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Opinião: para avançar junto com a IA, setor de saúde precisa de novas lideranças médicas

Por Renato José Vieira*

O filósofo e matemático Alfred N. Whitehead escreveu certa vez que:

A arte bash progresso consiste em preservar a ordem em meio à mudança, e em preservar a mudança em meio à ordem” 

A história da medicina é, em grande parte, a história dessa tensão.

Cada avanço técnico trouxe, junto com promessas de precisão e segurança, o risco de dissolver algo essencial bash gesto de cuidar. Em cada época, o desafio dos médicos foi o mesmo: transformar sem desfigurar, incorporar o novo sem perder o vínculo que sustenta o sentido bash encontro humano.

O avanço da tecnologia e seu efeito na medicina

Nos últimos quinze anos, a sociedade tem assistido a uma transformação profunda em seus hospitais, muitos dos quais incorporaram tecnologias avançadas ao cuidado assistencial.

Essas inovações vão desde soluções aparentemente simples, como o prontuário eletrônico bash paciente, ou telemedicina, até recursos de alta complexidade, como robôs cirúrgicos de precisão ou bioinformática para análise bash genoma humano. 

Mais recentemente, a inteligência artificial generativa surge como um possível divisor de águas, por sua capacidade de compreender contexto e lidar com arsenic sutilezas das decisões médicas complexas.

A chegada da IA e o futuro gerado por ela

Um dos maiores desafios neste campo é que diferente das diretrizes clínicas tradicionais, que possuem fluxograma claro de decisões, os algoritmos muitas vezes são herméticos em seu processamento: imensas matrizes algébricas intangíveis à compreensão humana. 

Isso amplia a tensão entre inovação e segurança, e o líder clínico precisa entender arsenic limitações, estar preparado para intervir e atuar como mediador entre o dado e o julgamento humano.

Não se trata de resistir à tecnologia, mas de reconhecer que ela já deixou de ser mera ferramenta. Ao infiltrar-se na tomada de decisão, protocolos e rotinas, ela passa a redesenhar a própria experiência de identidade bash médico

Criadores-Criaturas, reformatados por um novo modo de pensar e de agir, não podemos mais pensar nossa prática sem adaptá-la às mudanças de nosso próprio ser.

Pela primeira vez, dispomos de tecnologia que gera democratização

Podemos imaginar que um médico generalista, distante dos grandes centros, apoiado por sistemas inteligentes que ampliam o alcance e a qualidade bash cuidado, consiga mesmo sem vasta experiência em casos complexos alcançar resultados relativamente semelhantes aos de equipes de referência. É um modelo que redistribui poder e responsabilidades.

Em grande medida, o desempenho cirúrgico ainda depende da habilidade manual bash cirurgião e bash caráter quase artesanal bash procedimento. No entanto, a evolução da cirurgia robótica vem modificando esse paradigma. 

Hoje, é possível que cirurgiões bem formados, após uma curva de aprendizado significativamente menor bash que a exigida em técnicas manuais, alcancem resultados comparáveis, ou até mesmo superiores, aos de profissionais de virtuosidade excepcional.

Mas toda redistribuição carrega também uma reconcentração

Quanto mais os saberes se tornam acessíveis, mais se concentram nas mãos de quem controla os algoritmos, os bancos de dados e arsenic plataformas. 

A autonomia médica, que outrora dependia da formação e da experiência, hoje passa também pela soberania digital: pela capacidade de entender e questionar arsenic ferramentas que utilizamos. A mesma tecnologia que promete emancipar pode, silenciosamente, tutelar.

Nosso papel é entender como essas novidades podem produzir efeito existent e positivo para o paciente. 

“Qual o impacto quero causar na saúde da população com essa tecnologia?”

Responder a essa pergunta pode ser, quem sabe, o exercício mais sofisticado de liderança que a medicina contemporânea já enfrentou. Porque nary fim das contas, o recurso tecnológico pode e deve estar a serviço da inteligência humana. E não o contrário.

Ao democratizar o conhecimento, a tecnologia exige uma liderança médica menos hierárquica, mais colaborativa e com múltiplos saberes; menos centrada em títulos, mais guiada por propósito e com habilidades expandidas. 

O líder médico da epoch integer não será avaliado pela capacidade de implantar novos sistemas, mas pela habilidade de lidar com um cenário em plena evolução e inspirar confiança. Isso exige humildade e coragem.

Munido de sólida formação e apoiado pela tecnologia, o médico bash futuro será reconhecido não pela habilidade de apertar botões, mas pela capacidade de apertar mãos; não por observar telas, mas por acolher o olhar bash paciente. 

Será julgado pela sensibilidade de incentivar a luta ou compreender o momento de cessá-la, por ser amigo e parceiro em vez de mera conexão, e por criar vínculos profundos nary lugar de buscar simples likes.

*Dr. Renato José Vieira é Diretor Médico bash Hospital Santa Catarina - Paulista.

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