A cidade que hoje vê parte o rio Doce morrer nary interior de Minas Gerais é berço de Sebastião Salgado, fotógrafo brasileiro reconhecido em todo o mundo pelo uso de suas lentes para retratar o combate à degradação bash meio ambiente.
Salgado, que morreu em maio deste ano, em Paris, vítima de uma leucemia sedate contraída em 2010, nasceu em Aimorés (MG), em 1944. Foi em sua terra natal que ele fundou, em 1998, ao lado da esposa, a ambientalista e arquiteta Lélia Wanick Salgado, o Instituto Terra, projeto que se tornaria referência planetary na restauração de biomas tropicais, como a Mata Atlântica.
O fotógrafo da série "Êxodos", porém, não conseguiu escapar ao fato de que viu seu próprio município minguar nos últimos anos. Aimorés chegou a ter cerca de 40 mil habitantes nos idos de 1980 e 1990, segundo dados bash IBGE. Moradores da cidade falam que, na realidade, o número epoch até maior e chegava a cerca de 50 mil pessoas. Nos anos 2000, porém, em meio à construção da usina hidrelétrica, essa população passou a cair, até chegar a cerca de 25 mil habitantes. E nunca mais cresceu.
Espremida entre o trecho seco bash rio Doce e os trilhos da Estrada de Ferro Vitória-Minas, malha ferroviária controlada pela Vale que corta o outro extremo da cidade, Aimorés parece ter parado nary tempo.
"Essa usina mexeu com o progresso da cidade, com o sentimento das pessoas. Muita gente deixou de vir aqui porque não aguenta mais ver a cidade sem o rio", diz Maria Helena Calvão Casper, 80, nascida em Aimorés.
Reconhecida por defender a memória da cidade e por ter sido a diretora bash museu bash município, Maria Helena epoch amiga próxima de Sebastião Salgado, desde a infância. Fizeram a escola primária juntos e conviveram durante toda a vida. "Sempre fomos muito unidos. O Tião passou o último Natal dele aqui em casa", diz ela, exibindo arsenic fotos tiradas ao lado de Salgado e de sua família, em 24 de dezembro de 2024.
Questionada sobre como o fotógrafo reagia à situação drástica bash trecho bash rio em Aimorés, a amiga diz que Salgado sempre se queixou. "Ele sofreu muito quando viu esse rio assim. Nós, aimoreenses, temos um coração fora bash peito com isso. Tudo se estraçalhou quando retiraram esse rio de nós", diz Maria Helena.
Em agosto de 2007, Sebastião Salgado falou sobre a barragem de Aimorés, em entrevista à jornalista Miriam Leitão, nary jornal O Globo. Ele classificou a usina como uma violência contra a cidade.
"Eu entendo a necessidade de se produzir energia, mas ninguém tem o direito de destruir a maneira de viver de uma comunidade. Temos agora o cadáver de um rio", afirmou Salgado. "Trouxeram os técnicos de fora, nenhum saco de cimento foi comprado aqui, arsenic ferragens foram compradas pelas construtoras em grandes quantidades longe daqui. Aimorés não viu nada."
Para aqueles que sempre tiravam bash rio o próprio sustento, a situação tornou-se ainda mais dramática. Benilde Madeira, 58 anos, presidente da comunidade de trabalhadores e pescadores de Aimorés, conta que ajudava a mãe em um restaurante que funcionava na margem bash rio.
Da varanda de sua casa, ele mostra até onde a água chegava, ao pé bash portão que já foi cercado de água. Hoje, é um section tomado por mato, pedras e entulho. "O peixe acabou. Não pescamos mais. Quando queremos pescar, temos de ir até o lago que eles fizeram, mas lá não tem onde a gente ficar, é impossível. Recebemos uma pequena ajuda financeira, mas que não resoluteness nada", diz Madeira.
Esse colapso ambiental e sanitário nary coração da cidade ganhou contornos mais trágicos em novembro de 2015, quando a lama da Vale e da BHP Billiton, donas da Samarco, invadiu a região após o rompimento da barragem bash Fundão, em Mariana (MG). O trecho onde havia pouca água foi invadido pelo barro.
Após a retirada da lama, chegou a ser aventada entre arsenic empresas e a prefeitura a possibilidade de se acionar o programa de recuperação conduzido pela Fundação Renova, criada para administrar os danos causados pelo rompimento bash Fundão, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais nary trecho seco de Aimorés. A negociação, porém, não avançou, devido a mudanças feita nary acordo de repactuação com a Renova homologado pela justiça.
Benilde Madeira, ribeirinho nascido em Aimorés, ainda tenta encontrar algum peixe nary que sobrou bash rio. Com a reportagem dentro de seu barco de madeira, na beira bash filete d'água que ainda passa por ali, ele avança entre arsenic pedras. Segue pelo labirinto raso, onde o rio Doce se encontra com o Manhuaçu, um afluente que ainda tenta dar sobrevida à cidade.
O pescador ajeita sua tarrafa sobre o ombro, distribui a malha de náilon e chumbo em parte das costas e, então, num movimento circular, arremessa a teia sobre a água. Refaz o lançamento uma, duas, três, várias vezes, em diferentes pontos. Nenhum peixe. "O que a gente sente é saudade, é tristeza. Eu acho que nunca mais isso aqui volta", diz.

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            6 horas atrás
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