1 mês atrás 6

Importações e perda de comércio com EUA fazem superávit cair 41% em um ano

Carne bovina, óleos combustíveis de petróleo e automóveis tiveram forte aumento. Enquanto a carne fresca, refrigerada ou congelada cresceram 55,6%, para US$ 1,7 bilhão, automóveis subiram 50%, para US$ 689 milhões, e óleos combustíveis aumentaram 4,1%, para US$ 958 milhões. Em compensação, açúcares e melaços despencaram 26,6%, para US$ 1,3 bilhão.

Na indústria extrativista, o crescimento foi de 9,2% em valor. "Esse sim motivado por um crescimento exclusivamente de volume dos bens exportados de 14,4%", afirmou o diretor.

Se trata do maior valor exportado para mês de setembro da série histórica (...) motivado pelo crescimento do volume exportado.
Herlon Brandão, diretor de estatísticas e estudos de comércio

O governo não tem certeza se o superávit se deve ao redirecionamento da produção que iria para os EUA. "É uma pergunta que é difícil de se observar no curto prazo", afirmou o diretor ao ser questionado a respeito. Ele disse que a carne vem encontrando novos mercados, mas outros produtos, como madeira, "é mais difícil redirecionar".

Mas falar de forma taxativa é mais difícil. A gente tem que observar esses movimentos e procurar o próprio setor privado. Eu acho que seria a melhor fonte para falar isso com propriedade.
Herlon Brandão

Já as importações atingiram US$ 27,5 bilhões no mês passado. A alta foi de 17,7% em comparação com setembro de 2024 (US$ 23,4 bilhões) e de 16% sobre o mês passado (US$ 23,7 bi).

Continua após a publicidade

A principal razão foi a importação de uma plataforma de petróleo de Singapura, que custou US$ 2,4 bilhões. "É um esquipamento com valor alto, é o segundo que entra neste ano. Tivemos um em fevereiro, que gerou também um crescimento significativo nas importações naquele mês", afirmou Brandão. Trata-se da Plataforma P78, em operação no campo de Búsios. "Com isso, o saldo comercial reduziu 41,1%", afirmou.

[A importação dessa plataforma] causou esse aumento aqui na importação, somando 27,5 bilhões de dólares, também um recorde para mês de setembro e para todos os meses, na verdade é o recorde histórico mensal de importação. (...) Se não fosse ela, ia ficar aqui abaixo dos US$ 25 bi.
Herlon Brandão

No acumulado do ano, o Brasil exportou US$ 257,8 bilhões. O crescimento foi de 1,1% em relação ao acumulado dos nove primeiros meses de 2024 (US$ 255 bilhões).

Já as importações somaram US$ 212,3 bilhões de janeiro a setembro. O valor significa crescimento de 8,2% em comparação com os US$ 196,3 bilhões importados no mesmo período do ano passado.

Assim, o saldo positivo da balança comercial nos nove primeiros meses do ano foi US$ 45,5 bilhões. O resultado foi 22,5% menor em relação ao mesmo período do ano passado.

Já o saldo corrente de comércio ficou de US$ 470,1 bilhões nos nove primeiros meses do ano, alta de 4,2%. Esse valor abrange também a balança de serviços, rendas e transferências unilaterais.

Continua após a publicidade

Caem exportações para os EUA

As exportações brasileiras para os EUA caíram 20,3% em setembro, para US$ 2,58 bilhões. No mesmo mês do ano passado, o Brasil havia exportado US$ 3,23 bilhões para o mercado americano. Em comparação com agosto de 2025, primeiro mês do tarifaço, a queda foi de 6,3% (US$ 2,7 bilhões).

Já as importações de produtos americanos subiram 14,3%, e chegaram a US$ 4,35 bilhões no mês passado. Há um ano, as importações dos americanos somaram R$ 3,80 bilhões.

Os produtos com as maiores quedas de exportação para os EUA foram:

  1. Ferro gusa: - 41%
  2. Carne bovina: - 58%
  3. Açúcar e melaço: - 77%
  4. Armas e munições: - 92%
  5. Tabaco: - 95%
  6. Café torrado: - 29%
  7. Celulose: - 27,3%
  8. Minério de ferro: - 100%

Outros mercados

Brasil também vendeu menos para Japão e para o continente africano. Enquanto as exportações recuaram 38,8% para o Japão (de US$ 623 milhões para US$ 381 milhões), o recuo foi de 15,7% para a África, de US$ 1,5 bilhão em setembro de 2024 para US$ 1,3 bilhão no mês passado.

Continua após a publicidade

Já as exportações para a América do Sul, América Central e Caribe foram as que mais cresceram. Em setembro, foram vendidos US$ US$ 4,2 bilhões para a América do Sul, contra US$ 3,2 bilhões em setembro do ano passado. Destaque para a Argentina, com aumento de 24,9%, para US$ 1,8 bilhão. Para a América Central e Caribe, o salto foi de 29%, de US$ 481 milhões há um ano para US$ 620 milhões no mês passado.

O grupo representado por China, Hong Kong e Macau foi o principal destino dos produtos brasileiros em setembro. Aumento de 37,6%, de US$ 8,6 bilhões para US$ 11,9 bilhões, o que significou uma participação de 43,5% das exportações nacionais no mês passado.

O tarifaço

O presidente Donald Trump anuncia tarifaço em 2 de abril de 2025
O presidente Donald Trump anuncia tarifaço em 2 de abril de 2025 Imagem: Brendan Smialowski/AFP

O tarifaço de 50% vale desde 6 de agosto. Naquela data, os EUA passaram a cobrar mais 40% sobre as tarifas adicionais de 10% que já aplicavam desde abril sobre a importação de produtos brasileiros. Desde então, uma taxa de 50% passou a ser cobrada sobre produtos como café, carnes, pescados, açúcar, cacau e frutas tropicais, como manga e uva. Castanhas, suco de laranja e produtos de aviação civil entraram em uma lista de quase 700 produtos que se livraram da sobretaxa.

Hoje, Trump conversou por telefone com o presidente Lula (PT) para tratar do tarifaço. Segundo o Planalto, Lula solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras. Trump publicou em rede social que "gostou da conversa".

Continua após a publicidade

As razões para o tarifaço são políticas. Trump implementou a tarifa adicional de 40% sobre o Brasil "para lidar com políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA", escreveu o republicano em sua ordem executiva.

O documento cita o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Casa Branca classificou o processo contra o ex-presidente como uma "perseguição, intimidação, assédio e censura".

Moraes tem abusado de sua autoridade judicial para ameaçar, atingir e intimidar milhares de seus oponentes políticos.
Comunicado da Casa Branca

As decisões judiciais do Brasil contra big techs também foram mencionadas. O americano acusou o Brasil de tomar "medidas sem precedentes para coagir empresas americanas de forma tirânica e arbitrária" com objetivo de "censurar" discursos políticos, remover usuários e alterar políticas de moderação de conteúdo sob penas de "multas extraordinárias" e processos criminais.

Leia o artigo inteiro

Do Twitter

Comentários

Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro