Com a inflação pressionando itens básicos como café e ovos, manter as contas em dia virou um desafio para milhares de consumidores. Uma pesquisa realizada pelos Cartórios de Protesto do Rio Grande do Sul mostrou que 31% dos moradores da capital gaúcha deixaram de pagar pelo menos uma conta no primeiro semestre do ano. Para Karine Flores, economista dos Cartórios de Protesto, os dados mostram uma combinação de fatores que vai além da perda de renda. “Vimos que 30% gastaram mais do que o orçamento permitia e 28% tiveram despesas imprevistas. Quando olhamos isso, encontramos o mesmo problema de sempre: a falta de uma reserva de emergência. Sem essa proteção, qualquer imprevisto vira uma bola de neve”, explica.
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Com a inflação pressionando itens básicos como café e ovos, manter as contas em dia virou um desafio para milhares de consumidores. Uma pesquisa realizada pelos Cartórios de Protesto do Rio Grande do Sul mostrou que 31% dos moradores da capital gaúcha deixaram de pagar pelo menos uma conta no primeiro semestre do ano. Para Karine Flores, economista dos Cartórios de Protesto, os dados mostram uma combinação de fatores que vai além da perda de renda. “Vimos que 30% gastaram mais do que o orçamento permitia e 28% tiveram despesas imprevistas. Quando olhamos isso, encontramos o mesmo problema de sempre: a falta de uma reserva de emergência. Sem essa proteção, qualquer imprevisto vira uma bola de neve”, explica.
A pesquisa também demonstrou que perder o emprego ou ficar sem renda afetou 17% dos inadimplentes, enquanto 13% apontaram redução salarial. Outras situações que impactaram as finanças foi a realização de divórcios, com 11% dos entrevistados atribuindo a separação e os gastos com pensão à nova dívida.
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O cartão de crédito segue como principal vilão: 29% dos inadimplentes entrevistados informaram que o problema com a fatura do cartão de crédito acumulada. Depois aparecem dívidas de aluguel (9%) e empréstimos bancários (7%) ou com amigos e familiares (7%). Impostos como IPTU e IPVA, contas básicas como água, luz, mensalidades escolares e dívidas com hospitais e planos de saúde estão empatadas com 5% cada.
Victória Borges é de Porto Alegre, atualmente está desempregada para se dedicar à formação como médica, e se viu em meio a dívidas causadas pelo uso excessivo do cheque especial disponibilizada n a conta bancária. “Eles te dão um limite a mais para usar no débito. Só que, infelizmente, eu utilizei e não consegui pagar”, explica.
A pesquisa, por outro lado, revelou uma disposição dos porto-alegrenses em quitar os débitos. Cerca de 95% afirmaram que pagariam suas dívidas se tivessem desconto ou melhores condições de parcelamento. E 80% regularizariam seus compromissos se fossem intimados pelos Cartórios de Protesto. Esse é o caso de Victória, que conseguiu negociar com o banco para sair da bola de neve. “Depois, eu consegui pagar com um acordo no Serasa. Minha dívida do cartão de crédito estava em R$ 2 mil. Me oferecem um bom acordo, e eu estou quitando em parcelas mensais”, explica a estudante de medicina.
Sobre o valor das dívidas, o acumulo mais comum está entre R$ 1 mil e R$ 2,5 mil, com 27%. Seguido por somas de até R$ 4 mil (19%) e entre R$ 5 mil e R$ 10 mil (17%). Apenas 5% dos entrevistados acumulam pendências acima dos R$ 30 mil.
Na comparação com o mesmo período de 2024, a inadimplência recuou 30%. Para a economista, a redução ainda reflete o impacto das enchentes de 2024, que fez muitas famílias se reorganizarem financeiramente. “Ano passado, muita gente deixou de pagar contas porque estava reconstruindo a vida. Agora, vemos uma maior cautela, cortes de gastos e menos consumo supérfluo”, analisa.
A pesquisa conversou com 400 pessoas entre 2 e 5 de junho, e revela que o consumo excessivo e os gastos inesperados continuam sendo as principais causas do endividamento.
Principais causas de endividamento:
- Consumo excessivo: comprou mais que o orçamento permitia - 30%
- Gastos inesperados: despesas médicas, mecânico ou reforma de casa - 28%
- Desemprego repentino/sem renda - 17%
- Redução de salário/renda caiu - 13%
- Divórcio: gastos com pensão e separação de bens - 11%
Motivos da inadimplência:
- Cartão de crédito - 29%
- Aluguel - 9%
- Dívidas com amigos e familiares - 7%
- Empréstimo bancário/financeiras - 7%
- IPTU - 7%
- IPVA - 6%
- TV por assinatura, telefone, serviço de streaming - 5%
- Financiamento casa/carro - 5%
- Água/luz - 5%
- Dívidas com hospitais e planos de saúde - 5%
- Mensalidade escola/faculdade/curso - 5%
- Crediário/carnê lojas - 5%
- Pensão alimentícia - 3%
- Cheque especial - 3%
Mudança de comportamento auxilia população a sair do vermelho
A pesquisa dos Cartórios de Protestos também evidenciou que mudar o comportamento de consumo pode ser a chave para o bem-estar financeiro. Quase metade dos entrevistados disse ter cortado despesas no primeiro semestre. 16% deixaram de comprar itens supérfluos no supermercado, 10% reduziram idas a bares, restaurantes e cinemas, outros 10% diminuíram gastos com roupas e estética e 9% pararam de pedir delivery. Cancelamento de TV por assinatura e serviços de streaming também foram citados por 8%.
Para quem já tem dívidas acumuladas, a economista dos Cartórios de Protesto do RS, Karine Flores, defende que o primeiro passo é listar tudo. “É fundamental enxergar o tamanho da dívida. Priorize pagar primeiro as dívidas com juros mais altos, como cartão de crédito e cheque especial. E negocie: o credor também quer receber. Vale propor prazos, descontos, formas de parcelar que caibam no bolso. É melhor pagar menos, mas de forma realista, do que fazer um acordo que não vai conseguir cumprir.
A estudante de medicina, Victória Borges, optou por rever as prioridades e focar no objetivo principal: limpar o nome. “Me juntei com o meu marido para nos organizarmos financeiramente e limpar os nossos nomes. Separamos um dinheiro para isso e cortamos gastos que atrapalhavam essa organização”.
Karine também reforça que programas como o Desenrola, do governo federal, podem ajudar justamente por serem uma ponte segura para o devedor negociar diretamente com o credor. “É interesse de quem deve limpar o nome, mas também é interesse de quem emprestou receber. Um programa assim aproxima as partes com segurança, sem risco de golpe”, afirma.
A preocupação com o custo de vida é visível. Para 47% dos entrevistados, os alimentos seguem como o maior peso no orçamento doméstico, seguidos por combustíveis (19%) e aluguel (19%). Energia elétrica (7%) e medicamentos (6%) também aparecem como gastos fixos que impactam fortemente a renda mensal.
Para a especialista, a solução também passa por políticas públicas. “A inadimplência é como um dominó: quando uma pessoa deixa de pagar, isso impacta o comércio, o governo arrecada menos impostos e toda a economia desacelera. Por isso, ações que incentivem emprego, capacitação e educação financeira são fundamentais para romper esse ciclo”, conclui.

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