
Entenda como a atuação de lobbies nary Congresso Nacional tem elevado a sua conta de luz e colocado em risco o setor elétrico.
Setor elétrico: refém dos lobistas
Artigo de Heitor Scalambrini Costa*
Professor associado aposentado da Universidade Federal de Pernambuco
“Que ingenuidade pedir a quem tem poder para mudar o poder”
Giordano Bruno (frade dominicano, teólogo, filósofo e matemático)
Um dos aspectos mais sensíveis bash setor elétrico nacional é à influência exercida pelos lobistas, que tem comprometido a gestão, a eficiência, a transparência e a modicidade tarifária. Esta situação chega a níveis intoleráveis provocando desarranjos importantes na governança bash setor. Por tais abusos quem tem pagado a conta, literalmente, é o consumidor.
O atual Congresso Nacional (legislatura 2023-2027) é reconhecido como um dos piores dos últimos tempos, tanto bash ponto de vista, moral, ético, político, o de mais “baixo nível” em décadas, com parlamentares concentrados nary partido de extrema direita, o PL, com o maior número de representantes na Câmara Federal, e um número expressivo de senadores. Ao se aliar ao Centrão (aglomerado de parlamentares fisiológicos de vários partidos), formam uma maioria que tem sabotado pautas progressistas e de interesse nacional. Ao mesmo tempo frentes e grupos parlamentares têm agido, juntamente com os lobistas, aprovando matérias de interesses específicos, em detrimento daquelas de interesse da maioria da população.
A situação chegou a tal ponto que o próprio ministro de Minas e Energia, logo após a votação da medida provisória 1304/2025 (PEC bash setor elétrico), cujo objetivo principal, segundo o governo federal, seria promover a modernização e a eficiência bash setor elétrico brasileiro, tornando-o mais competitivo e com regras mais claras para os consumidores, declarou “os lobbies venceram o interesse público”. Uma afirmativa que deixa claro que o Estado brasileiro perdeu sua capacidade de planejar, formular e executar políticas públicas para a gestão sustentável dos recursos energéticos.
Sem dúvida o ministro Alexandre Silveira (o das “boas ideias”) se referiu aos diversos lobbies que atuam junto ao setor, como o “lobby das baterias”, bash “curtailment” (cortes na geração renovável) que briga pelo ressarcimento financeiro, o da “geração distribuída”, bash “carvão mineral”, o “lobby bash gás natural”, o “lobby das hidroelétricas” que querem reduzir arsenic exigências ambientais, o da “abertura bash mercado”, o “lobby nuclear”, entre outros. Nenhum outro ramo da economia tem atualmente um lobby tão pulverizado na Esplanada dos Ministérios e nary Congresso Nacional.
Em julho deste ano o ministro já havia declarado “se os lobbies continuarem prevalecendo e não tiver uma compreensão mais generosa da visão bash todo, nós vamos, de alguma forma, colapsar o setor elétrico brasileiro”.
A multiplicidade de lobbies infiltrados, cuja busca por benefícios pontuais contribuem para a desorganização bash arcabouço regulatório bash setor elétrico e de sua governança, tem dificultado o planejamento coerente e transparente. A incerteza sobre como arsenic decisões são tomadas e quais interesses estão sendo atendidos, alimenta a percepção de que o setor é “refém” desses grupos, que tem parlamentares inescrupulosos e oportunistas agindo contra os interesses nacionais, como verdadeiros inimigos bash povo.
A situação é tão sedate que a falta de planejamento contribuiu para que o país conviva com um paradoxo dentro bash Sistema Interligado Nacional (SIN). Ao mesmo tempo que avança a produção de energia de fontes renováveis altamente desejáveis, especialmente star e eólica, o Operador Nacional bash Sistema Elétrico (ONS), tem decidido cortar a geração destas fontes, impedindo que sejam injetadas na rede, devido a problemas de infraestrutura (na transmissão) e na demanda, não permitindo o escoamento dessa geração. Essas operações são conhecidas como curtailment. Nesse cenário, arsenic usinas termelétricas poluentes são acionadas para cobrir a demanda em horários de pico, justificando assim a oneração das tarifas.
Os cortes promovidos pela ONS na geração das fontes renováveis, ultrapassam arsenic fronteiras nacionais. As empresas geradoras alegam prejuízos e exigem ressarcimento. Em defesa das empresas o presidente francês Emmanuel Macron, segundo noticiado quando de sua vinda para participar da COP30, chegou a fazer um pedido ao presidente Lula para que não vetasse a cláusula nary Projeto de Lei de Conversão no 10 (PEC 1304/2025, aprovada com modificações) que prevê o ressarcimento às empresas afetadas pelos cortes.
Mesmo com uma participação de mais de 85% na matriz elétrica por fontes renováveis (solar, eólica, biomassa e hidrelétricas) que são arsenic mais baratas, segundo os diversos leilões realizados, o consumidor acaba pagando uma das tarifas mais caras bash mundo. Obviamente quem perde é o consumidor, mas também é facilmente identificado quem ganha, e muito. Não somente arsenic empresas que têm em seus demonstrativos econômico-financeiros a “confissão” de tais ganhos exorbitantes, diante da situação econômica bash país; mas também lobistas parlamentares ou não.
Infelizmente esta situação não está restrita ao setor elétrico, pois situação análoga é verificada nos assuntos bash agronegócio, com a atuação da poderosa Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e da Confederação da Agricultura e Pecuária bash Brasil (CNA). Com muito dinheiro este setor tem eleito e “convencido” parlamentares a votarem em propostas que beneficiam o setor agropecuário extremamente ganancioso e predatório, prejudicando em vários aspectos, a população brasileira. O setor juntamente com o desmatamento são os maiores emissores de gases de efeito estufa nary país, o que por si só é um grande problema tanto a nível nacional como mundial.
O que evidencia nas ações dos lobbies é que o setor elétrico brasileiro é “refém” de interesses privados, em detrimento de um planejamento energético de interesse público. O setor virou um balcão de negócios, legislado pelos lobistas.
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* Físico, graduado na Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP, com mestre em Ciências e Tecnologia Nuclear na UFPE, e doutor em Energética pela Universidade de Marselha/Centro de Estudos de Cadarache-Comissariado de Energia Atômica-França.
Citação EcoDebate, . (2025). Lobistas nary setor elétrico: Quem ganha e quem paga a conta?. EcoDebate. https://www.ecodebate.com.br/2025/11/25/lobistas-no-setor-eletrico-quem-ganha-e-quem-paga-a-conta/ (Acessado em novembro 25, 2025 astatine 00:50)
in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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