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Jimmy Kimmel, processo contra New York Times e Wall Street Journal: as brigas de Trump contra veículos de imprensa dos EUA; cronologia

No monólogo de segunda-feira (15), Kimmel comentou o assassinato de Kirk e comparou a reação de Trump à morte do ativista à de uma criança de quatro anos chorando por um "peixinho dourado". Após a exibição, algumas afiliadas da ABC anunciaram que não transmitiriam mais o programa.

Trump reagiu comemorando a suspensão e afirmou que Kimmel “não tem talento” e que “já deveria ter sido demitido há muito tempo”.

A retirada do “Jimmy Kimmel Live!” não é o único capítulo recente da escalada de tensão entre Trump e a imprensa. Na terça-feira (16), o republicano anunciou um processo de US$ 15 bilhões (cerca de R$ 79 bilhões) contra o jornal The New York Times, por difamação e calúnia.

Mas, nesta sexta-feira (19), a Justiça dos EUA rejeitou a ação. O juiz responsável afirmou que o processo usava “linguagem tediosa” e tentava transformar o Judiciário em um "megafone" (entenda mais abaixo).

👉🏽Veja a linha do tempo das disputas de Trump com a mídia em seu segundo mandato:

Dezembro de 2024: ABC faz acordo em processo de difamação

A ABC News concordou em pagar US$ 15 milhões à biblioteca presidencial de Trump para encerrar um processo de difamação provocado por uma declaração incorreta feita no ar pelo âncora George Stephanopoulos.

Ele havia dito, de forma imprecisa, que o presidente eleito, Donald Trump, tinha sido considerado civilmente responsável por estuprar a escritora E. Jean Carroll. A rede também aceitou pagar US$ 1 milhão em honorários advocatícios.

O acordo descreveu o pagamento da ABC à biblioteca presidencial como uma “contribuição beneficente”.

Trump havia processado a ABC e Stephanopoulos em março de 2024, em um tribunal federal de Miami, após a emissora exibir o trecho no qual Stephanopoulos repetidamente descreveu incorretamente os veredictos nos dois processos civis movidos por Carroll contra Trump. Nenhum dos julgamentos concluiu pela prática de estupro, segundo a definição da lei de Nova York.

12 de fevereiro: Trump retira a Associated Press da Casa Branca

Segundo a AP, o uso de nomes geográficos deve ser universalmente reconhecível. Por isso, a agência manteve a denominação tradicional, embora reconhecesse o termo escolhido por Trump.

A AP processou o governo, e um tribunal distrital decidiu em abril a favor da agência, afirmando que, pela Primeira Emenda, o poder público não pode punir veículos pelo conteúdo de seu discurso. Em junho, no entanto, uma corte federal de apelações suspendeu essa decisão.

1º de maio: Trump corta verbas para PBS e NPR

Trump assinou uma ordem executiva para cortar subsídios públicos à PBS e à NPR, acusando as emissoras de ‘viés’ em sua cobertura. O documento instruía a Corporação de Radiodifusão Pública e outras agências federais a suspender o financiamento e a buscar formas de eliminar fontes indiretas de recursos públicos para essas organizações.

Em seguida, a NPR e três afiliadas processaram o governo, alegando violação da liberdade de expressão e abuso de autoridade presidencial. No verão, o Congresso aprovou a eliminação de US$ 1,1 bilhão destinados à radiodifusão pública.

2 de julho: Paramount Global chega a acordo com Trump

A Paramount Global concordou em pagar US$ 16 milhões a Trump para encerrar um processo sobre a edição de uma entrevista do programa "60 Minutes" com a então vice-presidente Kamala Harris, em outubro passado. Na ocasião, Harris já era candidata democrata à presidência.

Os advogados de Trump alegaram que ele sofreu ‘angústia mental’ e pediram US$ 20 bilhões em indenização. A empresa preferiu fechar acordo enquanto aguardava aprovação para uma fusão. Segundo a Paramount, que controla a CBS — emissora onde o programa é exibido, o valor será destinado à futura biblioteca presidencial de Trump e ao pagamento de seus advogados.

18 de julho: The Late Show With Stephen Colbert cancelado

Stephen Colbert anuncia fim do 'The Late Show' — Foto: REUTERS/Caitlin Ochs/File Photo

“Ano que vem será nossa última temporada. Não vou ser substituído. Tudo isso vai acabar”, disse Colbert ao divulgar o fim da atração.

A emissora alegou razões financeiras, e não de conteúdo, para a decisão. O anúncio, porém, ocorreu apenas três dias após o apresentador criticar o acordo entre Trump e a Paramount Global.

18 de julho: Trump processa o Wall Street Journal

A matéria descrevia uma carta de teor sexual que, segundo o jornal, trazia o nome de Trump e fazia parte de um álbum de 2003, compilado para o aniversário de 50 anos de Epstein.

Anteriormente, o Departamento de Justiça havia solicitado a divulgação de transcrições do grande júri no caso de tráfico sexual de Epstein. O governo Trump anunciou que não liberaria novos arquivos do processo.

Jimmy Kimmel aparece na frente da Walt Disney Television em Nova York em 14 de maio de 2019, à esquerda, e o presidente Donald Trump aparece no gramado sul da Casa Branca em 1º de agosto de 2025, em Washington. — Foto: AP

A medida foi tomada após Kimmel sugerir que o acusado de matar Charlie Kirk, Tyler Robinson, seria um republicano pró-Trump.

“A turma do MAGA está desesperada para caracterizar esse garoto que matou Charlie Kirk como qualquer coisa que não seja um deles e fazendo de tudo para tirar proveito político disso”, afirmou, segundo a imprensa americana.

A decisão veio depois que Brendan Carr, presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC) indicado por Trump, chamar os comentários de Kimmel de “doentios” e afirmar que havia base para responsabilizar o comediante, a ABC e a Walt Disney Co. por espalhar desinformação.

Na quinta, Trump comemorou a suspensão do programa e alegou que a demissão de Kimmel ocorreu porque "a audiência dele era ruim". No entanto, ele não forneceu números que embasassem a afirmação.

"Ele foi demitido principalmente porque tinha uma audiência muito ruim e ele falou coisas horríveis sobre um ótimo cavalheiro conhecido como Charlie Kirk. Já deveria ter sido demitido há muito tempo", disse.

19 de setembro: Juiz rejeita processo de Trump contra o The New York Times

Trump pedia US$ 15 bilhões alegando difamação em reportagem sobre as finanças do republicano e seu papel na série de televisão "O Aprendiz".

O juiz de um tribunal de Flórida Steven Merryday, responsável pelo caso, decidiu que o processo de Trump era excessivamente longo e repleto de linguagem "tediosa e onerosa" que não tinha relação com o caso. E apontou que o presidente tentou usar a Justiça como um "megafone".

"Uma denúncia não é um megafone para assessoria de imprensa ou um pódio para um discurso apaixonado em um comício político", escreveu o juiz.
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