Crédito, Amir Levy/Getty Images
- Author, Rushdi Abualouf
- Role, Correspondente de Gaza da BBC News, em Istambul
- Author, Tom Bennett
- Role, Da BBC News em Jerusalém
Há 1 hora
O Exército de Israel afirmou nesta quarta-feira (15/10) que um dos corpos entregues pelo Hamas na noite de terça (14/10) "não corresponde a nenhum dos reféns".
Segundo o comunicado, essa conclusão foi feita após exames realizados no Instituto Nacional de Medicina Forense.
"O Hamas é obrigado a fazer todos os esforços necessários para devolver os reféns falecidos", disse o Exército israelense.
Antes que o cessar-fogo entrasse em vigor, 48 reféns israelenses ainda estavam sendo mantidos em Gaza, dos quais 28 acreditava-se estarem mortos.
Na segunda-feira, quatro corpos foram devolvidos. Já na noite terça, o Hamas entregou mais quatro corpos, mas o governo só identificou três como sendo de cidadãos israelenses.
Os três últimos corpos eram de:
Uriel Baruch, de 35 anos, sequestrado no festival de música Nova. Segundo militares israelenses, ele havia sido morto em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas invadiu Israel, e seu corpo foi levado a Gaza como refém.
Tamir Nimrodi, de 20 anos, atuava como oficial na Passagem de Erez, na fronteira Israel-Gaza, em 7 de outubro de 2023. Seu destino era desconhecido até a entrega de seu corpo
Eitan Levi, de 53 anos, era taxista em Bat Yam e foi morto por homens armados do Hamas em uma estrada próxima ao perímetro de Gaza, em 7 de outubro de 2023.
Nas contas de Israel, portanto, 21 corpos ainda permanecem em Gaza.
Crédito, Fórum de Familiares dos Reféns
Ameaça ao cessar-fogo
A primeira fase do plano de paz do presidente dos EUA, Donald Trump, tinha como prazo para o Hamas devolver todos os reféns — vivos e mortos — até o meio-dia de segunda-feira.
Uma cópia do acordo de cessar-fogo, publicada pela mídia israelense na semana passada, parecia reconhecer que o Hamas e outras facções palestinas poderiam ter dificuldades para localizar todos os corpos dentro desse prazo.
Ele chega a estipular a criação de um mecanismo de compartilhamento de informações para permitir que o grupo transmita qualquer inteligência sobre o paradeiro dos corpos que não conseguir localizar aos mediadores.
O Hamas afirma que alguns dos corpos dos reféns estão presos sob escombros e pediu a entrada de máquinas pesadas para ajudar nos esforços de recuperação.
Mas há raiva em Israel com o ritmo lento das devoluções. O governo israelense acredita que o grupo está em posse de mais corpos do que os que foram entregues até agora.
Em resposta aos atrasos, Israel ameaçou ontem interromper a abertura da passagem de Rafah para o Egito e restringir a entrada de ajuda em Gaza.
Há temores de que Israel possa ir além — ameaçando este cessar-fogo frágil —, mas Trump, o Catar, o Egito e grande parte da região parecem determinados a mantê-lo.
O fato de Israel não identificar um corpo entregue pelo Hamas já aconteceu antes. Em fevereiro, o Hamas entregou o que disse serem os restos mortais da refém israelense Shiri Bibas, junto com seus dois filhos, Ariel e Kfir.
Mas os testes forenses posteriormente mostraram que não era o corpo de Shiri, provocando indignação em Israel. Mais tarde, o Hamas devolveu o corpo correto.
Temor em Gaza
Crédito, Moiz Salhi/Anadolu via Getty Images
Há preocupações em Gaza de que o atraso do Hamas em localizar e transferir os corpos dos reféns israelenses possa provocar uma resposta de Israel que coloque em risco este cessar-fogo frágil.
Israel ameaçou na terça-feira reduzir o número de caminhões de ajuda que entram no enclave e adiar a reabertura da passagem de Rafah — uma medida que imediatamente elevou os preços dos produtos básicos nos mercados locais.
Muitos comerciantes e fornecedores começaram a estocar mercadorias para criar escassez e aumentar os lucros, com medo de que a guerra recomece, disseram moradores locais à BBC.
Nas ruas de Gaza, muitos residentes expressaram temores de que esses acontecimentos possam marcar o início do fim da trégua.
"Toda vez que começamos a nos sentir seguros, novas ameaças aparecem, e tememos que a guerra comece tudo de novo", diz Neven Al-Mughrabi, mãe de seis filhos, moradora deslocada de Gaza que vive em Khan Younis.
"Perdi minha casa na Cidade de Gaza, decidi ficar aqui com minha família porque não confio no cessar-fogo e estamos cansados do deslocamento."
Ela também conta que um comerciante no principal mercado de Khan Younis disse que a procura por farinha, óleo e açúcar aumentou em poucas horas.
"Apesar da alta repentina dos preços em cerca de 30%, as pessoas estão comprando como se não confiassem que a calma vá durar muito; todos têm medo de que a ajuda pare", diz Neven.
A crescente inquietação ocorre enquanto mediadores se reúnem no Egito em uma tentativa de superar as divergências entre Hamas e Israel e manter a primeira fase do acordo de cessar-fogo nos trilhos.
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