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Com negócios em expansão, fundador da Be8 não descarta abrir capital no futuro

A Be8, antiga BSBios, empresa do ramo de biocombustíveis fundada em Passo Fundo, na Região Norte do RS, tem expandido sua atuação. Além do biodiesel, fontes de energia já são patenteadas e até mesmo combustível SAF para aviões está no escopo da empresa. Paralelamente, uma planta de produção de etanol e glúten vital está em construção em Passo Fundo e deverá ser inaugurada no final de 2026 com investimento bilionário.

O presidente e fundador da Be8, Erasmo Carlos Battistella, não para por aí. Através de sua Holding ECB  iniciou novos negócios em outros ramos. Em outubro, foi lançada a construtora Ci8, que já tem um grande empreendimento imobiliário previsto para a principal cidade da Região Norte do Estado. Também através da ECB, Battistella assumirá a concessão dos aeroportos de Passo Fundo e de Santo Ângelo.

Nesse contexto, de ampla expansão das atividades do grupo, o empresário não descarta a possibilidade de abrir o capital de seus negócios para comportar tamanho crescimento, que exige grandes investimentos. Nesta entrevista exclusiva ao Jornal do Comércio, Battistella analisa o quadro societário da empresa. Mas, mais do que isso, atualiza como está o desenvolvimento dos principais projetos da Be8.

Jornal do Comércio — A Be8 está crescendo e ampliando seus mercados. Pensando no quadro societário, pensa em abrir o capital da empresa?

Erasmo Battistella — Esse é um caminho que a gente pode, talvez, seguir no futuro. Nesse momento, infelizmente, o mercado de capitais no Brasil está fechado. Já não temos abertura de novos IPOs (Initial Public Offering) há algum tempo. Então, pode ser que, no futuro, seja um caminho para suportar o crescimento de outros projetos que estamos tocando também.

JC — A nova planta da Be8 para produção de etanol deverá usar o trigo para gerar o combustível. Como avalia a questão da oferta de matéria-prima?

Battistella — Já estamos há três anos trabalhando no desenvolvimento da matéria-prima, incluindo novas variedades com a Embrapa e com a Don Mário, antiga Biotrigo que é daqui de Passo Fundo também, para que tenhamos variedades mais propícias para a produção do etanol e do glúten. No ano que vem, vamos começar a receber o produto, os insumos, a matéria-prima. E precisamos aumentar o trabalho de fomento. Já estamos com parceiros no campo, cooperativas, cerealistas, grandes produtores. E temos como objetivo parte da matéria-prima já vir fomentada direto da indústria e parte comprar no mercado. Acreditamos que tem matéria-prima, sim, mas a gente vai estimular o aumento da produção de matéria-prima.

JC — E como está o mercado de etanol no Brasil?

Battistella — O mercado do etanol cresceu muito com a adição de 30%, em agosto. Então, 2025 é um ano emblemático para a gente, porque, pela primeira vez na história, estamos adicionando 15% de biodiesel no diesel e 30% de etanol na gasolina. Além desse mercado de etanol anidro, temos o de etanol hidratado, que tem crescido a utilização porque tem um preço competitivo. Estados com produção muito grande, como São Paulo e Mato Grosso, têm aumentado o consumo de etanol hidratado que é o que vende puro no posto de combustível. No Rio Grande do Sul, infelizmente, não temos e o Estado passou a ser dependente da importação de etanol a partir de agosto para fazer a mistura na gasolina com o aumento do percentual para 30%.

JC — A previsão é que em 2026 as obras da usina terminem e já inicie a produção?

Battistella — Isso. Estamos trabalhando para que até o final do ano de 2026 as obras estejam prontas. Toda parte da armazenagem, nós pensamos que ela esteja pronta para outubro do ano que vem, para ter o licenciamento e nós podermos receber a nova safra de trigo, que é colhida aqui no Estado em meados de novembro.

JC — O tarifaço dos Estados Unidos impactou nas exportações da Be8?

Battistella — Temos certificação para exportar para os Estados Unidos e a Califórnia (o estado norte-americano exige certificação diferenciada). É difícil competir com aquele mercado em função dos incentivos e, sem sombra de dúvida, com essa tarifa se torna impossível. Mas o nosso foco da exportação é muito para a Europa. Inclusive, em agosto, fizemos uma nova exportação e não sentimos ainda, espero que possamos não sentir os efeitos do tarifaço direto. Claro que indiretamente afeta a economia como um todo, mas, diretamente, ainda não.

JC — Como está o andamento do projeto Ômega Green, para a produção de biocombustíveis no Paraguai, incluindo para aeronaves?

Battistella — Estamos com o projeto pronto, fizemos toda a infraestrutura, mas não começamos a fábrica. É um mercado global de SAF (Combustível Sustentável de Aviação) e tiveram mudanças, principalmente relacionadas à matéria-prima. Por isso, demos uma seguradinha no projeto e agora estamos revendo essa parte da matéria-prima para retomar com força no ano que vem. Priorizamos, por exemplo, a fábrica de etanol em Passo Fundo, em função disso, inclusive.

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