5 meses atrás 6

VÍDEO: farinha começa a chegar, e padarias em Gaza reabrem para produzir pão para palestinos

"Estamos em uma corrida contra o tempo para evitar a fome generalizada", disse o diretor do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no país, Antoine Renard, em comunicado a jornalistas.

Entre os suprimentos entregues pela ajuda humanitária, que ainda representa "uma gota em um oceano", segundo a ONU e ONGs que acompanham a situação em Gaza, está a farinha, matéria-prima do pão. Cerca de 90 caminhões entraram no território nesta quinta-feira, afirmou o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.

O reabastecimento fez com que a padaria Deir al-Balah tivesse um movimento atípico nesta quinta-feira. Diversos palestinos foram vistos na linha de produção, preparando a massa e embalando os pães, no estilo árabe, para a distribuição. (Veja no vídeo acima)

"A farinha chegou do Programa Mundial de Alimentos da ONU, e começamos a trabalhar imediatamente. (...) Se Deus quiser, as padarias no norte de Gaza também retomarão o trabalho em breve", disse o padeiro Ahmed Al-Banna, enquanto pães sírios passavam por uma esteira atrás dele, em sua padaria em Deir al-Balah.

Palestinos produzindo pão na padaria Deir al-Balah em 22 de maio de 2025. — Foto: REUTERS/Ramadan Abed

O diretor da Rede de Organizações Não Governamentais Palestinas em Gaza, Amjad al-Shawa, afirmou à agência de notícias Reuters que as padarias apoiadas pelo Programa Mundial de Alimentos da ONU produzirão o pão e a distribuição será feita pela equipe da agência —um sistema mais controlado do que o anterior, em que os padeiros vendiam diretamente ao público a preços baixos.

A retomada de produção em algumas padarias de Gaza ocorre em meio a um agravamento da crise humanitária vivida pelos 2,3 milhões de palestinos por conta da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, iniciada em outubro de 2023.

Muitos outros caminhões ainda estão na fronteira da Faixa de Gaza, e milhões de palestinos ainda esperam para receber mais alimentos, segundo a Cruz Vermelha. A instituição afirmou ainda que há um temor de que multidões desesperadas tentassem saquear os veículos ao chegarem.

Palestinos produzindo pão na padaria Deir al-Balah em 22 de maio de 2025. — Foto: REUTERS/Ramadan Abed

Mais medo da fome que dos bombardeios

Israel diz ter liberado 100 caminhões para entrar em Gaza, mas ainda não houve distribuição

Israel diz ter liberado 100 caminhões para entrar em Gaza, mas ainda não houve distribuição

Hosam Abu Aida, de 38 anos, morador de Beit Lahia, cidade no norte da Faixa de Gaza que está sitiada, falou à agência de notícias AFP sobre a situação no território. Como milhares de outros moradores, ele contou que vive atormentado pela falta de comida para os filhos:

"Tenho mais medo da fome e das doenças do que dos bombardeios israelenses. A fome está nos destruindo", diz.

Caminhões carregando ajuda humanitária parados no lado israelense da passagem de Kerem Shalom, na fronteira com a Faixa de Gaza, em 20 de maio de 2025. — Foto: REUTERS/Amir Cohen

Israel anunciou que autorizou a entrada de 93 caminhões da ONU carregados com ajuda humanitária, incluindo farinha, alimentos para bebês e suprimentos médicos, nesta terça-feira (20), e outros 100 nesta quarta-feira (21).

A ONU reclama que essa ajuda é "uma gota em um oceano" de necessidades e argumenta que Israel está impedindo que a ajuda chegue à população.

"A situação é insuportável. Ninguém nos deu nada, todos estão apenas esperando. Estamos ouvindo falar de ajuda há dois dias, mas até agora não chegou nada e não recebemos nada. Apenas palavras vazias", lamenta Um Talal al Masri, de 53 anos, da Cidade de Gaza.

ONU alerta que crianças não estão recebendo comida em Gaza devido ao bloqueio imposto por Israel. — Foto: REUTERS/Mahmoud Issa

Israel acusa o Hamas, que governa Gaza, de desviar remessas de ajuda, e o movimento islamista acusa as autoridades israelenses de usar "a fome como arma de guerra".

"Meus filhos vão dormir com fome todos os dias. Não queremos mais promessas, queremos viver", afirma Omar Salem, que vive em um campo de deslocados em Khan Yunis, no sul do território.
"Não é um luxo, é uma emergência. Precisamos de tudo: comida, remédios, água potável, produtos de higiene", resume Al Masri.
Leia o artigo inteiro

Do Twitter

Comentários

Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro