* De Guaíba
Foram iniciadas nesta quinta-feira (23), as obras do Aerociti - Aerocentro Integrado de Tecnologia e Inovação, o hub aeronáutico da Aeromot. O lançamento da pedra fundamental do complexo ocorreu pela manhã, na cidade de Guaíba, no terreno que, inicialmente, seria destinado à fábrica da Ford, que nunca chegou ao Estado. A data foi escolhida por marcar o Dia do Aviador, que relembra o primeiro voo do 14-Bis de Santos Dumont, realizado em Paris no dia 23 de outubro de 1906.
Para 2025, estão previstas a limpeza e a terraplanagem do canteiro de obras. Ao longo de um período de mais ou menos um ano, conforme o CEO da Aeromot, Guilherme Cunha, as obras serão de preparação do terreno, incluindo o sistema de drenagem, eletricidade e esgoto, com poucas estruturas visíveis.
Até 2027, entretanto, deverá ser finalizada a pista de 1,4 mil metros e uma fábrica de aeronaves, movimentando em torno de 700 trabalhadores de maneira direta e cerca de 800 de forma indireta. A estrutura poderá ser utilizada emergencialmente como alternativa ao Aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre e, em tempos de normalidade, movimentará a aviação executiva e de cargas.
Para isso, serão desembolsados R$ 240 milhões, além dos R$ 60 milhões já investidos durante a preparação do projeto e obtenção das licenças. Até o momento, estão contratados financiamentos para dar conta do valor desta primeira fase das obras. A Aeromot não anunciou com quem foram realizadas as negociações. O presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Ranolfo Vieira Junior nega que a instituição tenha tido conversas sobre a obtenção de créditos para o projeto.
"As fontes são o próprio recurso da empresa, financiamentos e parceiros estratégicos também estão vindo para poder crescer e colocar empresas satélites, então isso é um ecossistema que vai ter investimento de vários bolsos", acrescentou Cunha.
LEIA TAMBÉM: Obra de complexo aeronáutico em Guaíba deve movimentar 1500 trabalhadores
O aporte total do projeto, cuja execução está prevista para cerca de 10 anos, deverá chegar a R$ 3 bilhões e é possível que a chegada de futuros players movimente até R$ 10 bilhões. Da soma, R$ 1 bilhão estará sendo desembolsado nos próximos cinco ou seis anos, de acordo com Cunha. Nesse período, serão realizadas a consolidação de hangares, a construção do centro de pesquisa, do hub de inovação, a finalização da fábrica e o desenvolvimento da praça pública. O restante do valor chegará "de carona" com essas estruturas.
A escolha da Aeromot, que é mineira, em investir em Guaíba, se deu por uma vocação gaúcha à aviação e pela oferta de mão de obra especializada na região. "O Rio Grande do Sul sempre foi um protagonista muito grande aqui na parte da aviação, desde a nossa saudosa época da Varig, que alguns ex-varigueanos aqui provavelmente estão. Então, para a gente é um motivo de muito orgulho ver esse legado se renovar aqui hoje. Foi daqui que partiram pessoas e tecnologias para transformar a aviação no Brasil e no mundo", destacou Cunha.
A expectativa do prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata, é de que o complexo possa auxiliar na retenção da população em Guaíba e até no aumento do número de habitantes. "Vamos manter a mão de obra e os jovens no Estado com empregos de excelência, de engenharia e tecnologia. Já temos a possibilidade da Scala Data Centers (que tem outro projeto de investimento bilionário na divisa do município com Eldorado do Sul) e, sem dúvida, a Aeromot traz um projeto que troca muita tecnologia com outros países", destacou o chefe do Executivo municipal em entrevista ao Jornal do Comércio.

Aeronaves da empresa austro-canadense Diamond serão fabricados no Aerociti Nathan Lemos/Especial/JC
O governador Eduardo Leite, por sua vez, também ressaltou os investimentos bilionários anunciados para o Estado entre 2024 e 2025 e que estão deslanchando atualmente. Mas, mais do que isso, afirmou esperar que outros empreendimentos sejam atraídos ao Rio Grande do Sul após a instalação do Aerociti.
"Naturalmente, você consolida uma perspectiva de investimento dessa natureza e isso vai gerar maior atratividade, movimentação de pessoas e desenvolver essa área", destacou o governador. Para ele, poderão ser necessários investimentos na qualificação da Estrada do Conde, que dá acesso tanto ao local quanto à Toyota, para melhorar a infraestrutura local.
"A primeira etapa do empreendimento, que fica pronta provavelmente no primeiro semestre de 2027, vai nos permitir alavancar novos investimentos. Esse complexo vai atrair novos aportes destinados à aviação e a formação de mão de obra vai acabar atraindo mais gente e empreendimentos para o Estado", acrescentou o líder do Piratini.
ITA deverá se somar ao projeto
Além de reunir oito universidades com foco no centro de pesquisas e inovação, o complexo Aerociti deverá ter a principal instituição de ensino superior do ramo atuando no projeto: o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), localizado em São José dos Campos, no estado de São Paulo. Com ele, será firmado um protocolo de intenções para ampliar a colaboração.
"Isso, para a gente, é um grande marco, porque vai significar não só a formação de novas pessoas, especialização na área de engenharia, como também desenvolvimento em conjunto de novas tecnologias", explicou Cunha ao anunciar a novidade.
O tópico foi retomado por Leite em seu discurso, puxando uma salva de palmas. "O Instituto Tecnológico da Aeronáutica é uma referência em ensino de engenharias especializadas e ter essa perspectiva de associação do ITA a esse empreendimento é algo fenomenal, uma capacidade de transformação de futuro maravilhosa para o nosso Rio Grande do Sul", celebrou o governador.
Projeto envolverá áreas públicas e fabricará aviões
O espaço ainda abrigará áreas de convivência e lazer. Entre elas, praças e um museu que contará a história da aviação. “Temos que continuar motivando as novas gerações que estão vindo. Por isso, é importante termos o pilar da inspiração (pelos exemplos aeronáuticos)”, afirmou o CEO da Aeromot, Guilherme Cunha. A expectativa de Maranata, aliás, é de que isso auxilie a fomentar o turismo no município.
Por outro lado, a fabricação de aviões, que já iniciará em 2027 com comercialização a partir de 2028, tem gerado expectativas. Por um lado, há uma parceria com a autro-canandense Diamond para a fabricação da aeronave DA62. Por outro, há uma parceria com a Leonard Helicópteros, um dos maiores conglomerados da Itália.
Além disso, está sendo desenvolvido um projeto conjunto com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para lançar a AMT-X, a primeira aeronave movida a etanol do mundo, com produção 100% brasileira. O complexo espera realizar uma nacionalização gradual da fabricação de aeronaves e helicópteros, a partir da produção de peças e componentes, assim como a fabricação e montagem de diversos modelos.
Ver essa foto no Instagram

                                German (DE)                
                                English (US)                
                                Spanish (ES)                
                                French (FR)                
                                Hindi (IN)                
                                Italian (IT)                
                                Portuguese (BR)                
                                Russian (RU)                




:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/l/g/UvNZinRh2puy1SCdeg8w/cb1b14f2-970b-4f5c-a175-75a6c34ef729.jpg)










Comentários
Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro