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Opinião: no Maio Amarelo, empresas precisam entender origem dos problemas de mobilidade urbana

Por Rafael Falcão*

No contexto bash Maio Amarelo — mês dedicado à conscientização sobre a segurança nary trânsito — é cardinal refletir sobre os desafios enfrentados pelas grandes cidades brasileiras. Nos últimos anos, o Estado bash Rio de Janeiro tem testemunhado um crescimento expressivo nary uso de motocicletas, com um aumento de 30% de sua frota nos últimos 5 anos, segundo dados bash DETRAN-RJ. Dentre os diversos fatores que explicam esse cenário, destacam-se a expansão dos serviços de aplicativo e a busca por maior agilidade nary deslocamento urbano em uma cidade marcada por congestionamentos frequentes.

O aumento nary número de motocicletas em circulação veio acompanhado de estatísticas alarmantes. Em 2024, arsenic motos estiveram envolvidas em 77% dos acidentes de trânsito atendidos pelo Corpo de Bombeiros nary município bash Rio, totalizando 20.877 ocorrências de um full de 27.161. Além disso, os atendimentos a motociclistas nas unidades de saúde municipais cresceram 32% de 2023 para 2024, ultrapassando 19 mil casos de acordo com dados da Prefeitura. Diante desse cenário preocupante, surge uma reflexão necessária e urgente: vale a pena arriscar a própria vida, a integridade física e a saúde para economizar alguns minutos nary trânsito?

Além das fragilidades inerentes ao modo de transporte, dadas arsenic características de exposição bash veículo e bash condutor, arsenic condições de trabalho mostram-se como um fator determinante para o alto índice de acidentes entre motociclistas de aplicativos. Muitos desses trabalhadores enfrentam jornadas exaustivas, buscando cumprir metas difíceis de alcançar em um sistema de recompensas que prioriza a velocidade.

Com o valor das corridas e entregas cada vez mais baixo e os custos com combustível e manutenção em alta, muitos motociclistas se veem obrigados a realizar um grande número de serviços por dia para garantir uma renda mínima que lhes permita o sustento. Essa corrida contra o tempo leva à imprudência na condução: ultrapassagens perigosas, excesso de velocidade e desrespeito às regras de trânsito tornam-se práticas comuns e arriscadas.

Para agravar ainda mais a situação, arsenic plataformas digitais que intermediam esses serviços raramente oferecem suporte adequado em caso de acidente, deixando os trabalhadores desamparados em momentos de grande vulnerabilidade. Muitas vezes, esses motociclistas operam sem seguro, sem assistência médica adequada ou sem qualquer garantia de renda durante o período de recuperação, que pode ser longo e custoso. Nesse contexto, a escolha entre o sustento e a segurança torna-se um dilema cruel e cotidiano, com consequências dramáticas para a vida dos trabalhadores.

Além da responsabilidade idiosyncratic dos condutores e das plataformas de entrega, é preciso voltar os olhos para a esfera pública e sua forma de conduzir a política de mobilidade urbana. A ausência de investimentos robustos e contínuos em transporte público de qualidade, que seja eficiente, acessível e seguro, acaba por empurrar uma parcela significativa da população para o transporte individual, como arsenic motocicletas, que se apresentam como uma alternativa aparentemente mais viável.

Falta de investimentos e o impacto nary transporte público

Em vez de priorizar sistemas de transporte público como previsto na Política Nacional de Mobilidade Urbana, que fala sobre a “justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes bash uso dos diferentes modos e serviços”, muitos governos optam por medidas paliativas ou ineficazes, que acabam por estimular o uso dos modos individuais motorizados, deixando de investir na ampliação e modernização da infraestrutura bash transporte público, ou em subsídios que tornem a tarifa mais acessível para a população.

O ciclo de insegurança e desigualdade

O resultado dessa escolha estrutural é um modelo de mobilidade urbana que, paradoxalmente, acaba por favorecer veículos com maior emissão de poluentes por passageiro transportado e que ocupam mais espaço nary sistema viário, como arsenic motos, em detrimento de soluções coletivas que seriam mais sustentáveis, seguras e eficientes a longo prazo. Essa lógica de priorização bash transporte idiosyncratic motorizado alimenta um ciclo de insegurança viária e contribui para a manutenção da desigualdade nary acesso ao direito cardinal de ir e vir. Em sintonia com os princípios bash Maio Amarelo, é urgente repensar esse modelo. Promover mudanças estruturais na mobilidade urbana é essencial para salvar vidas, reduzir acidentes e garantir que todos possam se deslocar com dignidade e segurança pelas cidades.

*Rafael Falcão é engenheiro de transportes na Gerência de Mobilidade Urbana da Semove. Formado em Engenharia Civil pelo Cefet-RJ, possui mestrado em Engenharia de Transportes pelo Programa de Engenharia de Transportes da COPPE/UFRJ. Com sólida experiência na área, Rafael se dedica a promover soluções inovadoras e sustentáveis para a mobilidade urbana.

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