Roberto Hunoff, de Caxias do Sul
A Sulgás está na fase de confecção do próximo Plano Plurianual de Negócios, com o qual o pretende investir R$ 1 bilhão para a ampliação da rede de gasodutos nos próximos cinco anos. No prazo inicial de três anos, o valor a ser aplicado é de R$ 500 milhões.
A informação foi repassada, nesta segunda-feira (23), pelo diretor comercial Charles Netto durante participação na RA (reunião-almoço) da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul. "Vamos apresentar o plano para avaliação da Agergs e do Estado. Com aprovação e composição tarifária podemos iniciar os aportes, de forma gradual, a partir do próximo ano", afirmou. Para 2025 estão programados aportes de R$ 100 milhões.
A empresa atende, atualmente, 100 mil clientes por meio de 1,5 mil quilômetros de redes de gasodutos, com a distribuição de 2 milhões de m³/dia em 37 municípios. A meta para 2030 é dobrar o número de clientes, especialmente residenciais, chegando a 2 mil quilômetros de redes em 44 municípios atendidos na área de concessão.
Um dos gargalos apontados pelo executivo para a expansão da distribuição de gás natural é a necessidade de maior infraestrutura, especialmente de transporte, de responsabilidade da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) e fiscalizado pela Agência Nacional de Petróleo.
"Precisamos de mais opções de transporte, um segundo gasoduto seria o ideal. Atualmente estamos limitados a um, o Gasbol, que vem de São Paulo, passando por Paraná e Santa Catarina, até chegar ao Rio Grande do Sul", observou. Alertou que, nas condições atuais, um grande projeto que exigisse volume próximo a 1 milhão de m³/dia de gás não teria como ser atendido.
Uma segunda alternativa é trazer gás da Argentina, mas também com a necessidade de construir um gasoduto de transporte de 500 quilômetros, a partir de Uruguaiana. De acordo com Netto, atualmente o Brasil é menos dependente do gás boliviano, que responde por 30% a 40% da demanda. A maior parte é provida pelo pré-sal e também por meio do gás natural liquefeito, que chega transportado em navios.
Um dos projetos de incremento do consumo envolve 365 pequenas e médias empresas, já identificadas por meio de georreferenciamento, localizadas entre 500 metros a 1 quilômetro das redes. Destas, 56% são da Região Metropolitana de Porto Alegre, 40% da Serra e a diferença do Vale do Taquari. A agregação deste grupo aumentaria o consumo diário em cerca de 300 mil a 400 mil metros cúbicos.
O programa exigiria aporte de R$ 250 milhões ao longo de 10 anos, dos quais R$ 130 milhões em gasodutos, e R$ 120 milhões para a conversão da matriz energética pelas empresas. Para viabilizar o valor da conversão, a Sulgás espera que a Agergs reveja decisão recente que diminuiu esta possibilidade, o que levou, inclusive, a empresa a reduzir investimentos neste ano.
Outra ação já em andamento é a dos corredores verdes, com a criação de pontos de abastecimento nas principais rodovias para veículos pesados, como caminhões e ônibus. Para concretizar o projeto, a empresa está convertendo parte dos bicos atuais instalados em postos de combustíveis para modelos GV2, com maior velocidade de abastecimento.
Para 2025, a expectativa é de seis pontos, dos quais dois já instalados, em Eldorado do Sul e Canoas. "Queremos ampliar para garantir o atendimento dedicado aos clientes de veículos pesados, um mercado que está em flagrante crescimento no Rio Grande do Sul", afirmou.
O diretor comercial destaca que o gás natural, por fazer parte de uma matriz que gera segurança energética, deveria receber incentivos públicos, que hoje inexistem. Lembrou que, nas enchentes de maio, o combustível foi usado em térmica de Canoas para assegurar energia elétrica para a Região Metropolitana.
Define o gás natural como um combustível de transição, com índices menores de emissão de contaminantes em relação ao diesel, para alcançar no futuro a energia limpa, como eólica, dentre outras. Ainda cita como vantagens a previsibilidade de abastecimento contínuo e a segurança ao substituir centrais de gás em condomínios.
De acordo com Netto, a utilização do gás natural na matriz energética do Brasil, que era de 2% em 1990 chegou a atuais 13%, totalizando 50 mil quilômetros de redes, mas bem abaixo de outros países. Nos Estados Unidos são 2 milhões de quilômetros e, no México, 260 mil. Enquanto no Brasil somente seis por cento das residências são abastecidas pelo combustível, na Argentina é de 69%.
"Indicadores como estes tornam o gás altamente competitivo, o que não ocorre no Brasil", alerta. Na composição da tarifa, 53% é o preço do gás; 13% de transporte, 13% de margem da empresa e 21% de tributos. "Se queremos descarbonizar, ter uma matriz mais limpa, precisamos de incentivo, é uma bandeira para todos. É um combustível que oferece previsibilidade de preço, eficiência energética e redução de custos de manutenção", registrou.
Ao abrir o evento, o presidente da CIC Caxias, Celestino Oscar Loro, enfatizou que a entidade defende o debate sobre alternativas energéticas, mas reforçou que toda solução precisa ser economicamente viável e sustentável em toda a cadeia. "Não importa qual energia vamos escolher para o futuro: a conta precisa fechar, de ponta a ponta", afirmou.

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