Pessoas em Moscou

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Legenda da foto, Países com ainda menos comércio com os EUA, como a Síria, que exportou US$ 11 milhões em mercadorias no ano passado, de acordo com dados da ONU citados pela Trading Economics, aparecem na lista.
  • Author, Vitaliy Shevchenko
  • Role, Editor de Rússia, BBC Monitoring
  • Há 3 minutos

Um país que não apareceu na lista de tarifas impostas por Donald Trump aos parceiros comerciais dos EUA foi a Rússia.

A agência de mídia americana Axios citou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, explicando que isso ocorreu porque as sanções existentes dos EUA contra a Rússia "impedem qualquer comércio significativo" e observou que Cuba, Belarus e Coreia do Norte também não foram incluídas.

No entanto, países com ainda menos comércio com os EUA, como a Síria, que exportou US$ 11 milhões em mercadorias no ano passado, de acordo com dados da ONU citados pela Trading Economics, aparecem na lista.

Os EUA impuseram sanções em grande escala à Rússia após sua invasão da Ucrânia em 2022. Em geral, Trump adotou uma atitude mais amigável em relação à Rússia desde seu retorno à Casa Branca.

Trump priorizou o fim da guerra e uma autoridade sênior russa está em Washington para se reunir com seu governo enquanto as negociações para um acordo continuam.

No mês passado, Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% sobre os países que compram petróleo russo se o presidente Vladimir Putin não concordar com um cessar-fogo.

Na quinta-feira, a mídia russa também afirmou que o país não estava na extensa lista de tarifas devido às sanções existentes.

"As tarifas não foram impostas à Rússia, mas não por causa de um tratamento especial. É simplesmente porque já existem sanções ocidentais contra nosso país", disse a emissora estatal Rossiya 24 TV.

De acordo com seu canal irmão Rossiya 1, a Rússia não está na lista "para a decepção de muitos no Ocidente".

TV russa

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Legenda da foto, Alguns meios de comunicação russos adotaram um tom de zombaria em sua cobertura dos comentários de Trump.

Vários meios de comunicação controlados pelo Kremlin se referiram especificamente ao secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que disse à Fox News: "Não fazemos comércio com a Rússia ou Belarus. Eles estão sujeitos a sanções.

De acordo com o Escritório do Representante Comercial dos EUA, o comércio entre os EUA e a Rússia atingiu um valor de US$ 3,5 bilhões em 2024. Esse comércio consistia principalmente de fertilizantes, combustível nuclear e alguns metais, de acordo com a Trading Economics e a mídia russa.

A mídia russa adotou um tom de zombaria em sua cobertura. O canal pró-Kremlin NTV afirmou que Trump tratou os aliados dos EUA na Europa como "servos" que só respondem "bufando".

Muitos canais, como a Zvezda TV, administrada pelo Ministério da Defesa da Rússia, destacam a inclusão das desabitadas ilhas Heard e McDonald na lista de tarifas.

"Parece que alguns pingüins terão que pagar a tarifa de 10%", disse Zvezda.

Uma tarifa de 10% para a Ucrânia

Tarifas de Trump

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Legenda da foto, O canal Rossiya 1 disse que a Rússia não está na lista de Trump "para a decepção de muitos no Ocidente".

A Ucrânia, por sua vez, enfrenta uma tarifa de 10% sobre suas exportações para os EUA.

A vice-primeira-ministra do país, Yulia Svyrydenko, disse que a nova tarifa dos EUA afetaria principalmente os pequenos produtores.

Ele também indicou que a Ucrânia estava "trabalhando para obter melhores condições".

Em 2024, a Ucrânia exportou US$ 874 milhões em mercadorias para os EUA e importou US$ 3,4 bilhões, de acordo com o vice-primeiro-ministro.

"A Ucrânia tem muito a oferecer aos EUA como um aliado e parceiro confiável", acrescentou. "Tarifas justas são do interesse de ambos os países".

Apesar da pequena escala do comércio, os EUA forneceram apoio material significativo na guerra contra a Rússia.

Trump argumentou que o país gastou entre US$ 300 bilhões e US$ 350 bilhões com essa ajuda, enquanto o Departamento de Defesa dos EUA afirmou que US$ 182,8 bilhões - valor que cobre o treinamento militar dos EUA na Europa e a reposição dos estoques de defesa dos EUA - foram alocados para a Operação Atlantic Resolve.

Os EUA também estão tentando chegar a um acordo sobre o acesso aos minerais ucranianos como parte das negociações para acabar com a guerra.