Ex-secretário municipal da Casa Civil, de Turismo e da Habitação, Orlando Faria tornou-se presidente do diretório municipal do PSDB no começo de outubro em meio a mais um dos processos conturbados que marcam a história recente do partido.
Fernando Alfredo, seu antecessor, organizou uma convenção em setembro à revelia da cúpula do PSDB e de uma determinação da Justiça e foi reeleito. O partido argumentou que a gestão de Alfredo estaria retaliando opositores e favorecendo aliados e, por isso, a votação poderia estar viciada e avisou que ele não deveria realizá-la.
Eduardo Leite (RS), presidente da sigla, então ignorou a convenção não autorizada e escolheu Faria para o cargo de presidente de uma comissão provisória para tocar o diretório até que uma nova convenção seja feita.
Marco Vinholi, presidente do diretório paulista, também perderá o seu cargo por ter validado a convenção municipal considerada irregular.
Em meio a esse turbilhão, Faria afirma que a fórmula para superar os traumas passará por conversas internas com vereadores e líderes históricos e uma discussão programática sobre o que o partido pode oferecer para São Paulo. O novo presidente municipal pretende realizar seminários do PSDB para discutir temas da cidade.
A troca de Alfredo por Faria foi uma derrota para o prefeito Ricardo Nunes (MDB), cujos aliados tentaram impedir a escolha do ex-secretário.
Isso porque o presidente afastado já havia se comprometido a apoiar o emedebista em sua busca pela reeleição em 2024.
Além disso, Faria já fez duras críticas públicas ao atual prefeito por ter, supostamente, abandonado premissas do projeto político que construiu em conjunto com Bruno Covas (PSDB).
"O que temos hoje é uma defesa formal da bancada de vereadores do PSDB de apoio ao Nunes. Eu assumi o compromisso de levar isso à Executiva Nacional do partido. Também existe uma resolução do partido de lançar candidato próprio em cidades com mais de 100 mil habitantes. Precisamos ver se alguém tem disposição e viabilidade para se lançar", afirma Faria, ressaltando que a discussão eleitoral é precoce e só deve ser intensificada no ano que vem.
Sobre a possibilidade de apoiar Tabata Amaral (PSB), que poderia oferecer a posição de vice na chapa para um indicado do PSDB, Faria afirma que grupos menores no partido defendem essa alternativa, mas que o foco é reorganizar a sigla na capital e tentar ao menos manter o tamanho da bancada municipal, com oito cadeiras na Câmara Municipal.
A prioridade do PSDB, afirma Faria, é estruturar um programa de governo que represente o partido. Caso a legenda decida lançar um candidato próprio, ele deverá carregar essa proposta. Se a ideia for apoiar um nome, terá que assumir um compromisso programático, não fisiológico, com o tucanato paulistano.
"O PSDB tem que se destacar dos demais ao propor o equilíbrio. Fugir do radicalismo dentro das políticas públicas e tentar equilibrá-las. Levar garantias sociais a quem mais precisa, mas sem prejudicar as finanças da gestão, quebrar o caixa, gastar mais do que arrecada", conclui.
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