Gemini 3 chega com a promessa de pensar e agir sozinho — nós testamos

Para saber se realmente o Gemini 3 é capaz de pensar e agir sozinho, o TechTudo testou o chatbot do Google. Abaixo, veja os testes aplicados.

O Gemini 3 introduziu um modo de pensamento mais profundo (similar ao modelo o1 da OpenAI), chamado "Raciocínio". O objetivo é fazer com que o modelo reflita e elabore um planejamento antes de responder. Na prática, isso significa que ele consegue lidar melhor com perguntas complexas, oferecendo respostas mais claras e bem estruturadas, como se desse um passo atrás para organizar as ideias antes de falar.

Para avaliar se o Gemini 3 realmente “raciocina mais”, o TechTudo submeteu a IA a um problema de lógica. O objetivo era observar se o chatbot ativaria o modo “Pensando” e se conseguiria resolver a questão sem apresentar alucinações nos passos intermediários. Ao propor o desafio, o Gemini respondeu prontamente, como mostra o print acima. A solução foi correta e sem sinais de alucinação. Na sequência, aplicamos uma variação do teste para analisar o comportamento do sistema. Novamente, a inteligência artificial utilizou a mesma linha de raciocínio da questão original e apresentou o resultado de forma consistente, também sem alucinações.

O Google prometeu que o Gemini 3 é melhor em "Vibe Coding", que permite à IA compreender a intenção por trás de um código mesmo sem instruções detalhadas, e a capacidade agêntica, ou seja, agir de forma mais autônoma para executar tarefas em nome do usuário. Na prática, isso significa que o modelo consegue interpretar comandos de programação de maneira mais flexível e também atuar como um assistente que toma iniciativas, conectando etapas e resolvendo problemas sem depender de especificações rígidas.

No teste realizado pelo TechTudo, pedimos que o Gemini 3 criasse o clássico jogo da cobrinha com elementos bem definidos e uma estética neon inspirada em Cyberpunk 2077. O chatbot entregou o código completo em HTML5, CSS e JavaScript, que funcionou de primeira, como mostra o print acima. A IA incorporou todos os detalhes solicitados no prompt, incluindo a estética Cyberpunk e os demais elementos do game.

O Gemini 3 promete analisar vídeo e áudio nativamente com muito mais precisão. Para verificar se realmente cumpre o que promete, o TechTudo aplicou à IA o teste chamado “Agulha no Palheiro”. Esse teste consiste em avaliar se o modelo é capaz de encontrar um detalhe extremamente específico em um conteúdo audiovisual longo, como identificar o segundo exato em que uma fala ocorre ou localizar um objeto em meio a uma cena complexa. O Gemini suporta o upload de conteúdos com até 5 minutos de duração. A partir desse vídeo, solicitamos ao chatbot que identificasse o instante exato de uma determinada fala do diálogo. O resultado foi preciso, com o timecode correto, e a inteligência artificial ainda se propôs a transcrever todo o diálogo.

Há relatos mistos sobre a capacidade do Gemini 3 de realizar grounding, ou seja, apoiar suas respostas em informações verificáveis da web. Em alguns casos, o modelo parece limitado a trechos (“snippets”) extraídos diretamente da busca do Google, enquanto em outros demonstra conseguir interpretar páginas completas. Esse comportamento gera dúvidas sobre até que ponto o Gemini 3 consegue evitar alucinações ao citar fontes externas, já que a profundidade da leitura varia conforme o contexto e o tipo de consulta.

Para verificar até onde o Gemini 3 consegue ir na consulta a documentos ou sites, pedimos que a inteligência artificial buscasse informações atualizadas sobre o software Blender e listasse três mudanças técnicas relacionadas à renderização. O chatbot realizou uma pesquisa aprofundada e trouxe exatamente as informações solicitadas, apoiando-se apenas na fonte oficial do serviço. Observamos ainda que a IA delimitou sua busca entre os dias 19 e 23 de novembro e acessou o site oficial também no dia 23.

Embora o Gemini seja capaz de ler documentos extensos, o modelo de IA costuma falhar quando precisa cruzar informações do início e do fim do texto para gerar uma resposta. Para verificar se o Gemini 3 foi aprimorado nesse aspecto, o TechTudo realizou o seguinte teste. Anexamos ao chatbot o Regulamento Geral de Competições da CBF para o Campeonato Brasileiro 2025 e digitamos: "Com base neste documento, se um clube escalar um jogador sem estar inscrito no BID (Capítulo 8), quais sanções se aplicam segundo o Capítulo 9? Cruze as informações e me dê uma resposta definitiva". A partir dos cruzamentos e dados, a IA do Google correlacionou corretamente o tema proposto.

Outra novidade do Gemini 3 é a capacidade do Nano Banana — como é chamado o gerador de imagens da IA — de inserir textos diretamente nas imagens de forma clara e bem escrita, sem erros grosseiros de ortografia e sem distorções visuais para acomodar o conteúdo. Para testar esse recurso, sugerimos o comando “Gere uma imagem realista de uma cafeteria em Tóquio. Na vitrine, deve haver um sinal de neon escrito exatamente: ‘GEMINI 3 LIVE’. O reflexo do neon deve aparecer corretamente na poça d’água na calçada". Mostrado na imagem acima, o resultado não deixa dúvidas: a IA entregou exatamente o que foi solicitado.

O que realmente define se o Gemini 3 é bom não está apenas na capacidade de processar grandes volumes de informação, mas na precisão com que entrega resultados em diferentes cenários. Sendo bom, ele deve ser capaz de resolver código logo na primeira tentativa, sem depender de correções ou ajustes posteriores, além de mostrar eficiência técnica e domínio das instruções recebidas.

Também precisa demonstrar atenção ao detalhe em multimodalidade, como encontrar o segundo exato em um vídeo quando solicitado, sem se perder em aproximações ou respostas vagas. Por fim, a qualidade também comprova na análise de documentos extensos. Um modelo robusto não inventa regras que não existem, mas cruza corretamente informações de capítulos distintos e explica o de forma fiel ao texto original.

A partir desse entendimento e dos testes realizados pelo TechTudo, podemos afirmar que o Gemini 3 é bom e consegue apresentar os resultados esperados em todos os cenários.

Com informações de Blog do Google (1 e 2)

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