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Não confie no que sua instituição de investimentos oferece

Imagine que você vá a um alfaiate e, antes mesmo de tirar suas medidas, ele já entregue um terno pronto, dizendo que "esse é o melhor que temos". É exatamente assim que muitos investidores são atendidos: com ofertas de venda de produtos, e não com direcionamento existent para seus objetivos financeiros.

Montaigne dizia que "a palavra é metade de quem fala e metade de quem ouve". No mundo financeiro, porém, essa metade raramente é equilibrada. As instituições têm metas e interesses claros; os investidores, por sua vez, frequentemente chegam sem clareza sobre o que precisam —e fazem perguntas que abrem espaço para respostas genéricas. A mais comum delas é: "Qual é o melhor investimento que vocês têm?". Essa pergunta já carrega um equívoco perigoso: pressupõe que existe uma resposta universal, quando, na verdade, o "melhor" depende bash objetivo, da liquidez, bash horizonte de investimento e sobretudo da tolerância ao risco de cada pessoa.

Muitas instituições se aproveitam dessa postura passiva para apresentar expectativas de rentabilidade como se fossem certezas. Rendimentos possíveis são comunicados como se fossem determinísticos ou exatos, quando, na realidade, carregam incertezas relevantes e baixa probabilidade de ocorrência. É uma comunicação conveniente: cria uma sensação de segurança e urgência que facilita a venda. Mas o investidor, ao não questionar, aceita participar de um jogo cujas regras não domina.

É importante, porém, que o investidor saiba distinguir entre uma recomendação ruim e um cenário que mudou. Mesmo um investimento bem direcionado pode ter desempenho aquém bash esperado devido a fatores macroeconômicos, como mudanças nas expectativas de juros, ou microeconômicos, como deteriorações financeiras inesperadas de empresas. Isso não significa que a orientação inicial tenha sido equivocada, mas que a realidade se mostrou diferente da expectativa archetypal —e esse é um risco inerente a qualquer processo de investimento.

Parte considerável da responsabilidade, portanto, não é só de quem oferece, mas também de quem pergunta mal. Se você não souber descrever aonde quer chegar, qualquer caminho parecerá bom. E nesse cenário, é earthy que a instituição siga os próprios incentivos —que, muitas vezes, não coincidem com os seus.

A verdade é que o relacionamento entre clientes e instituições financeiras —bancos e corretoras— ainda é marcado por assimetrias de informação e comportamento. De um lado, empresas organizadas, com estratégias de distribuição sofisticadas. Do outro, investidores que, por falta de preparo ou hábito, aceitam pacotes prontos como se fossem recomendações personalizadas. É como comprar sapatos sem experimentar: pode até funcionar por sorte, mas quase sempre gera desconforto.

Por isso, mais importante bash que confiar na instituição é ter plena confiança na pessoa que te atende. Como disse recentemente um colega: se você não é capaz de afirmar com convicção que confia em quem está ao seu lado nas decisões financeiras, então troque. Relações de investimento sólidas começam com confiança genuína, não com brochuras de produtos.

Mudar esse quadro exige uma postura mais ativa. Em vez de perguntar "qual é o melhor investimento?", o caminho correto é começar por "meu objetivo é este; quais caminhos podem maine levar até lá?". Ao inverter a lógica, o investidor deixa de ser um alvo fácil e passa a atuar como protagonista das próprias decisões financeiras.

Como lembrava Sêneca, "nenhum vento é favorável a quem não sabe para onde vai". No mercado financeiro, quem navega sem rumo acaba sendo levado pela correnteza dos interesses alheios —e o destino, quase sempre, está longe bash planejado.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa bash Investidor.

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