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Guerra no Sudão: milhares fogem para campos superlotados após massacre de grupo paramilitar

O grupo paramilitar, em guerra civil contra o Exército sudanês, tomou a cidade de El Fasher no último dia 26 de outubro após um longo cerco de 18 meses. Esta era a última grande cidade da região de Darfur que ainda não estava sob o domínio das forças rebeldes.

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O RSF negou ter matado pessoas no hospital, mas depoimentos de sobreviventes e vídeos divulgados nas redes sociais mostram um cenário apocalíptico do ataque. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou o ataque e apontou "o aumento do risco de atrocidades de grande escala, incluindo as de motivação étnica".

Os campos de refúgio em Tawila, a cerca de 70 quilômetros de El Fasher, estão recebendo a maior parte dos civis que fogem do RSF. O alojamento está localizado em uma região árida, com infraestrutura precária — muitas das tendas foram improvisadas com lonas e lençóis remendados.

Estima-se que, ao todo, 82 mil civis fugiram de El Fasher até o dia 4 de novembro em direção a locais mais seguros. Mais de 16.200 pessoas fugiram somente para os campos de Tawila desde que o RSF tomou a cidade, segundo o porta-voz do grupo de ajuda humanitária, Adam Rojal.

Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras, 300 pessoas chegaram a Tawila apenas na quinta-feira (6), fugindo de El Fasher. As equipes relataram "níveis extremamente altos de desnutrição entre crianças e adultos".

Em um vídeo publicado pelo grupo Sudan's IDPs and Refugee Camps (campos de refugiados e migrantes internos do Sudão) mostra crianças correndo pelo local enquanto adultos carregam uma grande panela de comida para alimentar a crescente multidão do campo.

De acordo com um dos diretores no hospital de Tawila, Abu Bakr Hammad, a unidade de saúde recebeu pelo menos 1.500 pessoas que fugiram de El Fasher, algumas delas com fraturas graves.

O RSF e o exército sudanês estão em guerra desde abril de 2023, após tensões crescentes pelo controle do terceiro maior país da África. Cerca de 12 milhões de pessoas foram deslocadas no país, e quase metade da população enfrenta grave insegurança alimentar.

O país africano é comandando pelo general Abdel Fatah al Burhan, desde que suas forças comandaram um golpe de Estado que derrubou o então governo, em 2021.

O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Türk, alertou que aqueles que permaneceram em El Fasher correm perigo. "Hoje, civis traumatizados ainda estão presos dentro de El Fasher e estão sendo impedidos de sair", disse ele na sexta-feira em Genebra.

"Temo que atrocidades abomináveis, como execuções sumárias, estupros e violência motivada por etnia, estejam continuando dentro da cidade", acrescentou.

"E para aqueles que conseguem fugir, a violência não termina, pois as rotas de fuga também têm sido palco de crueldades inimagináveis."

Moradores da cidade sudanesa de El Fasher acampam em fuga após rebeldes do RSF tomarem a cidade, em 27 de outubro de 2025. — Foto: Mohammed Jamal/ Reuters

Na quinta-feira, o RSF afirmou ter concordado com uma trégua humanitária proposta por um grupo de mediação liderado pelos Estados Unidos, conhecido como Quad. Enquanto isso, o Exército disse acolher a proposta, mas que só concordará se o RSF se retirar das áreas civis e entregar as armas.

Os combates se espalharam por Darfur e pela vizinha região de Kordofan, que se tornaram o epicentro da guerra do Sudão nos últimos meses. No início da semana, um ataque de drones em El-Obeid, capital da província de Kordofan do Norte, matou pelo menos 40 pessoas e feriu dezenas.

Um oficial militar, em condição de anonimato, disse à agência Associated Press que o Exército interceptou dois drones de fabricação chinesa que tinham como alvo El-Obeid pela manhã.

Segundo o analista Jalale Getachew Birru, do projeto de Dados de , mas também sinalizam a crescente capacidade do RSF de se expandir em direção ao centro do país, ameaçando reverter os avanços das forças armadas sudanesas e levando a violência de volta às áreas centrais relativamente calmas", disse Birru.tas em todo o Sudão em apenas uma semana, entre 26 de outubro e 1º de novembro.

"Esses eventos não apenas aprofundam a crise humanitária do Sudão, mas também sinalizam a crescente capacidade do RSF de se expandir em direção ao centro do país, ameaçando reverter os avanços das forças armadas sudanesas e levando a violência de volta às áreas centrais relativamente calmas", disse Birru.

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Caminhões com civis em fuga de El Fasher chegam a um campo em Al-Dabbah, no Sudão — Foto: El Tayeb Siddig/Reuters

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