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Feira do Empreendedor RS 2025 destaca força das ideias que transformam

A Feira do Empreendedor voltou ao Rio Grande do Sul após 11 anos e confirmou, nos dois dias de programação, o papel do empreendedorismo como força de reconstrução e transformação coletiva. Realizado na sexta e no sábado (3 e 4 de outubro), no Instituto Caldeira, em Porto Alegre, o evento promovido pelo Sebrae RS reuniu milhares de visitantes em busca de soluções práticas, conexões estratégicas e inspiração para desenvolver ideias, negócios e projetos de impacto social.

Mais do que uma exposição de produtos e serviços, a feira se consolidou como um grande espaço de aprendizagem e troca de experiências. Foram dezenas de palestras, painéis e oficinas que abordaram desde o início da jornada empreendedora até temas como inovação, sustentabilidade, inclusão e futuro dos negócios. O público que circulou pelo Caldeira foi diverso — micro e pequenos empresários, estudantes, gestores públicos e curiosos —, mas compartilhou o mesmo sentimento: o de encontrar caminhos concretos para empreender com propósito.

O evento foi estruturado em três eixos temáticos — Despertar, Teu Próximo Passo e Caminhos Conscientes —, desenhados para oferecer uma jornada personalizada conforme o momento de cada visitante. O primeiro eixo buscou inspirar quem ainda está em fase de ideação; o segundo, apoiar empreendedores que desejam crescer e inovar; e o terceiro destacou iniciativas ligadas à sustentabilidade, responsabilidade social e novos modelos de negócio.

Segundo o gerente de Competitividade Setorial do Sebrae RS, Augusto Martinenco, a decisão de retomar a feira depois de mais de uma década está diretamente ligada ao contexto vivido pelo Estado após as enchentes de 2024.

O Rio Grande do Sul atravessou um dos períodos mais desafiadores de sua história recente. A tragédia climática provocou perdas profundas, mas também despertou um sentimento coletivo de reconstrução. A feira nasce nesse ambiente, como símbolo de resiliência e de confiança no potencial empreendedor dos gaúchos”, destacou.

Martinenco observou que o Sebrae percebeu, ao longo dos últimos anos, uma demanda crescente por espaços de troca presencial e fortalecimento de redes, especialmente após o isolamento da pandemia e as dificuldades econômicas recentes. O Instituto Caldeira, parceiro estratégico na retomada do evento, foi escolhido justamente por representar esse ambiente de inovação, conexão e colaboração que o Sebrae quer incentivar em todo o Estado.

Nos dois dias de atividades, o público lotou auditórios e circulou pelos diferentes espaços temáticos. O ambiente vibrante reuniu empreendedores em busca de capacitação e investidores interessados em conhecer novos negócios, além de jovens de escolas públicas convidados a participar de experiências práticas de educação empreendedora. Martinenco destaca que a presença dos jovens foi um dos pontos altos da edição: “Queremos formar uma nova geração de empreendedores conscientes, que olhem para o impacto de seus negócios na sociedade e no meio ambiente.

Entre os palestrantes deste sábado, um dos momentos mais marcantes foi o relato de Tiago da Silva, conhecido como Mochileiro pela Educação. Na palestra Negócios Sociais: Impacto e sustentabilidade caminham juntos, ele contou como transformou a própria história em um projeto de alcance nacional. Natural de Alagoas, Tiago teve a vida modificada pela literatura, especialmente após ler Os Miseráveis, de Victor Hugo. A partir dessa experiência pessoal, decidiu criar um movimento que une incentivo à leitura e empreendedorismo social, levando livros e esperança a escolas públicas de todo o País.

Desde 2013, o projeto Mochileiro pela Educação já percorreu 101 cidades em 17 estados brasileiros e distribuiu cerca de 18 mil livros gratuitamente, com foco em escolas sem biblioteca ou com baixo desempenho em língua portuguesa. As ações incluem palestras, oficinas e rodas de conversa, sempre voltadas à valorização do sonho, da educação e da leitura como instrumentos de transformação social.

O modelo de atuação combina propósito e sustentabilidade: as ações sociais são gratuitas, mas o projeto se mantém por meio de palestras remuneradas, parcerias e campanhas de financiamento coletivo. Tiago explica que, ao longo da jornada, aprendeu a equilibrar idealismo e gestão, transformando uma causa pessoal em um empreendimento de impacto.

Empreender é acreditar que é possível mudar o mundo a partir da própria história. Meu maior sonho é que o projeto deixe de existir, porque isso significaria que todas as crianças já têm acesso à leitura”, resumiu.

A história de Tiago sintetiza o espírito do eixo Caminhos Conscientes e reforça a visão do Sebrae de que o empreendedorismo contemporâneo vai além do lucro. Ele pode — e deve — ser um agente de mudança social, capaz de gerar desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, melhorar a vida das pessoas. Ao lado de dezenas de outros palestrantes, Tiago deu o tom humano de um evento que, mais do que celebrar o ato de empreender, buscou mostrar como ideias e propósitos podem reconstruir trajetórias e comunidades.

Ao final dos dois dias, a Feira do Empreendedor RS 2025 consolidou-se como uma plataforma de conexão e inspiração. Para o Sebrae RS, a retomada do evento é também o ponto de partida de um novo ciclo, em que o empreendedorismo gaúcho se projeta como vetor de inclusão, sustentabilidade e inovação. Em meio a um cenário ainda marcado pelos desafios da reconstrução pós-enchente, o encontro no Instituto Caldeira mostrou que empreender, no Rio Grande do Sul, é também um ato de esperança.

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