Megaprojeto de gastos e cortes de impostos de Trump reforça também a vitória dos defensores de armas de fogo

Por Sandra Cohen

Especializada em temas internacionais, foi repórter, correspondente e editora de Mundo em 'O Globo'

Numa grande vitória para os lobistas da indústria de armas, esta flexibilização, incluída nas mais de 800 páginas do projeto batizado de “único, grande e belo”, praticamente desmantela a Lei Nacional de Armas de Fogo (NFA), aprovada há quase um século.

A mudança drástica elimina o imposto federal de US$ 200 sobre silenciadores e a exigência que seus proprietários registrem as armas no Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos.

Facilitará, por exemplo, que as pessoas fabriquem seus próprios dispositivos sem licença, como afirmou Mark Collins, diretor do grupo Brady: United Against Gun Violence, ao jornal “The Washington Post”.

A flexibilização no controle de armas de fogo passou ao largo das resistências dentro do Partido Republicano, que divergiam em temas como a explosão do déficit e os cortes no Medicaid.

Para entender como a medida beneficiará a poderosa indústria de armas, basta constatar como a sua aprovação foi festejada pelas entidades lobistas.

Seis organizações defensoras de armas anunciaram planos mais ambiciosos do que os previstos pelo megaprojeto de Trump, assim que for sancionado e entrar em vigor: já têm pronta uma ação judicial federal para desmantelar as disposições restantes da Lei Nacional de Armas de Fogo (NFA).

Para os parentes das vítimas da violência urbana será difícil absorver que tipo de vantagem este dispositivo, aprovado na surdina escondido sob a pecha da único, grande e belo, trará ao país.