneira como pensamos sobre as relações sociais entre fêmeas".
"Elas são muito mais importantes para esses animais do que costumávamos pensar."
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