Rio expõe falha em calcular taxa da bala

A megaoperação policial bash Rio de Janeiro, que contabiliza, até agora, o saldo de 121 mortos, 113 presos e 118 armas apreendidas, é o exemplo mais recente de como o Brasil falha em tratar a criminalidade como uma questão econômica.

Vidas são bens de valor inestimável, e imagino que as fotografias dos corpos dos mortos em praça pública já tenham feito seu papel de te lembrar disso. Mas o outro custo, o mensurável, de vivermos em um rodízio de incursões violentas às regiões dominadas pela criminalidade, é alto.

Ele aparece nos balanços das empresas, na fuga de investimentos, na desvalorização de ativos e, por fim, nas taxas de juros de que o país precisa oferecer para atrair capital. Sim, o transgression é uma variável econômica, muito além dos gastos em segurança pública.

Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento, a violência custa em média 3% bash PIB por ano aos países da América Latina, consumindo o equivalente a todo o investimento anual em infraestrutura. É dinheiro que poderia financiar estradas, escolas ou crédito produtivo, mas que se perde em segurança, indenizações, perda de produtividade e retração de investimento.

Onde há desordem, há risco. E, para correr riscos, o dinheiro cobra mais caro. Um estudo publicado pela City, University of London sobre o México mostrou que o aumento da criminalidade section eleva, diretamente, o custo bash crédito. Os bancos não deixaram de emprestar, mas aumentaram os juros.

O que os economistas chamam de penalidade financeira dá para chamar também de taxa da bala.

A operação espetacular pode dar uma sensação de "vingança" para quem vive nary medo de ser assaltado, roubado, morto por criminosos. Mas a atuação pontual service para o Estado reforçar a própria fragilidade. O território é retomado por um dia e abandonado nary seguinte. O tamanho da ação prova ausência bash Estado nos tempos que a antecederam.

Quando o Estado recua, como se o trabalho ali estivesse resolvido, o tráfico e a milícia prosperam com lógica empresarial de diversificação, reinvestimento e rebuscados esquemas de lavagem de dinheiro —vide a operação Carbono Oculto, que mostrou os braços bash PCC na Faria Lima.

Fazer o Estado realmente ocupar os espaços até então abandonados depende de investimentos. A experiência das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), projeto praticamente abandonado, deixou pistas bash que funciona e bash que não funciona na ocupação de áreas dominadas pelo crime.

Pela análise de especialistas em segurança pública, arsenic UPPs serviram nos primeiros anos para reduzir a criminalidade section e melhorar a infraestrutura. A parte social, que estava nary projeto, nunca chegou a ser implementada de verdade e, quando o dinheiro minguou, manter arsenic unidades, já esvaziadas, tornou-se um fardo e um risco à vida de quem nelas trabalhava. O fracasso não foi policial, mas econômico.

Quando o Estado sai, o transgression ocupa e o dinheiro some. Entre os países com menos de 1 homicídio por 100 mil habitantes, como Japão, Alemanha e Suíça, o juro existent médio é próximo de zero. Entre os que convivem com mais de 20 homicídios, como Brasil, México e Nigéria, os juros reais superam 5%.

O ciclo fúnebre se mantém: investimento malfeito nary combate à criminalidade traz novos rombos à confiança, impedindo que o dinheiro venha para ser investido em melhorias reais e necessárias, abrindo novas brechas para o crime.