Um grupo de trabalho permanente será criado para articular medidas emergenciais e estruturantes de enfrentamento à crise no campo gaúcho. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (23), em reunião realizada na Federação dos Trabalhadores na Agricultura no RS (Fetag-RS), que reuniu lideranças das principais entidades do agro, do cooperativismo e representantes dos Executivos e Parlamentos federal e estadual.
O próximo encontro já tem data marcada: quinta-feira (30), às 14h, na sede da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). O grupo deverá consolidar propostas a serem apresentadas às instâncias federais e estaduais. O objetivo é definir medidas imediatas de socorro aos produtores e construir uma política de crédito, seguro e comercialização capaz de sustentar o setor no longo prazo.
O tom do encontro foi de urgência — talvez um dos últimos sinais de alerta antes do desastre. Segundo o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, a crise rural no Rio Grande do Sul é estrutural e sistêmica, e suas consequências já atingem toda a economia estadual.
“As respostas precisam ser coordenadas: dos produtores, dos governos federal e estadual, dos parlamentos e também do mercado, que precisa compreender a importância de manter vivas as cadeias produtivas”, afirmou o dirigente.
O consenso no encontro foi de que a crise é profunda, e o tempo para agir está se esgotando.
O diretor jurídico da Federarroz, Anderson Belloli, descreveu o cenário como “assustador”. Ele alertou que o nível de endividamento rural é inédito e que as dificuldades de acesso aos recursos da Medida Provisória 1.314/2025 agravam o quadro.
“O tornado ainda está apenas se aproximando, sacudindo as folhas das árvores. Se não agirmos, a devastação será grande — e pelo menos 30% dos produtores deixarão a atividade”, advertiu.
O setor leiteiro foi apontado como um dos mais afetados pela crise. Mesmo fora do pico de produção, os preços continuam em queda, refletindo o aumento das importações, o encarecimento dos insumos e a saída de produtores da atividade.
Entre as soluções propostas estão campanhas de incentivo ao consumo de leite e derivados, ações da Conab para regulação de estoques e apoio à diversificação e industrialização da produção familiar.
O endividamento e a escassez de crédito dominaram as discussões. As entidades cobraram do governo federal a inclusão das operações de custeio e investimento da safra 2024/2025 nas medidas de renegociação de dívidas, hoje restritas a contratos anteriores.
Carlos Joel da Silva classificou como insuficiente o orçamento de R$ 12 bilhões anunciado para o setor.
“R$ 12 bilhões não fazem nem cócegas”, afirmou, defendendo o uso de recursos do Fundo Social do pré-sal, estimado em R$ 15 bilhões, para aliviar a pressão sobre os produtores.
A Farsul propôs ajustes legais que permitam maior flexibilidade aos bancos e a criação de um fundo garantidor estadual, com aval solidário, inspirado em modelos como o Fundesa e os fundos do setor fumageiro.
As lideranças criticaram o aumento das importações de leite, arroz e trigo do Mercosul, que têm derrubado preços e ameaçado a competitividade da produção gaúcha. Além de concorrerem com produtos nacionais, as importações chegam ao mercado sem cumprir os mesmos padrões sanitários e de rastreabilidade exigidos no Brasil.
A proposta é que o governo federal revise os acordos comerciais do Mercosul, aproveitando a presidência temporária do bloco, e proíba incentivos fiscais a empresas e redes varejistas que importem produtos lácteos.
Conforme o vice-presidente da Farsul, Domingos Velho Lopes, o ambiente atual é “totalmente desfavorável”, com câmbio instável, barreiras comerciais internacionais e um clima político que dificulta acordos nacionais.
Segundo ele, o o encontro serviu como um ponto de partida para um movimento que precisa acontecer. “Se o agro gaúcho quebrar, outros estados ocuparão o espaço produtivo. Não vai faltar alimento, mas faltará dinheiro circulando nas cadeias econômicas de todo o Rio Grande do Sul”, concluiu.
Após o encontro, o deputado estadual Elton Weber (PSB) solicitou a realização de uma audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembleia Legislativa para debater com urgência a queda nos preços dos produtos agrícolas e seus impactos diretos na renda das famílias do campo.
“O setor agropecuário precisa de respostas rápidas e eficazes. Não podemos cruzar os braços diante da dificuldade que milhares de produtores enfrentam para cobrir os custos de produção”, afirmou o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária Gaúcha.

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