Cessar-fogo no Mar Negro e proteção da infraestrutura energética: o que se sabe sobre os acordos entre Ucrânia e Rússia

O governo russo afirmou que os tratados não entrarão em vigor até que alguns bancos do país sejam reintegrados ao sistema financeiro internacional. Já a Ucrânia disse que os acordos não preveem a suspensão de sanções para começar a valer.

Nesta reportagem você vai entender:

Um dos acordos trata da segurança no Mar Negro, uma região considerada estratégica para a economia ucraniana. É por lá onde o país escoa grande parte de sua produção agrícola.

Desde o início da guerra, a Rússia impôs um bloqueio naval à Ucrânia, o que afetou as exportações ucranianas e contribuiu para o aumento dos preços dos alimentos no mundo.

Nos últimos meses, a Ucrânia conseguiu reforçar a segurança marítima e reabrir seus portos, mas essas instalações continuam sendo alvos constantes de ataques aéreos russos.

Segundo o governo ucraniano, o acordo prevê a suspensão desses bombardeios. No entanto, a Rússia afirma que os ataques só serão interrompidos se houver a reintegração de alguns bancos russos ao sistema financeiro internacional.

Nos últimos três anos, a Rússia tem atacado a rede elétrica da Ucrânia com mísseis e drones. Moscou justifica os bombardeios alegando que a infraestrutura energética ucraniana auxilia a capacidade de defesa do país.

Em resposta, a Ucrânia passou a realizar ataques de longo alcance contra instalações de petróleo e gás na Rússia. Kiev argumenta que essas estruturas fornecem combustível para as tropas russas e financiam a guerra.

O governo russo afirmou que a pausa nos ataques contra instalações energéticas terá duração de 30 dias e já está em vigor desde 18 de março, após uma conversa entre Putin e Trump.

A Ucrânia, no entanto, declarou que só aceitaria a suspensão dos ataques após um acordo formal.

Tanto Ucrânia quanto Rússia disseram que confiarão nos Estados Unidos para garantir a execução dos acordos, mas demonstraram desconfiança em relação ao outro.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou que Moscou precisa de "garantias claras" e que só aceitará os termos do acordo caso haja um compromisso dos EUA para que a Ucrânia cumpra o combinado.

O presidente ucraniano, por sua vez, disse que os acordos entram em vigor imediatamente. Zelensky afirmou que, se a Rússia não respeitar os termos, pedirá que Trump coloque mais sanções contra Moscou e forneça mais armas a Kiev.

Zelensky também acusou o governo russo de tentar distorcer os termos do acordo e enganar os mediadores internacionais.

Trump tem pressionado Rússia e Ucrânia a negociarem um cessar-fogo. Especialistas, no entanto, afirmam que o presidente americano tem adotado parte da narrativa russa sobre o conflito, inclusive culpando os ucranianos pela guerra.

Diante da aproximação entre Rússia e EUA, a Ucrânia e países da Europa temem que Trump possa negociar um acordo que favoreça Putin e comprometa a segurança da região.