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iFood anuncia reajuste de até 15% na taxa mínima paga aos entregadores

  • os trabalhadores que fazem entregas utilizando carro ou moto passarão a receber um valor mínimo de R$ 7,50 por entrega, 15,4% acima dos atuais R$ 6,50.
  • já os que utilizam bicicleta passarão a receber a taxa mínima de R$ 7, aumento de 7,7% em relação aos mesmos R$ 6,50 pagos hoje.

Além da elevação das taxas, o iFood anunciou mudanças na sua cobertura de seguro social. Entre elas:

  • o aumento da Diária de Incapacidade Temporária (DIT), de 7 para 30 dias;
  • e a elevação da indenização por morte ou invalidez total, de R$ 100 mil para R$ 120 mil.

Segundo a empresa, as mudanças nos benefícios e na remuneração dos entregadores não vão impactar valores cobrados de clientes e restaurantes parceiros.

Em entrevista ao g1, o diretor de impacto social do iFood, Johnny Borges, destacou que os reajustes são superiores à inflação de 2024 medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que foi de 4,83% no período.

"Desde 2021, quando começamos a definição da taxa mínima a R$ 5,31, até 2025, com esse aumento para R$ 7,50, temos um aumento acumulado de 41,2% na taxa dos entregadores", diz Borges.

Os números, no entanto, não têm agradado os entregadores. Eles pedem por uma taxa mínima de R$ 10, além de um reajuste no valor fixo pago por quilômetro rodado, que hoje é de R$ 1,50. Nas mais recentes manifestações, os entregadores pedem uma elevação para R$ 2,50.

Mas a empresa afirmou que o valor por distância percorrida não será alterado agora. O último reajuste ocorreu em 2022, explica Borges, quando subiu de R$ 1 para o valor atual. "Foi fruto de diálogo com a categoria no primeiro fórum que realizamos."

"Hoje, reunir esforços para o aumento bem acima da inflação da taxa mínima do pedido faz com que, automaticamente, você tenha um acréscimo de ganho real na vida dos entregadores, diz.

Mudanças no seguro social

O iFood também anunciou a ampliação de sua cobertura de seguro pessoal, disponível desde 2019 aos entregadores ativos na plataforma.

Uma das mudanças é na Diária da Incapacidade Temporária (DIT), acionada em caso de atestado médico. A cobertura, antes de 7 dias, passará a ser de 30 dias a partir de 1º de junho. Na prática, esse será o período máximo em que a plataforma irá pagar ao entregador afastado por motivos de saúde.

"A indenização mínima será de R$ 300 e a máxima, de R$ 1.500", diz Borges, do iFood. "Essa indenização é baseada na média do ganho dele nos últimos três meses."

"Se o entregador fez três corridas e a média dele deu R$ 100, o mínimo pago a ele vai ser de R$ 300. Agora, se for um entregador frequente na plataforma, vai ganhar R$ 1.500, que é o teto", exemplifica.

Além disso, a plataforma anunciou:

  • aumento no valor de indenização para casos de morte ou invalidez total, de R$ 100 mil para R$ 120 mil.
  • reembolso ou cobertura total de despesas médicas e hospitalares em rede credenciada;
  • em situações de falecimento do entregador, disponibilização de auxílio funeral, apoio emocional e financeiro para as famílias;
  • além de ajuda com a educação dos filhos até os 18 anos.

Segundo o iFood, os novos valores de indenização valem para acidentes que ocorreram a partir de dezembro de 2024.

As principais reivindicações dos entregadores

Em suas manifestações recentes, motoristas e entregadores de aplicativos têm reclamado da precarização das condições de trabalho. As exigências ficam em torno de reajuste nas remunerações e ampliação dos direitos da categoria.

Entre as principais reivindicações da categoria estão:

  • estabelecimento de uma taxa mínima de R$ 10 por corrida de até 4 km;
  • aumento do valor pago por quilômetro rodado para R$ 2,50;
  • limitação das entregas realizadas por bicicletas a um raio máximo de 3 km;
  • pagamento integral por cada pedido, mesmo em entregas agrupadas na mesma rota;
  • fim dos bloqueios injustificados por parte das plataformas, com garantia de direito à defesa;
  • implementação de seguro contra acidentes, roubos e mortes;
  • criação de bases de apoio para descanso e alimentação.

As manifestações ocorrem em meio a críticas às práticas das plataformas, que, segundo os entregadores, impõem jornadas exaustivas, remunerações insuficientes e falta de garantias trabalhistas.

Por que reajuste foi menor para bicicletas

Johnny Borges, diretor do iFood, afirmou que essa é a primeira vez que o aumento da taxa mínima para entregadores possui uma diferenciação para aqueles que utilizam bicicleta.

"Isso acontece por uma questão de custos do entregador de moto e de carro. Então, há gastos com gasolina, manutenção do veículo, que são maiores do que para o entregador de bicicleta", diz.

"O entregador de bicicleta faz muitas rotas curtas, de até 4 quilômetros, que contemplam a taxa mínima", acrescenta. Foi em janeiro deste ano que a plataforma iniciou uma padronização de distâncias para aqueles que utilizam bicicleta.

Apesar de entregadores pedirem por trajetos de até 3 quilômetros, o limite atual é de 4 quilômetros. "Em casos pontuais, as distâncias podem ser maiores, devido a particularidades regionais", informou, em nota, o iFood.

Borges, diretor da plataforma, defende que uma limitação a 3 quilômetros por pedido poderia resultar na redução da oferta de corridas para essa categoria — o que, segundo ele, diminuiria automaticamente os ganhos dos entregadores.

"Se eu diminuo a quilometragem, vai cair a oferta de pedidos para eles. Isso vai acabar diminuindo o ganho mensal e diário do entregador", afirma.

Como ficam os custos ao cliente final

Segundo o diretor da plataforma, o aumento nos valores pagos aos entregadores não irá elevar o custo final aos clientes nem as taxas pagas pelos restaurantes que aparecem na plataforma.

"Hoje, nenhum custo com o acréscimo do ganho dos entregadores vai ser repassado a clientes ou a restaurantes e lojas — tanto para entregas de farmácia quanto de delivery de alimentos", diz.

Borges explica que, nesse sentido, é importante "equilibrar o ecossistema", para que não haja um choque na oferta e na demanda.

"Não adiantaria eu aumentar a taxa — que se tornaria insustentável do ponto de vista do iFood — e repassar para o cliente ou para o restaurante. Isso, de certa forma, desequilibraria a demanda e a oferta. E faria, automaticamente, os ganhos dos entregadores caírem", conclui.

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