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Tarifaço de Trump atinge até sebo usado em biocombustíveis

Esse ciclo de expansão, no entanto, foi interrompido de forma abrupta. "As vendas caíram a zero nos últimos meses", relatou Charbel Syrio, presidente da Camez-Abra (Câmara de Comércio Exterior da Associação Brasileira de Reciclagem Animal). Além da paralisação imediata, contratos de médio e longo prazo, que garantiam previsibilidade a investimentos, foram suspensos ou cancelados.

A gordura animal, antes integrada à agenda americana de descarbonização com a produção de SAF, agora precisa de novos mercados. Mas a logística consolidada com os EUA — navios, operadores e contratos estáveis — não tem substituto imediato. Redirecionar fluxos para Europa ou Ásia exige tempo e custos maiores.

Parte da produção vem sendo absorvida pelo mercado interno, favorecido pelo aumento da mistura obrigatória de biodiesel no diesel de 14% para 15%. Mas o efeito é limitado. "O ideal seria voltar à tarifa zero. Mesmo algo entre 10% e 15% já tornaria o negócio novamente viável", disse Syrio. Segundo ele, a associação pressiona com negociações com o governo brasileiro e diálogo com empresas americanas. "Nós já tivemos algumas reuniões, já estamos bem alinhados e já estamos aguardando uma devolução", afirmou.

O setor de celulose, inicialmente alvo de tarifa de 10%, mobilizou não apenas empresas brasileiras, mas também clientes e entidades americanas para pôr fim à taxação do produto. O argumento decisivo foi econômico. Sem o insumo brasileiro, os EUA não atenderiam à demanda por itens essenciais como papel higiênico e toalhas de papel. O consumidor perderia em qualidade e a indústria local veria sua competitividade ameaçada. O governo americano recuou.

Segundo maior exportador brasileiro para os EUA, atrás apenas da Embraer, a Suzano celebrou o resultado. "Foi uma discussão técnica, mostrando o impacto direto no consumidor americano", disse Fábio Almeida de Oliveira, vice-presidente executivo de Papel e Embalagens.

No entanto, a mesma Suzano vê dificuldades no papel, agora taxado em 50%. Com estoques para atender o mercado até o fim do ano, a alternativa será redirecionar a produção para o Brasil e países vizinhos.

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