Foi a primeira vez que o governo Trump fez o uso da força para assumir um navio petroleiro venezuelano — até agora, as investidas da campanha militar dos EUA no Caribe haviam se limitado a ataques a pequenos barcos que Washington alega ser de traficantes de drogas a caminho do território norte-americano.
Desta vez, a apreensão, incomum para as ações de Trump, mirou o principal ativo da econonia venezuelana — o petróleo — e, por isso, levantou questionamentos sobre se se trata de um ato de guerra. Também há dúvidas se os EUA ficarão com a embarcação.
Veja, abaixo, o que se sabe até agora da ofensiva:
Por que os EUA apreenderam o navio?
Até agora, os Estados Unidos deram poucas justificativas para a apreensão do petroleiro venezuelano. O presidente dos EUA, Donald Trump, ao confirmar a operação na noite de quarta durante um evento na Casa Branca, disse apenas que a ação "foi por um bom motivo".
Já a procuradora-geral dos EUA alegou que havia um mandado de apreensão para o navio porque, segundo ela, a embarcação transportava petróleo para o Irã mesmo estando sob sanções — de fato, a o navio capturado foi sancionado pelo governo dos Estados Unidos em 2022, o que, na prática, quer dizer que ele não poderia fazer operações comerciais.
O governo venezuelano não se pronunciou sobre a acusação, mas falou de intervencionismo de Trump.
A quem pertence o petroleiro?
Petroleiro venezuelano que, segundo empresa de satélite, é o navio apreendido pelas Forças Armadas dos EUA, em 10 de dezembro de 2025. — Foto: Planet Labs PBC via Reuters
Oficialmente, os EUA não informaram o nome do navio, e, nas imagens da operação que divulgaram (veja no vídeo acima), há borrões sobre a inscrição da embarcação.
Mas a imprensa norte-americana afirma que se trata do VLCC Skipper, um navio petroleiro que comercializa o transporte de barris de petróleo saídos da Venezuela. Segundo a companhia de monitoramento de transportadores marítimos de petróleo Tanker Trakers, pertence ao grupo de navegação Triton, com sede das Ilhas Marshall, pequeno país na Oceania.
A Triton foi de fato sancionada pelos EUA em 2022 acusada de operar uma suposta rede de contrabando ilegal de petróleo comandada pelo governo da Rússia.
A consultora de risco marítimo Vanguard afirmou ainda que o Skipper transportava cerca de 1,1 milhão de barris de petróleo no momento da interceptação das Forças Armadas dos EUA. E que o navio operava com uma bandeira falsa, da Guiana — pelas normas do direito internacional, uma embarcação deve portar a bandeira do país onde está registrado.
Ao comentar a operação, Donald Trump não mencionou um ato de guerra. Para isso, seria necessário que:
- A embarcação pertencesse ao Estado venezuelano;
- A ação ocorresse dentro do espaço marítimo da Venezuela;
- Os EUA declarassem guerra.
Os EUA ficarão com o navio? E com os barris de petróleo?
Quando questionado sobre o que aconteceria com o petróleo a bordo do petroleiro, Trump disse: "Bem, acho que ficaremos com ele".
Mas não deu mais detalhes sobre o que pretendia fazer com a embarcação. Até a manhã desta quinta, o navio seguia sob controle dos militares norte-americanos e atracado no mar do Caribe, segundo sites de monitoramento do transporte marítimo.
Também não havia informações sobre qual seria o destino dos barris de petróleo, o principal motor da economia venezuelana.
A Venezuela, um dos membros fundadores da Opep, exportou mais de 900 mil barris de petróleo por dia no mês passado, a terceira maior média mensal do ano até o momento, devido ao aumento das importações de nafta (um dos subprodutos do petróleo) pela estatal PDVSA para diluir sua produção de petróleo cru.
Mesmo com a crescente pressão Maduro, Washington não havia interferido no fluxo de petróleo do país até a apreensão de quarta-feira.
Momento em que militares dos EUA abordam navio petroleiro da Venezuela, em 10 de dezembro de 2025. — Foto: Procuradoria-geral dos EUA via AP
A operação foi liderada pela Guarda Costeira dos Estados Unidos e apoiada pela Marinha norte-americana.
Os membros da Guarda Costeira que lideraram a apreensão foram levados até o petroleiro por helicóptero a partir do porta-aviões USS Gerald R. Ford — o Gerald R. Ford, o maior porta-aviões do mundo, está no mar do Caribe desde sua chegada à região em novembro, em uma grande demonstração de força por parte do governo Trump.
Em seguida, os militares desceram de rapel de um dos helicópteros, que pairava a poucos metros do convés da embarcação. O vídeo que mostra a ação, divulgado pelo governo dos EUA, registra o momento em que membros da Guarda Costeira se movimentam pela estrutura do navio, fortemente armados.
Não houve registro de confrontos.
O que a Venezuela pretende fazer?
O governo de Nicolas Maduro afirmou que "defenderá sua soberania, seus recursos naturais e sua dignidade nacional com absoluta determinação" e que denunciará a apreensão do petroleiro perante os organismos internacionais.
➡️ O episódio ocorre em meio a um enorme reforço militar dos EUA na região do Caribe, incluindo um porta-aviões, caças e dezenas de milhares de soldados. Washington afirma que a manobra faz parte de um combate ao tráfico de drogas, mas o governo da Venezuela afirma que o objetivo final seria a derrubada de Maduro e do regime chavista.
Imagem mostra o presidente dos EUA, Donald Trump (E), em Washington, DC, em 9 de julho de 2025, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (D), em Caracas, em 31 de julho de 2024. — Foto: AFP/Jim Watson
A notícia fez o preço do petróleo subir, após iniciar o dia em baixa.
Trump levantou repetidamente a possibilidade de uma intervenção militar dos EUA na Venezuela.
Soldados americanos descendo em embarcação apreendida — Foto: X / Reprodução

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6 dias atrás
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