O uso ético da inteligência artificial no jornalismo e o combate à desinformação nortearam as discussões promovidas pela ANJ (Associação Nacional de Jornais) durante a entrega do Prêmio de Liberdade de Imprensa de 2025, na manhã desta quinta-feira (4).
O evento teve uma homenagem à Folha e a outros 12 jornais associados à ANJ com mais de cem anos de existência, pela contribuição com a história e a democracia do país. Fundada em 1921, a Folha completará 105 anos em fevereiro de 2026.
Em um painel sobre "IA e o futuro do jornalismo", o diretor de Redação da Folha, Sérgio Dávila, observou que o profissional que souber utilizar melhor as ferramentas conseguirá se destacar no mercado e que será necessário manter uma visão crítica sobre elas.
"Algo que não pode ser substituído pela inteligência artificial é o julgamento, que é uma característica humana", disse ele aos presentes no auditório da ESPM Tech, na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, onde foi realizado o evento.
Para o diretor de Jornalismo do Grupo Estado, Eurípedes Alcântara, a coragem necessária para o exercício da profissão também é um diferencial em relação à tecnologia. "O que não vai ser substituída é a coragem editorial. Algoritmos não vão peitar os Poderes quando necessário", afirmou.
Dávila ressaltou a importância da educação midiática e do olhar apurado sobre as novas tecnologias em 2026, ano eleitoral. "Você vai ver campanhas de adversários políticos inventando vídeos, frases, fatos sobre seus adversários. Caberá aos jornalistas discernir o que é fato e o que é IA, e isso ficará mais difícil por causa da sofisticação das ferramentas."
O diretor de Redação do jornal O Globo, Alan Gripp, lembrou o papel exercido pelo jornalismo no combate à desinformação durante a pandemia da Covid-19 e acrescentou que a população recorre à imprensa quando necessita de informações de confiança.
"Somos um porto seguro em momentos difíceis", disse. "A gente tem que ter uma visão otimista também e valorizar a credibilidade que construímos, entender que isso é um ativo."
O painel sobre IA e jornalismo foi mediado pela diretora-executiva de Jornalismo e Esporte do Grupo RBS, Marta Gleich.
O Instituto Palavra Aberta recebeu o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa deste ano. A organização sem fins lucrativos atua na educação midiática e no auxílio à identificação do que é desinformação nas redes sociais.
"Sem educação midiática não existirá audiência crítica. Sem audiência crítica que valorize o trabalho da imprensa, não haverá jornalismo de qualidade. Sem jornalismo independente, plural e responsável, a democracia não floresce. Sem democracia não há espaço para a liberdade de expressão. E sem ela não há respeito aos direitos humanos e não haverá espaço para o exercício da cidadania", disse Patricia Blanco, presidente da instituição, ao receber o prêmio.
Fundado em 2010, o Palavra Aberta publica uma coluna semanal na Folha e tem Judith Brito, superintendente do Grupo Folha, entre os seus conselheiros.
"Numa época em que a gente vive com os riscos, os problemas e as polarizações, os cancelamentos, as fake news no ambiente digital, esse trabalho é muito importante", disse Judith durante a entrega do prêmio.
Além da Folha, a lista de jornais centenários homenageados pela ANJ também incluiu os jornais O Estado de S. Paulo (150 anos), A Tribuna (de Santos, com 131 anos), Correio do Povo (de Porto Alegre, com 130 anos), Cruzeiro do Sul (de Sorocaba, com 122 anos), Jornal do Commercio (de Manaus, com 121 anos), ACidade On (de Ribeirão Preto, com 120 anos), Monitor Mercantil (do Rio de Janeiro, com 113 anos), A Tarde (de Salvador, com 113 anos), Gazeta do Povo (de Curitiba, com 106 anos), Jornal do Commercio (do Recife, com 106 anos), A Notícia (de Joinville, com 102 anos) e O Globo (com 100 anos).
Foram entregues placas comemorativas aos veículos, e a ANJ anunciou que fará do gesto uma prática recorrente. Ou seja, todos os jornais associados à entidade que completarem cem anos passarão a ser homenageados em cerimônias futuras.
Marcelo Rech, presidente-executivo da ANJ, ressaltou não ser comum que empresas completem cem anos e que, no caso de um jornal, a vida centenária é um sinal de credibilidade e de "alavanca para o futuro".

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57 minutos atrás
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