Emilia Pérez é da Neflix? Veja sobre o que é e onde assistir ao filme

Rita Mora Castro (Saldaña) é uma advogada de carreira pouco proeminente contratada para auxiliar na transição de gênero de Juan "Manitas" Del Monte (Gascón), um líder de um cartel do narcotráfico. Ele pretende abandonar sua antiga vida e realizar seu sonho de transicionar de sexo. O procedimento é feito com sucesso; contudo, Emilia Pérez (o nome social de Juan) ainda precisa lidar com problemas familiares mal-resolvidos com sua ex-esposa Jessi (Gomez), que não sabe da transição.

Emilia Pérez ainda conta com Adriana Paz (Meu Amigo Lutcha) no papel de Epífania Flores, Edgar Ramírez (Um Homem da Flóriada) interpretando Gustavo Brun, Mark Ivanir (O Dono de Kingstown) como Dr. Wasserman, Eduardo Aladro (Tony Smith) dando vida à Berlinger, Emiliano Hasan (Culte) sendo Gabriel Mendonza e James Gerard (A Rainha Serpente) no papel de Simon. Clément Ducol (O Pequeno Príncipe) assina a trilha sonora enquanto a cantora francesa Camille Dalmais compôs as canções.

Atualmente a produção possui aprovação da crítica de 76% no Rotten Tomatoes. Já no Metacritic, a nota da imprensa especializada ficou em 71. No consenso do Rotten, o longa é elogiado como um "thriller policial musical fascinante que mistura gêneros e que também é uma história assumidamente trans". No portal IMDb, que calcula a nota do público, Emilia Pérez ficou com nota 6,7.

John Anderson, do Wall Street Journal, saudou a perspectiva de Audiard em transformar Emilia Pérez em um "quase musical" com um forte tom de humor. Em sua visão, "ao transformar o filme em uma parábola sobre o próprio passado ser inevitável, ele o torna profundo". Por outro lado, Soham Gadre, do Chicago Reader, considerou que o trabalho do diretor francês "não é engraçado e nem possui músicas boas".

Apesar dos elogios, o longa acumula controvérsias nas redes sociais mexicanas e brasileiras desde suas primeiras exibições no circuito internacional, em maio do ano passado. No México, o começo da polêmica se deu pela falta de protagonismo mexicano na produção. Do elenco principal, apenas Adriana Paz é natural do país. Karla Sofía Gascón, que interpreta a personagem-título, é espanhola radicada no México desde 2009. Já Édgar Ramírez é venezuelano.

No entanto, as críticas por parte da audiência pesaram para o lado das atrizes Zoë Saldaña e Selena Gomez, que nasceram nos Estados Unidos, mas têm ascendência latina. Zöe por parte dominicana e porto-riquenha, enquanto Selena é filha de um imigrante mexicano com uma mulher de ancestralidade italiana.

O público também não perdoou a falta de fluência na língua espanhola das duas atrizes. Para comprovar esse ponto, usuários compartilharam uma cena de Emilia Pérez onde Jessi, personagem de Selena Gomez, fala um espanhol pouco assimilado com a vertente mexicana. Vale lembrar que a atriz e cantora já gravou canções em espanhol na época em que era estrela do Disney Channel.

Durante uma entrevista ao podcast de cinema Hablando de Cine, em dezembro do ano passado, o ator e cineasta mexicano Eugenio Derbez (Não Aceitamos Devoluções) categorizou a performance de Selena como "indefensável", focando justamente suas críticas no desempenho da cantora em falar espanhol. A atriz se defendeu no X (antigo Twitter), alegando que teve pouco tempo para aprender a falar a língua. "Eu lamento não ter feito melhor com o tempo que me foi dado. Isso não diminui o quanto dediquei do meu empenho e meu coração nesse filme", escreveu a diva pop na rede social.

Outra atitude que alimentou o ódio dos detratores do filme foram as declarações dadas pela diretora de elenco Carla Hool em entrevista para o canal do Sindicato dos Atores Americanos (SAG-AFTRA). Hool, que é estadunidense, afirmou que não foram convocados protagonistas mexicanas para o papel de Emilia Pérez pelo fato de ter sido "difícil" encontrar atrizes trans que representassem bem o papel tanto no México como no restante da América Latina. Zöe e Selena, segundo Hool, conseguiram seus papéis graças a testes.

Em um vídeo resgatado por usuários no X, Jacques Audiard declarou que "não estudou o México o suficiente" antes de criar a história. A fala deu mais combustível para a campanha de ódio movida contra a obra nas redes sociais, pois o filme retrata temas sensíveis para o povo mexicano, como a violência e os desaparecimentos causados pelo domínio dos cartéis de narcotraficantes no país.

Por fim, as críticas ao filme também vieram da comunidade LGBTQ+. Em um texto intitulado "Emilia Pérez não é uma boa representação trans", publicado pela Gay & Lesbian Alliance Against Defamation (GLAAD), a organização estadunidense alegou que o filme francês "recicla os estereótipos, tropos e clichês trans de um passado não tão distante". O artigo também acumula trechos de demais críticos de cinema que apresentam uma visão similar.

O filme só chega no Brasil no dia 6 de fevereiro nos cinemas brasileiros, com distribuição da Paris Filmes. Enquanto isso, ele já está disponível na Netflix da América do Norte e do Reino Unido. A empresa comprou a distribuição dessas duas regiões durante a exibição do longa no Festival de Cannes. Por não ser uma produção original dos estúdios da plataforma, Emilia Pérez pode não chegar no catálogo nacional da empresa após a janela de exibição.

Por isso, após o termino da exibição nos cinemas brasileiros, o longa pode ser adquirido por outra distribuidora e cair ou no streaming ou no aluguel. Exemplo similar aconteceu com os filmes Segredos de um Escândalo (2023) e Assassino por Acaso (2023), que têm distribuição internacional da Netflix em regiões delimitadas e que no Brasil estão disponíveis no Amazon Prime Video. Por ora, não há uma previsão de quando chega em nenhuma dessas plataformas.

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