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Cadeia produtiva metalmecânica é a que mais sofrerá com o tarifaço

*de Caxias do Sul

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*de Caxias do Sul

Embora defina como preocupante para todo o setor a paralisação das exportações para os Estados Unidos, o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), Ubiratã Rezler, alerta para uma situação ainda mais grave e complexa que se desenha na cadeia fornecedora de insumos, matérias-primas e serviços. Formada essencialmente por micro e pequenas empresas, de baixa presença no mercado externo, excetuando-se algumas poucas organizações, a cadeia deve passar por momentos difíceis com a perda de venda para os clientes exportadores, situação que deve se agravar quando se tornar necessário um ajuste de preços para seguir fornecendo. “Será muito difícil baixar o custo atual de fornecimento ao cliente para que ele consiga manter a exportação. A concorrência será muito acirrada, podendo desencadear uma crise muito séria”, argumenta.

De acordo com Rezler, quem exportava para os Estados Unidos parou com os negócios diante da impossibilidade de fazer frente às tarifas do governo norte-americano. Com base em levantamento feito pelo assessor de economia do Simecs, Igor Moraes, o presidente cita uma queda de R$ 85 milhões em exportações em julho deste ano na comparação com igual mês de 2024. No ano passado, os Estados Unidos representaram 22% das exportações da atividade. Um quadro mais definido do novo cenário só deve ocorrer no encerramento do mês de agosto.

Para mitigarem os prejuízos, as empresas têm avaliado algumas possibilidades, como a venda triangular, envolvendo um terceiro país, para fazer com que as mercadorias cheguem aos Estados Unidos com tarifa um pouco menor. A migração para novos mercados faz parte das estratégias, mas o processo é demorado e complexo. A consolidação de joint-venture com marcas no exterior e a transferência de produção para outros países onde já há unidade ou abertura de uma nova operação também são analisadas. “Na verdade, o que precisamos é diálogo entre os governantes para encontrar uma solução. Reverter o atual cenário é improvável, mas buscar, ao menos, uma situação menos delicada e complexa como a que aí está”, argumenta.

Sobre as medidas anunciadas pelo governo, em especial o valor de R$ 30 bilhões para financiamento, Rezler reforça tese de outros segmentos de que não há clareza sobre os critérios para contratar, quais são as empresas mais afetadas, se haverá ou não carência e quais as taxas de juros. “Diante do cenário atual, um empresário com recurso em caixa pode usar este valor para manter a operação, reduzir o quadro, que é algo que ninguém quer, e aguardar os desdobramentos, sem contrair financiamento, que será uma conta a pagar mais adiante”, observou.

Frisa que esta falta de informações gera insegurança no empresário quando a liberação do recurso fica condicionada à preservação dos empregos. “Como assumir um financiamento e manter o quadro sem a certeza de que continuará vendendo para os Estados Unidos? Deveria ser igual à pandemia, quando o governo bancou parte da remuneração com o mercado acontecendo. Agora, não temos mercado. É uma situação temerária e complexa”, definiu.

O presidente também lembra que o adiamento do pagamento dos tributos nada mais é do que empurrar a obrigação para frente, quando haverá acúmulo de guias em aberto. Além disso, aponta para a morosidade do governo no encaminhamento das medidas.

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