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'Qualquer transferência forçada ou deportação de pessoas de Gaza é estritamente proibida', diz ONU sobre fala de Trump

"Qualquer transferência forçada ou deportação de pessoas de território ocupado é estritamente proibida", afirmou o escritório da ONU em pronunciamento à agência de notícias Reuters.

"É crucial que avancemos para a próxima fase da trégua [na guerra entre Israel e Hamas], para liberar todos os reféns e prisioneiros detidos arbitrariamente, acabar com a guerra e reconstruir Gaza, com pleno respeito ao direito humanitário internacional e ao direito internacional dos direitos humanos", completou o escritório de da ONU.

EUA vão 'assumir' Gaza, diz Trump

Trump e Netanyahu se reúnem na Casa Branca — Foto: Elizabeth Frantz/Reuters

O presidente Donald Trump disse na terça-feira (4), ao lado do premiê israelense Benjamin Netanyahu, que os EUA assumirão o controle e serão donos da Faixa de Gaza, acrescentando que "as mesmas pessoas" (palestinos) não deveriam estar encarregadas de reconstruir e ocupar a terra. Ele afirmou que vê os EUA mantendo uma "posição de posse de longo prazo" no território.

"Em vez de [os palestinos] terem que voltar e reconstruí-la, os EUA vão assumir a Faixa de Gaza, e vamos algo com ela. Vamos tomar conta", disse Trump, afirmando que seu país poderia liderar o processo de reconstrução.

"Ter aquele pedaço de terra, desenvolvê-lo, criar milhares de empregos. Vai ser realmente magnífico", ele disse.

Trump deu a declaração na Casa Branca, em Washington, ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o primeiro líder estrangeiro a ser recebido durante o segundo mandato do Republicano.

Netanyahu não comentou diretamente o plano de Trump para Gaza. Ele afirmou que os objetivos de Israel no território palestino incluem a libertação dos reféns e fazer com que não haja mais ameaças à integridade do país vindas do local.

A repórteres, Trump afirmou que tem planos de visitar Gaza, Israel e também a Arábia Saudita. Ele não deu nenhuma data para a viagem acontecer.

Trump afirmou que gostaria que a Jordânia e o Egito recebesse os palestinos deslocados do território, cuja infraestrutura foi seriamente destruída após 15 meses de guerra entre Israel e Hamas — grupo terrorista que controla a região.

"É um local em escombros. Se pudéssemos encontrar o pedaço certo de terra, ou vários pedaços de terra, e construir alguns lugares realmente bons com bastante dinheiro na região [para os palestinos], aí sim. Acho que seria muito melhor do que voltar para Gaza", disse ele a repórteres no Salão Oval.

Tanto a Jordânia quanto o Egito já demonstraram repúdio pela ideia, defendendo que os palestinos tenham o direito de permanecer em suas terras.

Trump não ofereceu detalhes específicos sobre como um processo de reassentamento de palestinos poderia ser implementado.

Pouco depois das declarações, a Arábia Saudita publicou um comunicado afirmando que não vai estabelecer laços com Israel até que um Estado Palestino seja criado. O país também rejeitou a proposta de Trump de retirar palestinos de Gaza.

O conflito entre Israel e Hamas, interrompido em janeiro por um acordo de cessar-fogo, gerou uma crise humanitária no território e deixou mais de 40 mil mortos.

Até o ano passado, os Estados Unidos afirmavam ser contra o deslocamento forçado de palestinos. O então presidente Joe Biden defendia a criação do Estado da Palestina e um acordo para convivência pacífica com Israel.

As falas de Trump levantam preocupações sobre uma saída generalizada de palestinos da Faixa de Gaza, o que poderia resultar no "apagamento" do grupo na região e enfraquecer a proposta para a criação do Estado da Palestina.

Trump conversou com o rei Abdullah da Jordânia neste sábado. Em entrevista a jornalistas, o presidente norte-americano afirmou que sugeriu que o monarca aceite palestinos no país, já que a Faixa de Gaza está uma "bagunça".

No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, reiterou a rejeição de seu país à proposta.

"Nossa rejeição ao deslocamento dos palestinos é firme e não mudará. A Jordânia é para os jordanianos e a Palestina é para os palestinos", disse o chanceler.

A proposta de Trump foi elogiada pelo ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, em um comunicado: "A ideia de ajudá-los a encontrar outros lugares para começar uma vida melhor é uma excelente ideia. Após anos de glorificação do terrorismo, (os palestinos) poderão estabelecer vidas novas e boas em outros lugares."

Smotrich é um dos principais nomes da extrema direita no país, defensor da anexação total dos territórios palestinos por Israel e da criação de novos assentamentos israelenses, considerados ilegais pela ONU e pela maior parte da comunidade internacional.

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