iFood anuncia IA no WhatsApp, carrinho robô e drone para agilizar pedidos

AILO é uma assistente de IA conversacional que permite fazer pedidos tanto pelo app do iFood quanto pelo WhatsApp, com mensagens de texto ou por áudio. O usuário pode, por exemplo, pedir sugestões conforme a ocasião, como “jantar romântico” ou “encontro com amigos”, ou de modo específico, aplicando filtros de promoções e valores, como “poke de salmão com frete grátis”. Ela também é capaz de sugerir pedidos mesmo quando você não está procurando ativamente, como antes de um jogo importante do seu time.

Também é possível apertar o botão “Me surpreenda” para receber sugestões personalizadas, que levam em conta preferências do usuário, como pedir pimenta à parte ou incluir mais Coca-Cola para acompanhar, além do histórico de pedidos e dos restaurantes favoritos. Para ter noção do que a IA sabe sobre você, também é possível tocar na opção "Fale sobre mim".

Quando a AILO apresenta uma sugestão, o usuário pode decidir se quer aquele item ou se prefere explorar outras opções do restaurante. Se escolher o prato, a assistente pergunta sobre tamanho, adicionais e bebidas. Depois que todas as preferências são definidas, ela envia um resumo com o valor total e um link para que o pedido seja finalizado no app do iFood.

Vale destacar que a AILO pode compreender diferentes sotaques e até abreviações de texto, permitindo uma conversa fluida e natural. Segundo Isabella Piratininga, diretora de Transformação Disruptiva do iFood, o recurso representa uma nova forma de interação com a plataforma. Hoje, ele está disponível apenas no WhatsApp, mas é possível que seja integrado à Alexa, a um carro conectado, ou a outros dispositivos no futuro.

A ferramenta está em fase de testes desde junho e já foi utilizada por mais de 70 mil pessoas, registrando mais de 100 mil interações. De acordo com a empresa, os pedidos realizados com o suporte da AILO pelo WhatsApp são 33% mais rápidos em comparação com o fluxo tradicional do app, e as buscas feitas por meio da inteligência artificial têm 48% mais chances de se converter em pedidos.

Caso queira participar dos testes beta do serviço, basta enviar uma mensagem para o número +55 11 91150-4025 no WhatsApp.

Em testes feitos pelo TechTudo, pedimos à AILO uma sugestão de "jantar para aniversário de casamento". Ela trouxe diversas opções que realmente combinavam com as preferências pessoais. Além disso, ao escolher saber mais sobre o que a IA conhecia do perfil, ela comentou:

"Você manda bem no rango, hein! 😄 Seu perfil é puro sabor: curte muito carnes como picanha, costela, hambúrguer com bacon e cheddar, e não dispensa uma batata frita com Coca-Cola. Salada, verdura ou suco? Nem pensar! Seu negócio é burger premium, massas italianas com bastante queijo, poke e sushi com extra sashimi, pizza grandona e grelhados brasileiros tipo picanha e frango assado. No almoço de sexta, costuma pegar algo mais leve, tipo massa integral, poke ou executivo de picanha, sempre com arroz e proteína. No jantar e no fim de semana, parte para porções maiores, combos duplicados e até salgadinhos para a galera. Promoção? Se tiver, melhor ainda, mas não espera para pedir. E sempre recusa guardanapo, porque come em casa mesmo!". A IA acertou na mosca, e, diga-se de passagem, ressaltou os hábitos nada saudáveis.

Outra inovação apresentada pelo iFood é o ADA, um robô de entregas autônomo capaz de percorrer até 10 km por turno, com seis horas de autonomia e até 35 pedidos entregues por dia. Para deixar ou retirar a entrega, o usuário só precisa escanear um QR Code, enquanto um único operador consegue supervisionar até 100 robôs simultaneamente.

Por enquanto, os testes estão concentrados em shoppings da Grande São Paulo, ambientes mais controlados. Segundo Thiago Capeleiro, diretor de Tecnologia para Logística do iFood, o ADA funciona "como um acelerador das entregas, podendo levar os pedidos tanto até o cliente quanto até o entregador".

Além do robô, o iFood também testa drones em parceria com a Speedbird Aero, projetados para levar entregas a áreas mais afastadas dos grandes centros, como ilhas, regiões serranas e locais separados por rios ou pontes, nos quais o acesso é limitado. Cada drone pode percorrer até 50 km a uma altitude de 60 metros, transportar até 280 pedidos por dia e operar por cerca de 10 horas consecutivas.

Segundo Thiago Viana, a ideia é oferecer mais acessibilidade e rapidez, com entregas em até 30 minutos mesmo em regiões remotas, ainda com o auxílio do entregador -— então sem expectativas de que o drone entre pela sua janela. Para mais, a segurança é prioridade, com voos planejados em rotas controladas e protocolos que garantem a integridade dos produtos mesmo em condições adversas, como chuva e vento.

Tanto os robôs quanto os drones estão em fase experimental, sem informações definidas sobre precificação ou áreas de operação, mas representam os primeiros passos do iFood para expandir a automação logística e levar conveniência a locais antes pouco atendidos.

Nos bastidores, o iFood já opera com mais de 3.500 agentes de IA ativos por semana, que auxiliam desde o atendimento ao cliente até o suporte aos entregadores. A expectativa é que, até 2026, cada "foodlover” (como a empresa chama seus colaboradores) possa contar com até dez assistentes virtuais no dia a dia.

Um dos destaques é a Rosie, que faz atendimentos automatizados, interpreta fotos e até cancela pedidos sozinha, o que ajuda a reduzir filas e aumentar a satisfação dos clientes em momentos de pico. Já o Jhow é voltado aos entregadores e resolve automaticamente situações como desencontros com clientes. Ele entende áudio e texto, realoca pedidos e aciona atendentes humanos quando necessário.

A inteligência artificial também tem sido usada para apoiar os restaurantes parceiros. Segundo Eduardo Olímpio, diretor de Tecnologia para Restaurantes, o objetivo é facilitar a rotina dos pequenos empreendedores.

Nesse sentido, um dos principais recursos disponíveis é a digitalização automática de cardápios, feita por uma plataforma interna que reconhece e organiza itens sem necessidade de intervenção manual.

Outra solução é a Cris, uma assistente virtual em testes que conversa com os donos de restaurantes via WhatsApp, analisa dados de desempenho e sugere melhorias. O modelo é capaz de identificar, por exemplo, quando a taxa de cancelamento está alta por conta de atrasos e recomenda ajustes no tempo estimado de preparo. Atualmente, essa IA oferece 96% de precisão.

Atualmente, o iFood processa cerca de 3,6 milhões de dados de telemetria por dia, com 78 mil entregadores online simultaneamente nos horários de pico. Nesse período, cerca de 25 mil pedidos são concluídos, enquanto 41 mil novos são criados, segundo a empresa.

Com o avanço dessas iniciativas, o iFood pretende acelerar sua transformação digital e reforçar o uso de IA em todas as frentes. Os próximos passos incluem ampliar os testes da AILO, expandir o uso de robôs e drones e seguir treinando seus agentes internos. A meta é tornar a empresa cada vez mais preditivo, autônomo e conectado às necessidades do consumidor brasileiro.

*A jornalista foi até São Paulo a convite da empresa.