A Feira do Empreendedor voltou ao Rio Grande do Sul após 11 anos e confirmou, nos dois dias de programação, o papel do empreendedorismo como força de reconstrução e transformação coletiva. Realizado na sexta e no sábado (3 e 4 de outubro), no Instituto Caldeira, em Porto Alegre, o evento promovido pelo Sebrae RS reuniu milhares de visitantes em busca de soluções práticas, conexões estratégicas e inspiração para desenvolver ideias, negócios e projetos de impacto social.
Mais do que uma exposição de produtos e serviços, a feira se consolidou como um grande espaço de aprendizagem e troca de experiências. Foram dezenas de palestras, painéis e oficinas que abordaram desde o início da jornada empreendedora até temas como inovação, sustentabilidade, inclusão e futuro dos negócios. O público que circulou pelo Caldeira foi diverso — micro e pequenos empresários, estudantes, gestores públicos e curiosos —, mas compartilhou o mesmo sentimento: o de encontrar caminhos concretos para empreender com propósito.
O evento foi estruturado em três eixos temáticos — Despertar, Teu Próximo Passo e Caminhos Conscientes —, desenhados para oferecer uma jornada personalizada conforme o momento de cada visitante. O primeiro eixo buscou inspirar quem ainda está em fase de ideação; o segundo, apoiar empreendedores que desejam crescer e inovar; e o terceiro destacou iniciativas ligadas à sustentabilidade, responsabilidade social e novos modelos de negócio.
Segundo o gerente de Competitividade Setorial do Sebrae RS, Augusto Martinenco, a decisão de retomar a feira depois de mais de uma década está diretamente ligada ao contexto vivido pelo Estado após as enchentes de 2024.
“O Rio Grande do Sul atravessou um dos períodos mais desafiadores de sua história recente. A tragédia climática provocou perdas profundas, mas também despertou um sentimento coletivo de reconstrução. A feira nasce nesse ambiente, como símbolo de resiliência e de confiança no potencial empreendedor dos gaúchos”, destacou.
Martinenco observou que o Sebrae percebeu, ao longo dos últimos anos, uma demanda crescente por espaços de troca presencial e fortalecimento de redes, especialmente após o isolamento da pandemia e as dificuldades econômicas recentes. O Instituto Caldeira, parceiro estratégico na retomada do evento, foi escolhido justamente por representar esse ambiente de inovação, conexão e colaboração que o Sebrae quer incentivar em todo o Estado.
Nos dois dias de atividades, o público lotou auditórios e circulou pelos diferentes espaços temáticos. O ambiente vibrante reuniu empreendedores em busca de capacitação e investidores interessados em conhecer novos negócios, além de jovens de escolas públicas convidados a participar de experiências práticas de educação empreendedora. Martinenco destaca que a presença dos jovens foi um dos pontos altos da edição: “Queremos formar uma nova geração de empreendedores conscientes, que olhem para o impacto de seus negócios na sociedade e no meio ambiente.”
Entre os palestrantes deste sábado, um dos momentos mais marcantes foi o relato de Tiago da Silva, conhecido como Mochileiro pela Educação. Na palestra Negócios Sociais: Impacto e sustentabilidade caminham juntos, ele contou como transformou a própria história em um projeto de alcance nacional. Natural de Alagoas, Tiago teve a vida modificada pela literatura, especialmente após ler Os Miseráveis, de Victor Hugo. A partir dessa experiência pessoal, decidiu criar um movimento que une incentivo à leitura e empreendedorismo social, levando livros e esperança a escolas públicas de todo o País.
Desde 2013, o projeto Mochileiro pela Educação já percorreu 101 cidades em 17 estados brasileiros e distribuiu cerca de 18 mil livros gratuitamente, com foco em escolas sem biblioteca ou com baixo desempenho em língua portuguesa. As ações incluem palestras, oficinas e rodas de conversa, sempre voltadas à valorização do sonho, da educação e da leitura como instrumentos de transformação social.
O modelo de atuação combina propósito e sustentabilidade: as ações sociais são gratuitas, mas o projeto se mantém por meio de palestras remuneradas, parcerias e campanhas de financiamento coletivo. Tiago explica que, ao longo da jornada, aprendeu a equilibrar idealismo e gestão, transformando uma causa pessoal em um empreendimento de impacto.
“Empreender é acreditar que é possível mudar o mundo a partir da própria história. Meu maior sonho é que o projeto deixe de existir, porque isso significaria que todas as crianças já têm acesso à leitura”, resumiu.
A história de Tiago sintetiza o espírito do eixo Caminhos Conscientes e reforça a visão do Sebrae de que o empreendedorismo contemporâneo vai além do lucro. Ele pode — e deve — ser um agente de mudança social, capaz de gerar desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, melhorar a vida das pessoas. Ao lado de dezenas de outros palestrantes, Tiago deu o tom humano de um evento que, mais do que celebrar o ato de empreender, buscou mostrar como ideias e propósitos podem reconstruir trajetórias e comunidades.
Ao final dos dois dias, a Feira do Empreendedor RS 2025 consolidou-se como uma plataforma de conexão e inspiração. Para o Sebrae RS, a retomada do evento é também o ponto de partida de um novo ciclo, em que o empreendedorismo gaúcho se projeta como vetor de inclusão, sustentabilidade e inovação. Em meio a um cenário ainda marcado pelos desafios da reconstrução pós-enchente, o encontro no Instituto Caldeira mostrou que empreender, no Rio Grande do Sul, é também um ato de esperança.

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