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Trump x África do Sul: entenda a acusação de 'genocídio branco' e por que ela é rejeitada pelo governo sul-africano

Desde o início do ano, Trump tem feito críticas públicas e adotado medidas contra o governo da África do Sul, o que resultou em uma crise diplomática entre os dois países. Não há indícios de genocídio promovido pelo governo sul-africano contra a população branca, como alega o presidente americano.

No mês seguinte, o embaixador sul-africano nos EUA foi expulso do país, acusado de “explorar questões raciais”. À época, o secretário de Estado Marco Rubio compartilhou uma reportagem em que o embaixador teria dito que Trump lidera um movimento de supremacia branca.

"Estão matando agricultores. Eles são brancos, mas, para mim, não faz diferença se são brancos ou negros", declarou.

A ONG Human Rights Watch classificou a medida como uma distorção racial cruel, destacando que milhares de refugiados negros tiveram pedidos de asilo negados pelo governo americano.

A África do Sul nega qualquer perseguição a brancos e rejeita a alegação de que esse grupo seja alvo desproporcional de crimes. As taxas de homicídio no país são elevadas, e a grande maioria das vítimas é negra.

Durante o encontro desta quarta-feira, Ramaphosa afirmou que nunca tinha visto os vídeos exibidos pela equipe da Casa Branca e negou que exista genocídio no país.

"Gostaria de saber onde fica isso porque nunca vi esses vídeos."

Após o encontro, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da África do Sul afirmou que não há "confisco de terras" no país.

Além disso, segundo o jornal "The New York Times", outro porta-voz do governo afirmou que as acusações envolvendo "genocídio branco" podem ser resolvidas com uma investigação independente.

O presidente dos EUA, Donald Trump, mostra supostas reportagens sobre 'genocídio branco' na África do Sul enquanto se encontra com o presidente do país, Cyril Ramaphosa — Foto: REUTERS/Kevin Lamarque

Trump afirma que a África do Sul estaria perseguindo membros da comunidade afrikaner — um grupo formado por descendentes de holandeses, alemães e franceses que migraram para o país no século 17.

Atualmente, os afrikaners representam cerca de 4% da população sul-africana, ou aproximadamente 2,5 milhões de pessoas, em um país com mais de 60 milhões de habitantes.

Historicamente, os afrikaners lideraram o regime do apartheid, que institucionalizou a segregação racial até o início dos anos 1990. Apesar do fim do regime, os brancos ainda controlam uma parte significativa das terras agrícolas do país.

Recentemente, o governo aprovou uma lei para corrigir o desequilíbrio entre propriedades no país. Dados apontam que os brancos possuem três quartos das terras agrícolas de propriedade plena da África do Sul. Por outro lado, os negros dominam apenas 4% dessas áreas, mesmo sendo mais de 80% da população.

O bilionário Elon Musk, nascido na África do Sul e aliado de Trump, declarou que os sul-africanos brancos têm sido vítimas de “leis racistas de propriedade”.

Qual a realidade do país?

Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, durante sessão do Fórum Econômico Mundial da África na Cidade do Cabo em 5 de setembro — Foto: Sumaya Hisham/Reuters

O governo da África do Sul nega que esteja promovendo um genocídio branco. Nem mesmo o partido que representa os afrikaners e a comunidade branca do país afirmam que crimes do tipo estejam acontecendo.

Em fevereiro deste ano, um juiz sul-africano também afirmou, em uma decisão, que não há genocídio no país.

A BBC afirma ainda que estatísticas mais recentes sobre violência na África do Sul apontam que 6.953 pessoas foram assassinadas no país entre outubro e dezembro de 2024. Desse total, 12 foram mortas em ataques a fazendas, sendo que apenas uma das vítimas era um fazendeiro.

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