Partidos de direita aguardam a definição de Jair Bolsonaro (PL) sobre quem será seu sucessor na disputa pela Presidência em 2026 para definir chapas em estados considerados estratégicos para a eleição nacional.
O bolsonarismo tem candidatos competitivos ao Senado, seja do PL, seja de partidos aliados, em ao menos 13 estados —majoritariamente no centro-sul do país.
A Casa tem a prerrogativa de aprovar o impeachment de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e foi eleita como prioridade por Bolsonaro, que sonha concentrar a maioria dos parlamentares para "ter mais poderes quer o próprio presidente da República", como já afirmou.
Aliados do bolsonarismo apontam que alianças podem ser feitas ou desfeitas a depender de quem for o candidato ao Planalto —e de se for um nome também próximo de alguns partidos de centro, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou algum integrante da família Bolsonaro.
A indefinição se dá especialmente no PSD —que integra o governo Lula (PT), mas também o de Tarcísio em São Paulo. O governador tem mantido postura ambígua, mas freou a ofensiva presidencial nas últimas semanas e tem reforçado ser candidato à reeleição.
A ordem do ex-presidente é para que uma das vagas em cada estado seja de sua indicação, e a outra, de um partido aliado.
Apesar da prioridade dada por Bolsonaro, seu campo político precisaria de um desempenho eleitoral sem precedentes em 2026 para controlar a maioria das 81 cadeiras do Senado.
Em 2022, foram disputadas 27 vagas na Casa, e os aliados do ex-presidente conquistaram 56% delas. Em 2026, o Senado irá renovar as demais 54 vagas. Se o bolsonarismo repetir o índice de sucesso, conseguirá ocupar a maioria das cadeiras, 45, mas não chegará às 54 necessárias para conseguir a aprovação de um impeachment de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
No Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e Paraná, a definição da chapa do Senado para o ano que vem depende bastante do arranjo para a disputa presidencial.
No Rio de Janeiro, se Tarcísio for candidato ao Planalto, o prefeito e provável candidato ao governo Eduardo Paes (PSD) pode ficar neutro em relação à Casa, o que beneficiaria o PL, que pode ter dois candidatos no estado.
Paes é aliado de Lula, mas o presidente do PSD, Gilberto Kassab, já disse que estará com Tarcísio caso o governador se lance à Presidência.
No Rio, além de Flávio Bolsonaro, o PL pode lançar ao Senado o governador Cláudio Castro, o senador Carlos Portinho ou até mesmo o líder da sigla na Câmara, Sóstenes Cavalcante.
O PSD hoje tem um pré-candidato próprio ao governo federal: Ratinho Jr., chefe do Executivo no Paraná. Ele manterá a candidatura caso o governador de São Paulo decida não concorrer. Caso contrário, poderá se lançar ao Senado. No estado, o bolsonarismo tem mais duas candidaturas: deputado Filipe Barros (PL-PR) e Cristina Graeml (Podemos).
Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, a indefinição preocupa aliados do governador e do ex-presidente. Um cenário se desenha com Tarcísio concorrendo à reeleição, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), para uma vaga ao Senado e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) concorrendo para a outra —mas a presença dele nos EUA e as investigações que o atingem podem inviabilizá-lo.
Em outro cenário, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), deixaria o cargo para concorrer ao governo ou o vice-governador Felício Ramuth (PSD) seria alçado ao posto.
Há ainda a possibilidade de o vice-prefeito de São Paulo, Mello Araújo (PL), considerado um empecilho para eventual saída de Nunes, ser candidato ao Senado no lugar de Eduardo, que não deve retornar ao Brasil.
Em Minas Gerais, estado do também presidenciável Romeu Zema (Novo), o Republicanos deve lançar para governador o senador Cleitinho, enquanto o chefe do Executivo estadual busca emplacar seu vice, Matheus Simões.
Para isso, Simões pode se filiar ao PSD, que hoje é casa do senador Rodrigo Pacheco (MG), possível nome de Lula para governador no estado.
Santa Catarina, Distrito Federal e Rondônia são estados em que o PL deverá ter dois nomes concorrendo ao posto.
No primeiro caso, Carlos Bolsonaro deve ficar com uma das vagas. A segunda é disputada pela deputada Carol de Toni (PL-SC) e pelo senador Esperidião Amin (PP-SC), que busca a reeleição.
Os dois estiveram recentemente com Bolsonaro, preso em casa desde 4 de agosto. O ex-presidente disse à deputada que ela era um bom nome e deu aval para que tentasse se viabilizar. Já Amin afirmou à Folha, após o encontro, que está cedo e há muita coisa para acontecer ainda.
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), tenta um arco amplo de alianças, mas poderia perder Amin e o PP —que se uniriam a uma candidatura do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD)— caso seu partido lance dois nomes ao Senado.
No Distrito Federal, o PL apresenta duas candidaturas eleitoralmente viáveis, mas o movimento pode pôr o partido em rota de colisão com aliados. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro é vista como garantida em uma das vagas —caso não se lance numa eventual chapa à Presidência, mesmo que como vice.
A outra é postulada pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que busca firmar acordo com PL e PP. A ideia é que a vice Celina Leão (PP), amiga de Michelle, seja sua sucessora e a chapa contemple a ex-primeira-dama e ele.
Mas a deputada Bia Kicis (PL-DF) também se colocou para o cargo, após conversas com Bolsonaro no início do ano.
Em Rondônia, o PL também deverá ter dois candidatos: o senador Marcos Rogério, que tentará se reeleger, e o empresário e amigo do clã Bruno Scheid.
Opções ao Senado competitivas ao bolsonarismo*
NORTE (3)
Acre: senador Márcio Bittar (PL-AC)
Rondônia: deputado federal Fernando Máximo (União Brasil-RO)
Pará: deputado federal Éder Mauro (PL-PA)
NORDESTE (1)
Rio Grande do Norte: senador Styvenson Valentin (Podemos-RN)
CENTRO-OESTE (4)
Distrito Federal: ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF)
Goiás: deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO)
Mato Grosso do Sul: governador Reinaldo Azambuja (PL)
Tocantins: senador Eduardo Gomes (PL-TO)
SUDESTE (3)
Minas Gerais: senador Carlos Viana (Podemos-MG)
São Paulo: secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite (PP)
Rio de Janeiro: senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
SUL (2)
Paraná: Cristina Graeml (Podemos)
Santa Catarina: Carlos Bolsonaro (PL-RJ)
*Incluindo nomes do PL, partidos aliados ou notórios apoiadores de Bolsonaro que já estão bem posicionados em pesquisas locais para ao menos uma das vagas ao Senado
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