5 meses atrás 16

Águia Fertilizantes retoma projeto de mineração de fosfato em Lavras do Sul

O projeto Fosfato Três Estradas, em Lavras do Sul, voltado à mineração de fosfato bruto para utilização na agricultura, foi retomado pela Águia Fertilizantes. Junto com as instalações que serão utilizadas para a extração do minério, com início das obras de construção previsto para o mês de agosto, a empresa alugou uma área em Caçapava do Sul que será usada para o beneficiamento do produto para distribuição comercial.

O começo das atividades se dá depois de uma decisão favorável da 1ª Vara Federal de Bagé ao processo de licenciamento ambiental da mina, objeto de uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) e por grupos ambientalistas que alegava a falta de discussão do projeto com comunidades locais e solicitava a anulação dos atos desde o aceite do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). Apesar do recurso impetrado pelo MPF no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o novo julgamento não tem data para acontecer.

Águia alugou estrutura da Dagoberto Barcellos em Caçapava do Sul para ser usada no beneficiamento do produto para distribuição comercial | Dagoberto Barcellos/Divulgação/JC

Águia alugou estrutura da Dagoberto Barcellos em Caçapava do Sul para ser usada no beneficiamento do produto para distribuição comercial Dagoberto Barcellos/Divulgação/JC

Com investimentos que superam R$ 150 milhões desde 2011, quando pesquisas de terreno e materiais começaram a ser realizados pela Águia, o projeto é divulgado como estratégico para a autossuficiência do país na produção do fosfato, que atualmente é importado principalmente da Ucrânia. A operação deve gerar um total de 150 empregos diretos nos primeiros anos.

De acordo com o gerente de projetos da empresa, Diego Boeira, a decisão favorável renovou a confiança de investidores internacionais – a Águia, embora brasileira, conta com capital australiano e está listada na Bolsa de Valores de Sidney. “Eles ficaram mais seguros de que a gente pode realmente andar para a frente, até em termos de segurança jurídica no Brasil, como lugar para investimentos”, pontuou Boeira.

Segundo o gerente, a decisão da justiça se baseou no entendimento de que a empresa introduziu mudanças que reduziram impactos ambientais e modernizaram o empreendimento. Entre as principais alterações estão o abandono do uso de carvão como fonte de energia — previsto no projeto inicial de 2015 — e a adoção de um processo industrial que não utiliza água.

Decisão favorável à licença ambiental da empresa renovou a confiança de investidores internacionais, defende gerente de projetos da Águia | TÂNIA MEINERZ/JC

Decisão favorável à licença ambiental da empresa renovou a confiança de investidores internacionais, defende gerente de projetos da Águia TÂNIA MEINERZ/JC

“Teríamos uma usina termelétrica dentro do empreendimento para secar o produto. Naquele momento era o que havia de tecnologia disponível. Hoje não faz mais sentido falar em carvão. O Brasil já tem tecnologia disponível e é um custo acessível”, explica.

Com a planta de Lavras ainda em fase de construção, a Águia encontrou uma solução para iniciar a produção comercial e gerar receita: alugou por 10 anos a planta industrial da Dagoberto Barcellos, em Caçapava do Sul, a cerca de 80 quilômetros da jazida Três Estradas. A unidade, que possui capacidade de processamento de 100 mil toneladas por ano, começará a operar no início de 2026.

Boeira explica que, durante os dois a três primeiros anos, a empresa extrairá o fosfato bruto em Lavras do Sul, transportando o minério até Caçapava para moagem, peneiramento e ensacamento. A partir de 2027, quando estiver concluída a planta industrial definitiva junto à mina Três Estradas — com capacidade três vezes maior, de 300 mil toneladas por ano —, a Águia passará a operar nos dois municípios, ampliando a produção para 400 mil toneladas.

O produto final será um fosfato natural reativo, que não passa por processos químicos e é vendido em sua forma bruta, com diferentes composições minerais conforme a jazida de origem. O nome comercial da variedade de Três Estradas é Pampafós, que poderá ter dois formatos de comercialização: em “big bags” de uma tonelada e sacos de 50kg. No site de relações com investidores da Aguia Resources, o preço estimado da tonelada é de 220 dólares australianos, equivalente a cerca de R$ 800,00. “Mas até termos o produto disponível, serão cerca de 10 meses. Então ainda não tem um preço. A gente já tem distribuidores e cooperativas querendo fazer a pré-compra desse produto, mas ainda não foi possível, porque precisa ter uma data para começar a entregar”, adverte Boeira.

Paralelamente à operação em Lavras do Sul, a Águia Fertilizantes desenvolve pesquisas em uma nova jazida de fosfato em Caçapava do Sul, a menos de dois quilômetros da planta alugada. A expectativa é que o novo depósito entre em fase de licenciamento até 2027, ampliando o portfólio de produtos da companhia.

“Temos feito testes agronômicos desde o ano passado: em cultura de inverno, com aveia e azevém. Em cultura de verão fizemos com milho e soja. Os resultados dos primeiros testes foram bem positivos, e isso está nos motivando a levar essa jazida para um licenciamento ambiental”, adianta Boeira. Conforme o gerente, a intenção da empresa é criar um portfólio robusto, com diferentes produtos naturais adaptados a diversas necessidades do solo e da agricultura brasileira. A pesquisa mineral da Águia já identificou ao menos seis depósitos promissores em sua área de atuação.

“Essas novas jazidas garantem uma longevidade bastante grande para o nosso projeto. Mas é preciso muito investimento para que cada uma delas avance até a fase de licenciamento. Só com pesquisa mineral e testes agronômicos são pelo menos três anos de trabalho em cada caso”, explica.

Além dos projetos de fosfato, a Águia Fertilizantes tem planos de diversificar sua atuação com a extração de cobre também na região Sul do Estado. A empresa já realiza pesquisas geológicas voltadas à identificação de depósitos economicamente viáveis, embora os estudos ainda estejam em estágios iniciais. Segundo Boeira, a prioridade da empresa no momento está voltada para o fosfato.

Leia o artigo inteiro

Do Twitter

Comentários

Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro