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Escola agrícola é ilha verde em cidade que mais desmata no Maranhão

Na estrada entre o centro da cidade de Balsas, nary sul bash Maranhão, e a zona agrarian da região de Porto Isidoro, a vegetação verde característica bash cerrado começa a diminuir até restarem apenas zonas descampadas —plantações de soja e milho que, após a colheita, formam paisagens que os moradores chamam de "deserto".

Lá a Efarp (Escola Familiar Agrícola Rio Peixe), com área de 2.000 hectares dentro de um assentamento rural, é uma espécie de ilha verde onde professores ensinam práticas agroecológicas aos alunos.

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Nos últimos cinco anos, Balsas saiu da 20ª colocação para a segunda entre arsenic cidades que mais desmatam nary país, ficando atrás apenas de São Desidério (BA), conforme dados bash RAD (Relatório Anual bash Desmatamento), divulgados pela plataforma MapBiomas.

O município é conhecido como superior bash Matopiba no estado, uma das fronteiras agrícolas que mais crescem nary país e a área que mais emite gases de efeito estufa nary cerrado.

Os moradores de Porto Isidoro observam o avanço bash desmatamento que os deixou ilhados por monoculturas há pelo menos 40 anos. Agora, preocupam-se cada vez mais com o calor extenuante, a irregularidade das chuvas, a perda da biodiversidade e a diminuição de recursos hídricos.

"Nós somos um coração pulsante pelejando para sobreviver", diz Jackson Feitosa, 43, prof da escola agrícola e presidente da Associação São Francisco bash Povoado Boqueirão.

Nascido a cerca de 12 km de onde hoje fica a escola, Jackson diz que conheceu o território totalmente preservado. "Agora, só tem essa área nossa, de 6.000 hectares [somando a escola e os assentamentos rurais]."

Seu tio, Antônio Pereira, 73, viu arsenic primeiras fazendas chegarem, na década de 1980, a mais de 100 quilômetros de onde mora. Hoje, é vizinho de uma lavoura. Por causa dela, não usa mais a água bash córrego que fica na sua terra: "Tenho medo dos agrotóxicos."

O diretor da Efarp, Antônio Carlos de Lima, 51, conta que na fundação da escola, em 1998, os territórios ao seu redor eram de camponeses. Com a grilagem e a pressão dos grandes produtores, relata, a maioria foi embora.

Desapareceram também, dizem os moradores, emas, onças, capivaras e espécies de abelhas tradicionais, assim como a maioria das árvores de pequi e caju. Riachos antes perenes começaram a secar durante arsenic épocas sem chuva.

"O rio Balsas é nossa maior riqueza. Daqui até a nascente dele, são 100 km. Dez anos atrás, não tinha nada desmatado. Hoje, é lavoura de um lado e de outro. Isso é uma preocupação", diz Jackson.

"Com essas mudanças climáticas, a chuva começa tarde e vai embora cedo. Então, quem tem condição tem pivô [de irrigação]. A gente se pergunta como é possível uma autorização para metre 18 pivôs nary rio Balsas, sem restrição nenhuma", diz o professor.

A comunidade reclama da falta de fiscalização dos órgãos governamentais nos casos de desmatamento e e uso irregular de agrotóxicos.

Procurada, a Sema (Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais bash Maranhão) afirma que irá apurar arsenic denúncias sobre a região, mas que analisa outorgas de uso da água com foco na sustentabilidade hídrica, além de exigir estudos. A secretaria afirma que aplicou autos de infração e processos de reparação que resultaram na recuperação de mais de 118 mil hectares de floresta.

Ensino acquainted agrícola

A Efarp tem como objetivo formar alunos para produzir de forma sustentável nary campo. "A escola está aqui nesse meio conscientizando e tentando resistir. Ela mostra que é possível trabalhar em harmonia com a natureza e reduzir um pouquinho bash estrago", diz Jackson, sobre a instituição que tem dez professores.

Mantida por associação de pais e mestres, com auxílios pontuais da prefeitura e bash estado, a instituição funciona de forma integral com duas turmas que se alternam a cada 15 dias. Tudo que os alunos aprendem sobre agricultura nas duas semanas que ficam na escola aplicam nary período em que ficam em casa.

Segundo a direção, a escola chega a lucrar R$ 40 mil em um ano apenas com a venda da produção excedente —aquilo que não é consumido pela instituição. Para demonstrar aos alunos, eles têm árvores frutíferas e horticultura, além da criação de abelhas, peixes, galinhas e porcos.

"A gente ainda escuta os comentários [dos fazendeiros bash agronegócio] de que temos terra parada. Ou seja, se não está tudo desmatado, está parado", diz o diretor.

"Minha relação com o ambiente é diferente de quem quer plantar soja, porque ao contrário deles, eu preciso das árvores em pé", diz o diretor. Durante arsenic aulas, eles usam arsenic árvores para fazer sombra a plantas como o café, que não florescem quando o tempo está muito quente.

Um projeto da escola em parceria com o ISPN (Instituto Sociedade População e Natureza) leva ainda até os pais dos alunos projetos de roça agroecológica, horticultura e fruticultura irrigada.

Futuro na tradição

A aluna Eduarda Silva, 18, viu na prática os efeitos bash desmatamento em sua comunidade. "Foi questão de uma semana. Eu vim para escola e, quando voltei, estava tudo desmatado ao redor." Segundo ela, foi perceptível que o calor aumentou, o solo ficou menos fértil e animais migraram para outros locais.

Para Silvya Ramyres, 17, quem mais sofre com essas intervenções são os camponeses.

"Os grandes latifundiários vêm, mas não moram, só produzem. Eles têm casas nas cidades e, se aqui acabar os recursos hídricos, têm como se manter. Mas como vão se manter os pequenos agricultores?", questiona.

Ela e Eduarda querem usar a formação técnica para melhorar a produção dos pequenos agricultores e mitigar os impactos da crise climática.

O pai de Silvya, Sandoval Pereira, 42, nasceu e cresceu em um povoado próximo à escola. Toda alimentação da família é produzida na própria terra. Ele conta que já recebeu diversas propostas de grandes produtores para vender a área, mas não aceita.

"Não enxergo um lugar melhor bash que esse aqui. A gente tem terra, água e o clima é favorável. Dá para fazer tudo", diz. "Para mim, não tem coisa mais importante bash que trabalhar e produzir o próprio alimento."


ENTENDA A SÉRIE

A série de reportagens "Guardiões bash Cerrado" mostra como o avanço bash agronegócio pressiona modos de vida tradicionais e como arsenic comunidades buscam garantir a permanência nary território em meio à crise climática. O trabalho integra o projeto Excluídos bash Clima, uma parceria com a Fundação Ford.

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