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H5N1 foi 'balde de água geladérrima' no setor avícola, diz dirigente

A confirmação da presença do vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial de Montenegro às vésperas da reabertura dos mercados chinês e chileno para as exportações de carne de frango do RS foi um “balde de água geladérrima” para o setor. O episódio, que ocorreu justamente em meio à missão do governo brasileiro no país asiático, quando avanços haviam sido conquistados, chegou como uma bomba para o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav-RS), José Eduardo dos Santos.

O dirigente disse ao Jornal do Comércio que na noite da quinta-feira que antecedeu a divulgação do caso ele estava reunido com autoridades para tratar do assunto e também da vinda de uma comitiva do Chile ao Estado, prevista para o dia 9 de junho.

Tudo parou. Estávamos com a reabertura encaminhada. Eu vinha trabalhando muito intensamente para isso, e, de repente, voltamos à estaca zero”, lamentou.

Agora, enquanto aguarda o cumprimento dos novos prazos protocolares para assegurar a eliminação do vírus e a retomada do status de livre da doença pelo Brasil, a indústria avícola do RS seguirá trabalhando como vinha fazendo desde o ano passado, quando adotou um protocolo de contingência comercial. Cada empresa, conforme suas peculiaridades, promoveu ajustes para evitar custos desnecessários e também procurou redirecionar a produção, a partir dos prejuízos causados pelas enchentes de maio e da doença de Newcastle, em julho, no município de Anta Gorda.

Conforme o dirigente, as indústrias têm capacidade de estocagem, mas vêm "produzindo com cautela", enquanto espera a retomada de todos os mercados com os quais negociava e a recuperação das empresas afetadas pela catástrofe climática.

Sem falar sobre os números dessa redução, Santos diz não temer a instabilidade que se seguirá no mercado nas próximas semanas.

Vai oscilar (o mercado). Mas temos condições de replanejar as ações com rapidez”.

Santos reafirmou que o País tem dispositivos para garantir segurança máxima à atividade, embora esteja sujeito a fatores externos como o fluxo de aves migratórias, que são um desafio à biosseguridade. Agora, acrescentou, o movimento será pela intensificação desses mecanismos, para mostrar ao mundo a capacidade de estancar crises como essa de forma rápida.

“Diferente do que aconteceu nos Estados Unidos, onde 170 milhões de aves morreram pela velocidade do avanço da doença e a demora no enfrentamento, aqui vamos resolver logo. Todos os protocolos estão sendo cumpridos, todos os estabelecimentos da região onde aconteceu a doença estão sendo vistoriados, e nenhuma outra suspeita apareceu”, reforçou.

A doença surge em um momento em que o Brasil e o RS experimentavam expansão das exportações de carne de frango e derivados. Nos primeiros quatro meses de 2025, o crescimento foi de 12% em volume, com 1,4 milhão de toneladas embarcadas, e faturamento de US$ 2,45 bilhões no país. E o Estado seguia o mesmo percentual. 

O fluxo nacional se dá a partir das vendas realizadas por 24 empresas junto a 517 clientes externos, explica Alexandre Mello, expert em Data Analytics e Líder de Inteligência de Mercado da Logcomex, empresa de tecnologia e inteligência artificial para o comércio exterior. De acordo com ele, a indústria nacional precisará realinhar os planos durante os embargos, que podem durar em média 90 dias até a retomada dos embarques no ritmo normal para a maioria dos Estados, dependendo das negociações do governo com cada país.

Vender em reais é menos ótimo do que vender em dólar. Perde um pouco de receita, mas não a produção como um todo. Esperamos queda no preço das carnes de frango e bovina, em cortes menos nobres. Já há reflexo na queda da cotação do boi gordo e também no preço dos ovos”.

Ele acredita que, embora o período mínimo para que o País possa se autodeclarar livre da doença, a reabertura das exportações possa demorar até 90 dias. E que o RS precisará mesmo resistir a esse período para depois tentar se recuperar do novo golpe.

De janeiro a abril, o Brasil embarcou 1,7 milhão de toneladas e faturou US$ 3 bilhões. E o Estado exportou 243,3 mil toneladas para 16 destinos, com faturamento de US$ 415,3 milhões. As informações foram obtidas por meio da curadoria da Logcomex sobre os dados públicos do setor.

Desde o início do ano, alguns países incrementaram muito as compras do RS, como a Argentina (397,2% em volume e 2.217,4% em US$), o Egito ( 1.809,3% e 1.751%, respectivamente), e o Gabão (1.354,9% e 1.239,7%), entre outros 15, além do Reino Unido. Os maiores compradores do Estado foram Arábia Saudita (US$ 67,7 milhões FOB), Emirados Árabes Unidos (US$ 64,2 milhões), Singapura (US$ 29,7 milhões), Filipinas (US$ 19,3 milhões) e Catar (US$ 18,1 milhões).

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