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Talentos seguem sendo atrativo para players de chips virem para o RS

A Tellescom, que já estava flertando para construir uma fábrica de encapsulamento e testes de semicondutores no Rio Grande do Sul há mais de dois anos, assinou ontem um protocolo de intenções com o governo do Rio Grande do Sul.

A empresa escolheu Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, para colocar a operação. O investimento será de US$ 170 milhões, cerca de R$ 1 bilhão.

Em conversa recente que tive com o CEO da Tellescom, Ronaldo Aloise Júnior, ele disse que a perspectiva é que a fábrica comece a ser construída no início de 2026. O foco será atender o mercado de não memórias (que já está bem atendido no Brasil), mirando em soluções para telecomunicações e setor automotivo. Destacando que o processo dessa cadeia produtiva envolve: design house, fabricação (frontend, a parte mais cara) e encapsulamento de semicondutores (backend).

Questionado hoje pelo Jornal do Comércio sobre o motivo da escolha do RS, o CEO da Tellescom, Ronaldo Aloise Júnior, destacou que “o mais importante é a capacidade cerebral, o conhecimento, a prática”.

De fato, o Rio Grande do Sul sempre foi uma referência e muito respeitado no Brasil pelos talentos que é capaz de formar para a área de microeletrônica.

Do Programa de pós-graduação em Microeletrônica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PGMICRO) no início dos anos 2000, passando pela Ceitec – mesmo que como projeto não tenha acontecido como se esperava, ajudou a criar um ecossistema propício para esse setor – ao Instituto Tecnológico de Semicondutores, da Unisinos, o Estado foi se consolidando como referência intelectual nessa área.

“A capacitação é questão central, e sempre uma demanda urgente e permanente. Os quadros que preparamos no RS e formamos na Ceitec mergulharam nessa cadeia produtiva global e seguem sendo referenciais para a atração de empresas, mas precisamos formar mais gente", analisa Adão Villaverde, professor da Politécnica da Pucrs e doutor em semicondutores.

Um exemplo do interesse internacional pela capacidade humana gaúcha foi a join venture entre a brasileira HT Micron e a sul-coreana Hana Micron – aliás, Ronaldo Aloise participou do business setup dessa operação.

O próprio processo de extinção da Ceitec, que depois foi revertido, trouxe para o Estado duas empresas internacionais, que chegaram aqui para, justamente, aproveitar a mão de obra qualificada até então deixada pela Ceitec: EnSílica (Inglaterra) e a Impinj (EUA), hoje instaladas no Tecnopuc.

Reforço institucional estratégico, e um recado sobre as intenções do Estado, foi o lançamento, em 2024 pelo governo do Estado, do Programa Semicondutores RS. O objetivo da iniciativa, liderada pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (SICT), é tornar o ecossistema de inovação em semicondutores mais forte no Rio Grande do Sul. Mais recentemente, a Invest RS passou a atuar também nessa conexão com players do mercado, inclusive tendo participação importante na vida da Tellescom.

No final da semana passada, o presidente da Ceitec, Augusto Gadelha, desembarcou no Brasil depois de uma missão para a China. Na ocasião, foi assinado um Memorando de Entendimento (MoU) com a Sanan, uma das maiores empresas de semicondutores da China, e em breve o mesmo deve acontecer com a GPT, especializada em fabricação de semicondutores de potência.

O foco principal dos encontros foi se aproximar de players proeminentes na produção de semicondutores de potência utilizando o carbeto de silício, que é a tecnologia que está sendo implantada na fábrica da Ceitec. E, com isso, facilitar a entrada da empresa na América Latina e na América do Norte o mais breve possível.

“A nossa expectativa é que isso aconteça em um prazo de dois a três anos”, disse.

Com a força dos seus cérebros, do ecossistema criado e da articulação, o Rio Grande do Sul acelerar para buscar o protagonismo em um dos setores mais estratégicos do mundo.

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