O plano de contingência anunciado pelo governo federal é visto como positivo para a manutenção dos empregos e da renda pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/RS) e pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). A sobretaxa de 50% imposta a produtos brasileiros foi anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Chamado de Plano Brasil Soberano, entre as principais medidas previstas estão linhas de crédito. Apenas do Fundo Garantidor de Exportações, serão R$ 30 bilhões, conforme anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente da CTB/RS, Rodrigo Calais Gramado, destaca que o pacote anunciado pelo governo federal trouxe medidas positivas. No entanto, o dirigente afirma que elas devem seguir no sentido do que foi implementado no período da pandemia da Covid-19.
"Naquele período, tínhamos o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e Renda (BEM). Os trabalhadores querem um programa que garanta também o pagamento por parte da União dos salários e a outra parte por intermédio das empresas", comenta. Gramado diz que a entidade defende a garantia dos empregos e a manutenção da renda dos trabalhadores. "Os funcionários não podem pagar a conta do tarifaço dos EUA. Não podemos pagar esse prejuízo com a perda dos nossos empregos", acrescenta.
O sindicalista sugere que o Brasil siga negociando com os Estados Unidos desde que seja mantida a soberania nacional. "Não podemos aceitar qualquer tipo de chantagem por parte do governo norte-americano", argumenta. Para Gramado, a proteção do emprego é essencial porque, afinal de contas, está sendo aportado dinheiro público para empresas e para proteger os exportadores brasileiros.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, comenta que a indústria calçadista é um setor intensivo em mão de obra. "O setor segue atento na expectativa de novas medidas voltadas à manutenção dos empregos", acrescenta.
A indústria calçadista responde por 3% do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria de transformação brasileira. O Brasil é o quarto maior produtor de calçados do mundo, sendo que os Estados Unidos são o principal destino do calçado brasileiro. No Rio Grande do Sul, o setor calçadista é o quinto maior empregador.
A Abicalçados destaca que a indústria gaúcha já está sendo afetada pela decisão do governo norte-americano e que há relatos de empresas que tiveram pedidos cancelados. O risco de demissões no setor será avaliado nos próximos 90 dias.
Empresas da Região Metropolitana de Porto Alegre realizam demissões
Para Vitor Augusto Koch, presidente da Federação das Câmaras de Comércio e de Serviços do Rio Grande do Sul (FCCS/RS), o plano é meritório em tentar frear os efeitos do tarifaço. "Já se registram demissões na Região Metropolitana como alegada consequência das tarifas e da interrupção das exportações", comenta. No entanto, segundo Koch, o plano onera empresas. "As medidas facilitam o fluxo de caixa, adiando o pagamento de impostos, mas estabelecem linhas de crédito, sem que se saibam sequer os juros."
Conforme o dirigente, o plano pode aumentar o endividamento das empresas sem que se estabeleça a substituição dos clientes. "Talvez fosse mais produtivo abrir linhas comerciais e autorizações para vendas em outros países, fomentando eventualmente até a expansão da carteira de clientes, ainda que desviando comércio em relação aos EUA", acrescenta.
As medidas de socorro às empresas estão muito aquém da gravidade do problema para o presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, ao destacar que elas precisam de um socorro à altura da gravidade dos acontecimentos até que possam se reestruturar, reduzindo custos e cortando despesas no sentido de sobreviverem e não terem a sua atividade extinta.
Segundo Sousa, o governo federal, mais uma vez, está negando a realidade. "Uma empresa que perde de 20% a 30% do faturamento e não tem uma perspectiva imediata de recuperação precisa pensar na sua própria sobrevivência", comenta. O presidente da Federasul destaca que, neste caso, é necessária uma reestruturação, inclusive demitindo parte dos funcionários para preservar o emprego dos que permanecem e a sua própria sobrevivência.
"O que pode acontecer se uma empresa encerrar as atividades é a perda de 100% dos postos de trabalho. Além disso, o Estado deixará de arrecadar impostos que vão resultar em uma série de consequências sociais e econômicas negativas para o Rio Grande do Sul", avalia.
Já o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, as medidas anunciadas são bem-vindas para amenizar prejuízos em setores específicos, mas tem impacto limitado. "No que se refere às linhas de crédito, por exemplo, as taxas de juros pactuadas e os condicionantes de acesso são fatores fundamentais para garantir o alcance esperado da medida. Além disso, mecanismos de proteção ao emprego precisam ser realistas e condizentes com a queda de vendas das empresas impactadas", observa.
Bohn aponta que a solução mais efetiva para salvaguardar a economia brasileira é a via diplomática. "Apostando em um acordo que permita a eliminação ou redução desta tarifa e/ou exclusão do maior número possível de itens desta cobrança."

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