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Por que um incêndio em uma subestação no Paraná causou apagão no país todo?

A subestação de Bateias, a 30 quilômetros de Curitiba, é uma das mais importantes do país porque concentra várias dessas "rodovias" de alta tensão, em especial um corredor de 500 quilovolts (kV) que liga o Sul ao Sudeste.

O "500 kV" é a tensão elétrica que circula na linha. Quanto maior o número, maior a capacidade de transportar energia por longas distâncias com menos perdas. Linhas de 500 kV são usadas, geralmente, para conectar regiões inteiras do país, permitindo que a energia de uma usina no Sul, por exemplo, chegue até o Sudeste.

Na hora do incêndio, o Sul estava exportando cerca de 5 mil megawatts (MW) para o Sudeste e o Centro-Oeste, o que equivale, aproximadamente, à demanda de algo em torno de 10 milhões de residências médias.

Quando a subestação foi desligada por segurança, essa ligação se rompeu: o Sul ficou com energia de sobra, e o resto do país ficou com falta.

Equilíbrio entre geração e consumo

Essa diferença de equilíbrio é um problema sério. O sistema elétrico brasileiro precisa estar em harmonia o tempo todo. A quantidade de energia gerada tem que ser igual à consumida em tempo real.

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Quando essa conta não fecha, entra em ação um mecanismo automático de proteção chamado Erac (Esquema Regional de Alívio de Carga), que funciona como um freio de emergência. O sistema corta temporariamente parte do fornecimento de energia em algumas regiões para limitar o problema e evitar que a rede inteira desabe.

Foi isso que aconteceu. Para impedir um colapso maior, o Erac desligou cerca de 10 mil MW de carga no total, afetando todas as regiões do país. No Sul, foram 1.600 MW cortados; no Sudeste, 4.800 MW; no Nordeste, 1.900 MW; e no Norte, 1.600 MW.

Segundo o MME (Ministério de Minas e Energia), a recomposição foi rápida para um evento dessa escala quando comparado a outros blecautes de grande porte registrados anteriormente.

Em até 1h30, todas as regiões, com exceção do Sul, já tinham voltado ao normal. No Sul, a energia foi totalmente restabelecida em 2h30.

Análise das causas

Nesta terça-feira, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e o MME realizam uma reunião preliminar com os principais agentes do setor para identificar as causas do incêndio e da sequência de desligamentos.

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Até o fim da semana, o ONS fazer mais reuniões antes de iniciar a elaboração do RAP (Relatório da Análise da Perturbação), documento técnico que explica o que aconteceu e como evitar novas falhas semelhantes.

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), por sua vez, enviou ofícios às empresas envolvidas para cobrar explicações sobre a interrupção no fornecimento de energia. A fiscalização da agência se deslocará ainda hoje para realizar inspeção in loco na subestação afetada e averiguar as causas da interrupção.

Além disso, serão instaurados processos de fiscalização para apurar a responsabilidade dos agentes envolvidos.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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