Sem descartar o envio de tropas americanas para o enclave, Trump falou como investidor imobiliário, prometendo transformar o território palestino numa Riviera do Oriente Médio, sem os palestinos.
“Você constrói moradias de ótima qualidade, como uma cidade bonita, como um lugar onde eles podem viver e não morrer, porque Gaza é uma garantia de que eles acabarão morrendo”, completou o presidente, ao expor seu plano de reconstrução do enclave destruído por 15 meses de bombardeios, sem a presença dos palestinos. O secretário de Estado, Marco Rubio, tuitou que Trump "tornaria Gaza bonita novamente".
A proposta de limpar Gaza de palestinos e de escombros é, sem dúvida, a mais surpreendente e fantasiosa já apresentada por um presidente americano na longa história que marca o envolvimento dos EUA no conflito entre Israel e palestinos. Remete automaticamente à lembrança do êxodo forçado da população em 1948, durante a criação de Israel, período conhecido pelos palestinos como Nakba (catástrofe).
A curto prazo, a ideia de Trump tem potencial de inflamar ainda mais a região e enterrar o cessar-fogo negociado com o Hamas para libertar os reféns israelenses. Contradiz as diretrizes propagadas pelo presidente americano de manter o país fora de guerras e confrontos.
Egito e Jordânia já descartaram a ideia de receber a população palestina, na semana passada, quando o presidente americano lançou a ideia de limpar o enclave com o deslocamento de sua população. Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos também rejeitaram a proposta, unificando as posições de países árabes.
A normalização das relações entre o reino saudita e Israel é uma das metas da política externa de Trump, mas está condicionada também à criação de um Estado palestino independente. Este plano parece ter sido definitivamente sepultado pelo atual presidente americano, em plena sintonia com a extrema direita que sustenta o governo de Netanyahu e total indiferença às aspirações da população palestina.
Palestinos formam 'corredor humano' em retorno ao norte da Faixa de Gaza em 27 de janeiro de 2025. — Foto: REUTERS/Mohammed Salem
Comentários
Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro