de Nanjing, China
Para promover trocas de experiências e avançar na construção de futuras parcerias, a chinesa
JNG e a brasileira Âmbar Energia assinaram nesta quinta-feira (14) um Memorando de Entendimento (Mou). Apesar de ainda não ter um empreendimento específico para ser encaminhado em conjunto pelas duas companhias, uma das possibilidades é a adoção da tecnologia da empresa asiática para capturar o CO2 emitido pela termelétrica gaúcha a carvão Candiota 3 e aproveitar esse dióxido de carbono para produzir fertilizantes.
O acordo foi firmado pelo chairman da JNG, Jason Xu, e pelo diretor de operações da Âmbar Energia, Fábio Tales Bindemann, na cidade de Nanjing, sede da JNG na China. O acerto foi selado às vésperas do retorno da comitiva brasileira, formada por técnicos, empreendedores e políticos, que foi à China para acompanhar tecnologias de dessulfurização e descarbonização de empreendimentos na área de energia e inicia a sua volta ao País nesta sexta-feira (15).
Quanto às rotas tecnológicas para alcançar esse objetivo de redução de impacto ambiental, a perspectiva é que as soluções chinesas se mostrem viáveis para a realidade brasileira. A maior dúvida reside na questão da viabilidade econômico-financeira dos projetos a serem desenvolvidos. O investimento para remover uma tonelada de CO2, segundo apresentação da JNG, é em média de cerca de US$ 600, valor que inclui o aporte necessário para produzir os fertilizantes compostos à base de carbono. Normalmente, o volume de emissão de CO2 de uma térmica a carvão se equivale aproximadamente ao seu consumo do mineral.
No caso de Candiota 3, em um ano usual de operação, apresenta-se uma demanda em torno de 1,5 milhão de toneladas. Ou seja, para fazer essa operação o investimento necessário, em Reais,
em princípio seria bilionário. No entanto, para afirmar com precisão o custo para adotar a
solução de captura do dióxido de carbono na usina gaúcha, é necessário realizar um estudo mais detalhado da proposta.
No encontro que teve com a comitiva brasileira, o chairman da JNG fez algumas recomendações para o desenvolvimento pela empresa de um projeto integrado de dessulfurização e descarbonização com produção de fertilizantes sinérgicos à base de carbono e enxofre no Brasil. Entre essas sugestões, ele propôs que, para diminuir custos, todo o maquinário e equipamentos sejam adquiridos e fabricados pela JNG na China, transportados por navio e montados no local de instalação da planta escolhido em solo brasileiro. Assim, a companhia propõe que o governo do Brasil conceda isenção de tarifas aduaneiras para este tipo de equipamentos de proteção ambiental e de produção de fertilizantes.
Também foi aconselhado que o governo formule e implemente uma política de taxação de carbono, incentivando as empresas emissoras de gases de efeito estufa a reduzirem suas emissões. O valor indicado para essa taxação, conforme a empresa chinesa, seria de 10 a 30 dólares por tonelada de CO2. Além disso, outra ideia é a criação de um fundo especial para conceder às companhias investidoras nos projetos integrados de dessulfurização e descarbonização com produção de fertilizantes, assim como financiamentos a juros baixos, equivalentes a 70% do total do investimento.
Audiências para debater o Plano Estadual de Fertilizantes serão realizadas ainda neste ano
Antes de 2025 terminar, três audiências públicas serão realizadas para tratar do Projeto de Lei (PL) Nº 166/2025 que institui o Plano Estadual de Fertilizantes, Insumos para Nutrição de Plantas e Bioinsumos no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul. A ideia da iniciativa é promover um ambiente de negócios favorável à cadeia produtiva desses insumos.
O autor da proposta, o deputado estadual Paparico Bacchi (PL), adianta que esses encontros deverão ocorrer em Porto Alegre (na Assembleia Legislativa), e nas regiões da Campanha e de Passo Fundo. "Para fazermos uma avaliação da lei, para ver se ela precisa de mais alguns ajustes (antes de ser apreciada pelo parlamento)", detalha o deputado. A medida também envolve a instituição da Política Tributária Estadual de Incentivo à Cadeia Produtiva de Fertilizantes, que prevê apoio à realização de projetos do setor público e privado, na modalidade de concessão de benefícios fiscais.
O percentual, a forma, os critérios e as condições para a fruição dos benefícios fiscais serão definidos conforme estabelecido em legislação específica e em regulamentação própria. Também está prevista a adoção de mecanismos fiscais destinados a promover o tratamento tributário isonômico entre os fertilizantes, insumos para nutrição de plantas e bioinsumos produzidos no Rio Grande do Sul e os adquiridos mediante importação.
Outro ponto mencionado é a possibilidade de isenção de impostos estaduais para a importação de equipamentos industriais voltados à instalação de plantas de produção de fertilizantes no Estado. Bacchi frisa que uma das razões da proposta é diminuir a dependência de outros países. "A partir da produção local, com certeza teremos um custo menor para o produtor", projeta o
parlamentar.
Ele ressalta que o transporte internacional do insumo até chegar ao Brasil acaba encarecendo o frete. Bacchi estima que um aumento da produção interna de fertilizantes poderia refletir em uma redução de custos de 30% a 40%. "Isso vai ajudar muito o produtor rural que no Brasil, e no Rio Grande do Sul, principalmente, vem sofrendo ao longo do tempo pelas calamidades e estiagens", ressalta o deputado.
Bacchi adverte que, se o cenário não mudar, o Estado pode, futuramente, registrar um decréscimo em sua área plantada. "Se observa uma queda na qualidade da produtividade do Estado", assinala o parlamentar.

População chinesa local valoriza momentos em família jefferson klein/especial/jc
Entre as características que chamam a atenção dos brasileiros que vão para a China está o forte sentido de coletivismo que a população local possui. São facilmente percebidas algumas diferenças e semelhanças entre os dois países.
Uma das tradutoras que auxiliou a comitiva brasileira na China, Giovana Zeng, cita, por exemplo, que há algumas distinções quanto à etiqueta social. "Na China, geralmente as pessoas preferem somente apertar as mãos e o brasileiro se cumprimenta com abraços e beijos na bochecha, mesmo que seja um primeiro encontro", detalha.
Ela destaca que os chineses não têm o costume desse maior contato físico. Outro ponto ressaltado por Giovana, é que quando um chinês se dirige a uma pessoa com quem não tem uma relação íntima, ele se refere com os termos "senhor" ou "senhora" acrescido pelo sobrenome de quem está
sendo mencionado. "Raramente chamamos o nome direto, porque parece desrespeito", comenta a intérprete.
No entanto, ela diz que os chineses entendem que quando um brasileiro faz isso, não significa que
esteja faltando com o respeito. "Eu acho que a raiz da diferença é que os chineses têm mais
coletivismo", acrescenta.
Ela ressalta que os chineses preferem dar prioridade às demandas do grupo. Já os brasileiros têm um modo de vida mais individualista.
Por sua vez, entre as semelhanças, Giovana aponta que ambos os povos são muito hospitaleiros. Outro ponto citado por ela é que as duas nações valorizam as relações familiares. "Na China há muitos festivais e uma coisa importante é reunir as famílias e no Brasil também", diz a tradutora.
Giovana cursou quatro anos da faculdade de português da Universidade de Estudos Estrangeiros de Cantão. Ela comenta que na China há muitas universidades que oferecem o curso de português e, no caso dela, a tradutora também fez um ano de intercâmbio na Universidade de São Paulo (USP).

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