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Quer dar um tempo ou mudar de trabalho? Saiba se preparar financeiramente

Esse segundo trabalho, além de me dar enorme prazer, me dá a flexibilidade de carga horária de que eu precisava para ter tempo para o meu filho que vai nascer em dezembro.

Para a coluna de hoje, preparei um passo a passo para você organizar a sua libertação do trabalho atual, com base na minha experiência pessoal e nos meus conhecimentos como profissional de investimentos e finanças pessoais.

1. Defina quanto tempo ficará sem renda

O primeiro passo é definir por quanto tempo você vai precisar viver sem a renda do seu trabalho, ou com uma renda menor. Seis meses, um ano, três anos, cinco anos?

Após definir, acrescente uma boa folga, especialmente se você for ficar totalmente sem renda e se ainda não conhece muito bem o mercado do seu futuro trabalho.

Minha recomendação é que seja bem conservador, para não dizer pessimista, nessa estimativa. Se acredita que em dois anos estará começando a ter sua nova renda, faça um plano para ficar quatro anos sem receber nada.

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Na primeira vez em que fiz uma transição de carreira, em 2014, cometi o grave erro de estimar um período curto demais para começar a ter receita. Com isso, acabei vivi momentos de grande estresse, com medo de o dinheiro acabar, tendo que aceitar trabalhos que pouco acrescentavam para o meu projeto dos sonhos.

Resultado, abortei meu projeto, tive que trabalhar normalmente com o que não queria, e juntar dinheiro tudo de novo. Somente dez anos depois, pude me entregar novamente ao projeto, como estou fazendo hoje, desta vez com uma folga enorme de tempo que me dá uma segurança e tranquilidade que eu nunca havia experimentado.

2. Calcule quanto pretende gastar no período

Para saber quanto dinheiro você precisa ter para se sustentar no período, é importante separar a sua previsão de gastos pessoais da projeção de investimentos na sua qualificação e na criação do negócio, se for o caso.

A estimativa para os gastos com educação e implementação do negócio varia muito de um mercado para o outro, então não vou entrar nesse ponto. Aqui, vamos falar apenas dos gastos pessoais.

Se você hoje gasta, digamos, R$ 10 mil por mês, para manter esse padrão pelos próximos cinco anos, sempre reajustando pela inflação, é preciso ter uma reserva de R$ 516 mil aplicados no Tesouro Selic, que é o investimento mais seguro do país.

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Peça ajuda para um consultor financeiro pessoal realizar esse cálculo de acordo com o seu nível pretendido de gastos mensais e o tempo que espera ficar sem renda ou com renda baixa.

3. Caso não tenha o dinheiro, veja quanto juntar

Não tendo o dinheiro necessário para ter tranquilidade financeira durante o tempo em que estiver sem renda de trabalho, você precisará juntar.

Mas quanto juntar por mês? Por quantos meses? Essa também é uma conta mais complicadinha, que recomendo solicitar a um consultor financeiro pessoal.

O que eu consigo adiantar por aqui é: hoje, investindo uma certa quantia por mês durante quatro anos, você consegue juntar o suficiente para viver com essa mesma quantia por cinco anos.

Por exemplo, se você investir R$ 5 mil por mês durante quatro anos, você terá um patrimônio que lhe permitirá viver por cinco anos gastando R$ 5 mil por mês, sempre atualizados pela inflação.

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Essa é a proporção que você tem que considerar: investe quatro anos para gastar por cinco.

Isso, claro, se você estiver começando sem nenhum patrimônio. Se tiver um pouco de dinheiro ou algum bem que possa ser vendido (um carro ou imóvel), já ajuda.

4. Caso já tenha o dinheiro, escolha onde aplicar

Nos cálculos que fiz aqui, utilizei como referência a rentabilidade atual do Tesouro Selic e a inflação dos últimos 12 meses (5,13%). Se você não quiser dor de cabeça quanto a isso, pode tranquilamente deixar o dinheiro nesse título.

Mas, é possível obter rentabilidades maiores em títulos privados, como CDB, LCA e LCI. Apenas fique atento à liquidez do título, ou seja, quanto você pode resgatar seu dinheiro. Os papéis que rendem mais só permitem o resgate na data de vencimento.

Então, planeje-se para sempre ter liquidez. Por exemplo, o dinheiro do primeiro ano pode ser deixado no Tesouro Selic, que permite resgatar a qualquer momento sem perdas.

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Já o valor que será gasto no segundo ano pode ficar em um CDB, LCA ou LCI com prazo de um ano, sem liquidez diária. Assim, o dinheiro vai rendendo mais até ser resgatado daqui a um ano. Já para o terceiro ano, você pode deixar em um título de dois anos, e assim por diante.

Principal lição

A principal lição que eu aprendi é que, quanto mais apertado financeiramente você ficar durante o período de transição, mais nervoso você vai passar e isso pode afetar as suas chances de conduzir o seu novo projeto.

Eu me lembro do meu desespero para fechar negócios rapidamente, pois não tinha tempo (nem dinheiro) a perder. Isso me dava baixíssimo poder de negociação, além de limitar a minha criatividade e me desviar do meu rumo.

Portanto, não adiante seu projeto se seu planejamento financeiro não estiver muito claro para você e com uma boa folga.

Desta vez, antes de iniciar a transição, passei meses economizando metade do meu salário, para garantir uma reserva bem folgada, prevendo o cenário mais pessimista possível.

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Hoje, minha situação é a oposta à da minha primeira tentativa. Tudo flui muito facilmente, tenho ideias mil, aplico no meu ritmo e sem nenhum estresse. O retorno está vindo muito antes do esperado - justamente agora, que tenho reservas para muito mais tempo.

Alguma dúvida?

Tendo alguma dúvida sobre investimentos, me siga no Instagram e envie uma mensagem por lá. Sua pergunta poderá ser respondida em breve nesta coluna.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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