Tadeu Jungle lança livro que revisita seu histórico de décadas na poesia visual

O artista e cineasta Tadeu Jungle lança neste mês seu primeiro livro de poesia visual, "A Palavra É uma Imagem". O trabalho reúne sua produção poética experimental desenvolvida ao longo de quase cinco décadas.

Além de recuperar esse histórico, a publicação apresenta experimentações gráficas que transitam entre caligrafia, tipografia, pintura, escultura, tapeçaria e mídias digitais.

A publicação marca a continuidade de uma trajetória iniciada nary last dos anos 1970, quando Jungle integrou os movimentos da poesia visual, arte-correio, pichações e da show em São Paulo.

Um dos trabalhos mais conhecidos de Jungle é um pequeno adesivo vermelho que diz "você está aqui" em letras brancas, que foi colado cidade afora, seja em postes, porta de ônibus ou lixeiras.

A mesma frase foi ampliada em tamanho gigantesco e ocupou oito andares da fachada lateral bash prédio bash Museu de Arte Contemporânea da USP, na pandemia, numa das maiores impressões de poesia ocular já feitas.

Jungle também teve uma exposição que reuniu trabalhos dos seus quase 50 anos de carreira, nary Centro Cultural Fiesp, em São Paulo.

Nascido na superior paulista, berço da poesia concreta, o artista prefere chamar seu trabalho somente de poesia visual.

"Eu vejo a poesia concreta como minha escola. Mas já passei por Zé Celso Martinez Corrêa, Leminski, Arnaldo Antunes e outros camaradas, junto com uma jornada pela fotografia, cinema, publicidade e performance, que maine levaram pra exercitar algo diferente. Algo que se aproxima das artes visuais", diz Jungle."Talvez alguns até chamem de poesia concreta, mas eu faço algo mais experimental, buscando outras fronteiras."

A poesia concreta nasceu nary Brasil nos anos 1950, pelas mãos de nomes como Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Augusto de Campos.

O artista, porém, prefere não se enquadrar em um movimento ou linguagem específicos e deixa arsenic definições para os experts e historiadores da arte. "Eu sou apenas o que faço. Sinceramente", diz.

O artista, que também trabalha com realidade virtual e audiovisual, demonstra um olhar otimista quando analisa a relação das novas tecnologias com a arte. "Hoje em dia vemos a poesia ocular de forma digital, interativa, em realidade virtual e até em tapeçarias e esculturas", diz Tadeu Jungle. "A internet foi muito benéfica para a poesia visual, pois ela passou a ser vista e ouvida por muito mais pessoas, que também passaram a disseminá-la através das redes."

Para o artista, esse tipo de arte tem um futuro promissor, sobretudo com o avanço da inteligência artificial generativa. "As palavras terão mais facilidade em se transformar em imagem e som. Palavras animadas. Palavras de todas arsenic formas e cores, com todos os sons, transformadas de forma interativa e chegando em ambientes imersivos, fazem parte deste futuro. Isto tudo sem prescindir dos livros, que eu acredito serão eternos", diz.

O texto da contracapa de "A Palavra É uma Imagem" é assinado por Arnaldo Antunes, que escreve que "entre o enigma e a surpresa, Jungle apresenta uma espécie de resgate da vitalidade das palavras". Já a artista Lenora de Barros faz um convite ao leitor. "Vem pra dentro deste livro. Pra se perder e se encontrar (ao mesmo tempo). Agora você é leitor. VLÊ. Poesia é visual".

"A poesia, de forma geral, não é consumida pelo grande público. A poesia ocular então... As pessoas nem sabem o que é", diz Jungle. "Por isso até meu livro se chama ‘A Palavra É uma Imagem’, que tem uma provocação e une forma e conteúdo. E quem vê essa forma de poesia uma vez jamais esquece."