Publicado 30.10.2023 11:00 Atualizado 30.10.2023 11:11
© Reuters. Leia como estudantes conseguiram nota 1.000 na redação do Enem
Um texto dissertativo-argumentativo de até 30 linhas sobre um tema de ordem social, científica, cultural ou política. Esta é a redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá ser feita no próximo domingo (5.nov.2023) pelos 3,9 milhões de candidatos inscritos para as provas deste ano.
Gabaritar a redação não é tarefa simples, é preciso seguir à risca o que é exigido pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), mas também não é impossível. Ana Alice Azevedo, de Niterói (RJ), e Luiz Santos, de Manaus (AM), conseguiram 1.000 pontos na redação do Enem 2022. Eles contam como se prepararam e quais pontos os levaram a nota máxima.
“Saí da prova sabendo que tinha feito um bom texto, que tinha feito um bom trabalho. Eu estava bem feliz com o texto que tinha feito, estava esperando um bom resultado, mas não estava esperando a nota 1.000. Realmente foi algo bem surpreendente”, diz Santos, que é atualmente aluno de engenharia da computação na USP (Universidade de São Paulo).
O estudante, que cursou o ensino médio na Escola IDAAM, em Manaus, não apenas fez uma boa prova, como a redação que escreveu no Enem 2022 está na Cartilha do participante, do Inep, disponibilizada para quem vai fazer o Enem 2023. A cartilha traz orientações específicas para a prova da redação.
O tema em 2022 foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. No total, dos 2,3 milhões que fizeram a prova, só 32 tiraram nota 1.000, segundo dados do Inep. Para falar sobre o tema, Santos citou a Agenda 2030, da ONU (Organização das Nações Unidas), a Constituição Federal de 1988 e ainda a série Aruanas, que aborda as dificuldades enfrentadas por mulheres que lutam contra esquemas criminosos na Amazônia.
Como solução para o problema, parte exigida pelo Inep, ele propõe que o governo federal promova o enrijecimento de punições e o fortalecimento da fiscalização das práticas ilegais nos ecossistemas e garanta a continuidade dos conhecimentos socioculturais com o incentivo à demarcação dos territórios e à atualização da legislação vigente.
Segundo Santos, conhecer e seguir as regras do exame foi um dos fatores que fez com que ele tirasse boa nota. “Acredito que meu texto tenha seguido todos os requisitos que o Inep cobra para a redação atingir a nota 1.000. Ter, no mínimo, 2 propostas de intervenção, bem colocadas, bem desenvolvidas, explicando como vai fazer, quem vai fazer, por meio do que e com qual objetivo. Dois parágrafos de desenvolvimento, com repertório sociocultural, bem escritos e com introdução sucinta. Acredito que esse conjunto de coisas foi o diferencial da redação”, diz o estudante.
Uma redação por semana
Para a estudante Ana Alice Azevedo, ex-aluna do PB Cursos, em Niterói, o diferencial para um bom desempenho foi a prática constante. Ela escrevia 1 redação por semana para se preparar para a prova. “O diferencial foi a prática constante. Como eu fazia muita redação, já sabia na hora como fazer. O tema não foi uma surpresa muito grande, já tinha feito uma redação com tema parecido [durante os estudos], sabia como prosseguir”, diz. Foram 3 anos de cursinho até que conseguiu a aprovação que queria, no curso de medicina da UFF (Universidade Federal Fluminense).
Outro diferencial para a redação é o bom texto, o domínio da língua portuguesa. Segundo ela, a prática constante também ajuda nesse quesito. Além disso, leituras e buscas por referências, tanto na literatura, quanto no cinema, na legislação. “A prática regular ajuda a ter a estrutura consolidada e regras que a redação exige consolidadas. Além disso, a bagagem cultural, o repertório para usar no texto, acaba diferenciando a redação. Ler muitos livros e estar atualizado sobre as notícias”.
Orientações do Inep
A cartilha do participante traz mais detalhes de como deve ser a estrutura da redação, além dos exemplos comentados de redações que obtiveram a nota máxima. “Com base na situação-problema, você deverá expressar sua opinião, ou seja, apresentar um ponto de vista. Para isso, inicie o texto apresentando seu ponto de vista, desenvolva justificativas para comprovar esse ponto de vista e elabore conclusão que dê um fechamento à discussão proposta no texto, compondo o processo argumentativo”, explica.
Outra orientação do Inep é ler atentamente o que a prova está pedindo. “Para alcançar bom desempenho na prova de redação do Enem, você deve, antes de escrever seu texto, fazer uma leitura cuidadosa da proposta apresentada, dos textos motivadores e das instruções, a fim de que possa compreender perfeitamente o que está sendo solicitado”, diz a cartilha.
A prova de redação do Enem conta com textos que contextualizam o assunto sobre o qual se deve escrever. Os textos, no entanto, devem apenas servir de apoio. Caso o participante copie esses textos, ele poderá zerar a redação.
Segundo o Inep, o texto deve estar estruturado da seguinte forma:
- apresentação clara do ponto de vista e seleção dos argumentos que o sustentam;
- encadeamento das ideias, de modo que cada parágrafo apresente informações coerentes com o que foi apresentado anteriormente, sem repetições desnecessárias ou saltos temáticos (mudanças abruptas sobre o que está sendo discutido);
- desenvolvimento dessas ideias por meio da explicitação, explicação ou exemplificação de informações, fatos e opiniões, de modo a justificar, para o leitor, o ponto de vista escolhido.
Ao final, estudante deve apresentar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
Ao elaborar a proposta, o Inep propõe que as seguintes questões sejam respondidas:
- O que é possível apresentar como solução para o problema?
- Quem deve executá-la?
- Como viabilizar essa solução?
- Qual efeito ela pode alcançar?
- Que outra informação pode ser acrescentada para detalhar a proposta?
Enem 2023
O Enem 2023 será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. No 1º dia, além da redação, os participantes responderão questões objetivas de linguagens e de ciências humanas. No 2º dia de prova resolverão questões objetivas, de matemática e ciências da natureza.
As notas das provas podem ser usadas para concorrer a vagas no ensino superior público, pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada), a bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior pelo ProUni (Programa Universidade para Todos), a financiamentos do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), além de vagas em instituições estrangeiras que têm convênio com o Inep.
Com informações da Agência Brasil.
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